Maylson Honorato lança 'Bromélias imaginárias' em noite especial no Theatro Homerinho
Jornalista e escritor alagoano estreia na ficção com obra que explora o luto e que o insere na nova geração da literatura nordestina contemporânea
O jornalista Maylson Honorato lança oficialmente seu primeiro livro de ficção, “Bromélias imaginárias”, no próximo dia 9 de dezembro, às 19h, no Theatro Homerinho, em Jaraguá, Maceió. O evento contará com bate-papo, performance teatral e sessão de autógrafos aberta ao público. O livro, publicado pela Editora Urutau, já está disponível para aquisição online (editoraurutau.com/titulo/
Em "Bromélias imaginárias", o escritor viçosense estreia na ficção com quinze contos que giram em torno de uma pergunta fundamental: o que fica depois que algo – ou alguém – nos falta? Ambientado entre o interior e a capital de Alagoas, o livro trata de lutos grandes e pequenos, do que se quebra na vida cotidiana e das formas, nem sempre óbvias, de continuar. É uma obra de contos poéticos, narrativos e cinematográficos, que aposta numa leitura que convida à imersão e ao estranhamento – e que chega num fim de ano em que muita gente procura presentes com mais sentido do que urgência.
Ao longo do volume, personagens comuns lidam com momentos-limite: um menino e o cavalo que não poderá salvar, uma família se ergue sobre um legado de violência, uma estátua evidencia um destino anunciado, um homem idoso morre sozinho e só é descoberto meses depois, um reencontro sob chuva torrencial revela segredos guardados há anos. “Escrevo muito menos sobre a perda em si e mais sobre o que ela reorganiza dentro da gente”, diz o autor. “Não me interessava fazer um livro para embelezar a dor, mas para devolvê-la ao mundo de outra forma, como uma conversa possível entre o meu luto e o de quem lê”.
O autor define "Bromélias imaginárias" como um livro sobre ausência, mas recusa a ideia de que seja apenas um livro de luto. “O luto é o chão em que esses contos pisam”, diz. Segundo ele, o foco está no que nasce depois: a fabulação, o humor torto, a tentativa de compreender a alma humana quando ela está no limite. Em um trecho da abertura, ele resume: “Talvez seja isto: este livro é um jardim de traumas. Em vez de jazigos, histórias. Em vez de epitáfios, imagens”.
“Eu penso neste livro como uma dessas pessoas interessantes que a gente conhece inesperadamente em um sábado à noite, que é divertida, mas traz um mistério obscuro no olhar, sabe?”, complementa o autor.
Um Nordeste simbólico
Embora ancorados no Nordeste, com referências à cidade natal de Viçosa, a Maceió e a paisagens interioranas, os contos evitam o folclore fácil. O Nordeste aparece como mundo concreto e simbólico, mas sem estampa turística. “Escrevo sobre o lugar onde vivo e vivi, mas estamos falando de questões humanas, que atingem um homem no Agreste de Alagoas tanto quanto uma garota parisiense. No fim, compartilhamos os mesmos dilemas”.
O jornalismo atravessa discretamente o livro. O autor traz para a ficção um olhar de repórter: atenção ao detalhe, à fala cotidiana, ao que não é dito. “O jornalismo é uma grande escola de humanidade”, diz. “No jornalismo, o compromisso é com a verdade objetiva e com a menor imprecisão possível. Na ficção, eu me permito errar mais. Quanto maior o engano, melhor”.
A prosa de “Bromélias imaginárias” combina frase enxuta e atmosfera lírica, tensionando o limite entre realismo e insólito. Há contos que flertam com o fantástico e outros que se constroem quase como pequenas crônicas de impacto, sempre com forte apelo visual – não por acaso, vários textos têm potencial de adaptação para cinema ou teatro.
O livro se insere na renovação recente da literatura nordestina, que vem deslocando o olhar para além do rótulo “regionalista” e ampliando o alcance de autores da região. Em um cenário de consumo cultural dominado pelo streaming e por leituras rápidas, “Bromélias Imaginárias” aposta na experiência da pausa. São contos que pedem a alma aberta do leitor, mas devolvem um tipo de reconhecimento íntimo – aquela memória que reaparece, um incômodo que ganha nome, um nó discreto na garganta. “Ou, quem sabe, uma iluminação”, sugere Honorato.
“Se existe algo de poético na minha escrita”, continua o autor, “talvez seja porque a vida aqui sempre foi uma poesia difícil. Uma poesia ensolarada e estranha. ‘Bromélias Imaginárias’ nasceu desse desconforto, mas também da vontade de dividir essas sensações com outras pessoas. Porém, no fim, são histórias. Precisamos de histórias”.
O projeto é realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, do governo federal, operacionalizado pelo governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult). E também da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do governo federal, através do Ministério da Cultura (Minc), operacionalizado pela Prefeitura de Maceió, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Semce).
Sobre o autor
Maylson Honorato (Viçosa – AL, 1993) é jornalista, escritor, ator, produtor cultural e roteirista. Atua há anos na cobertura da cena artística e na criação de projetos em audiovisual, jornalismo literário e curadoria cultural. Criado no interior de Alagoas e radicado em Maceió há 16 anos, constrói uma escrita que mistura memória, religiosidade, violência cotidiana e desejo de fabulação. “Bromélias imaginárias” é seu livro de estreia em ficção.
Ficha técnica
Livro: "Bromélias Imaginárias" (contos)
Autor: Maylson Honorato
Editora: Urutau
Lançamento: Maceió, 9 de dezembro de 2025
Páginas: 92
Preço: R$49,90
Disponível em: site da Editora Urutau (editoraurutau.com/titulo/
ISBN: 978-85-7105-321-2
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