Comissão da Câmara aprova perda de mandato de Carla Zambelli com ajuda do centrão
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (10), a perda de mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP), que está presa na Itália, onde aguarda uma decisão sobre a extradição ao Brasil.
O placar foi de 32 votos contra a manutenção do mandato e 27 a favor. O caso ainda deve ser analisado nesta quarta pelo plenário, que tem a última palavra -são necessários 257 votos para que a perda de mandato seja confirmada.
O PL indicou voto a favor de Zambelli. Já o PT, PSOL, PSB, PP, União Brasil e Solidariedade se posicionaram contra.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou nesta terça (9), para surpresa dos líderes partidários, que pautaria o caso de Zambelli no plenário no dia seguinte.
Ele também decidiu que, até o recesso na próxima semana, a Casa vai decidir a respeito das cassações de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Alaxandre Ramagem (PL-RJ) e Glauber Braga (PSOL-RJ).
O relator do caso, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), divulgou seu parecer, na semana passada, a favor de Zambelli, mas um pedido de vista (mais tempo para análise) de deputados adiou a votação para esta semana.
No âmbito da CCJ, o União Brasil passou a trabalhar pela cassação de Zambelli, substituindo cinco membros favoráveis à deputada por nomes contrários nos últimos dias.
A deputada participou de forma remota, e seu filho estava presente na comissão. "A justiça que eu peço hoje é a justiça para que o Parlamento continue sendo honrado. [...] Eu fui a primeira pessoa que levantou a voz contra a ditadura do Supremo Tribunal Federal", disse.
A análise na CCJ envolve a condenação de Zambelli, em maio, à perda de mandato e a dez anos de prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por invadir o sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) com ajuda do hacker Walter Delgatti Neto, que também foi condenado.
"A deputada Carla Zambelli foi condenada sem provas", disse Garcia, de maneira exaltada. De acordo com o relator, o único embasamento do STF é o depoimento de Delgatti Neto, que foi considerado mentiroso compulsivo pela Polícia Federal.
"Nós estamos abrindo um precedente gigantesco contra essa Casa de outras ações que poderão ocorrer no STF seguindo essa mesma cartilha, [...] mantendo em sigilo as provas, não permitindo acesso a ninguém", afirmou o deputado.
Em outras ocasiões, Garcia disse que o processo não garantiu ampla defesa e que havia sinais de perseguição política por parte do STF.
O relator disse estar "colocando a sua vida na assinatura do relatório" e se dirigiu aos colegas tentando convencê-los. "Hoje é a Carla Zambelli, amanhã pode ser Vossa Excelência. [...] É necessário darmos um basta", disse.
O advogado de defesa de Zambelli, Fabio Pagnozzi, participou da sessão e disse que a fala do relator contemplou boa parte do que ele diria. Ele admitiu, porém, que a deputada não deve voltar da Itália tão cedo e, portanto, não terá condições de exercer o mandato.
"Ela espera não ser cassada para poder abrir mão do seu mandato com dignidade", disse o advogado.
Nesta quarta, Garcia apresentou um novo relatório à CCJ, mas não cabem novos pedidos de vista nesse caso. O relator manteve a opinião a favor de Zambelli e enfatizou pontos que haviam sido contestados por deputados do PT e do PSOL.
Ele responde ao argumento de Pereira Jr. de que Zambelli não poderia manter o mandato por ter sido condenada a uma pena de dez anos, o que implica necessariamente na perda de seus direitos políticos.
Segundo o relator, no entanto, cabe à Câmara a última palavra "para proteger e dar a garantia de que, tornando-se público e evidente a perseguição política, tenha essa Casa a prerrogativa final de decidir".
"Se a lógica for que o plenário da Câmara suspende decisão judicial criminal, aí o crime organizado vai invadir ainda mais a Câmara e o Senado. O precendente é perigosíssimo, não contra os parlamentares, mas contra a Constituição Federal", rebateu Pereira Jr.
Outro argumento é o do líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), que pediu ao STF a suspensão do rito na CCJ. No entendimento do petista, a condenação à perda de mandato pela corte deveria ter sido acatada de imediato pela Câmara, o que Motta não fez.
"O rito adotado foi com base na Constituição e no regimento interno. Motta acertou ao enviar o caso à CCJ", rebateu Garcia.
Motta havia dito inicialmente que a Mesa da Câmara homologaria a ordem do STF imediatamente, mas recuou após pressão do PL e mandou o caso para a CCJ em junho. Desde então, a comissão ouviu depoimentos de testemunhas indicadas pela defesa de Zambelli e da própria deputada, que participou de forma remota.
Ela fugiu do país, passando pela Argentina e Estados Unidos antes de desembarcar na Itália. Depois de cerca de dois meses foragida, Zambelli foi presa na Itália no fim de julho.
Segundo a acusação, Delgatti emitiu uma ordem de prisão falsa contra Alexandre de Moraes e disse ter feito isso a pedido da deputada. Zambelli diz que não ajudou a redigir o documento falso e que soube da invasão do CNJ pelo hacker somente depois dos fatos, ao receber dele os arquivos fraudados.
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