Uma mulher em tratamento contra um câncer no fígado foi brutalmente agredida pelo marido com um pedaço de madeira dentro de casa, no Recife. Falando pela primeira vez após o ataque, Luísa Barros disse que gritou “com toda a força que tinha na alma” para conseguir sobreviver e estar viva para contar a história.

O agressor é ex-secretário de uma cidade pernambucana, além de sargento reformado da PM. Ele está preso preventivamente.

Luísa foi socorrida após seus gritos serem ouvidos por um vizinho do andar de cima. A mulher foi encontrada pelo vizinho ensanguentada no chão, enquanto o marido tentava justificar as lesões dizendo que ela teria batido a cabeça.

Mesmo gravemente ferida, Luísa conseguiu apontar o agressor e pedir ajuda. Segundo o vizinho, o olhar e as mãos estendidas da vítima foram decisivos para que ele a retirasse do local e a levasse até o socorro.

As agressões aconteceram após 22 anos de convivência. De acordo com o relato, o ataque começou quando Luísa se abaixou para pegar uma caixa de remédios que havia caído embaixo da geladeira. Ela contou que levou vários golpes seguidos e caiu de costas no chão, sem entender o que estava acontecendo.

Em depoimento, a vítima disse que chegou a pedir ajuda ao próprio agressor, mas percebeu que ele segurava um objeto de madeira e continuava a bater.

“Eu gritei com toda a força que eu tinha na minha alma. Eu gritei para eu estar aqui hoje falando”, disse.

Luísa deu entrada no hospital quase duas horas depois da agressão, chorando, com muito sangramento e múltiplas fraturas na cabeça e no rosto. O nariz foi quebrado, ela perdeu três dentes e ainda será submetida a avaliação oftalmológica para verificar possível comprometimento da visão. Não há previsão de alta.

Em nota, a defesa do agressor "pediu que o histórico de integridade dele seja considerado e solicitou serenidade para que se aguarde a conclusão do inquérito policial, evitando-se julgamentos precipitados". 

Luísa se recupera ao lado da família e recebe apoio psicológico e acompanhamento de advogadas especializadas em violência contra a mulher.

"Ela já vinha relatando para a gente que vinha passando por violências psicológicas, morais, verbais e que, na verdade, acabava naturalizando porque ele era o companheiro dela e porque ele manipulava falando que ele estava fazendo um grande favor de estar com ela", diz a advogada Manuella Magalhães.

"Eu acho assim que às vezes o relacionamento ele acaba e a gente permanece no relacionamento. Tenha coragem, se conseguir identificar isso, saia, saia antes", finaliza Luísa.