Operação mais letal da história do Rio de Janeiro deixou mais de 60 mortos; 4 policiais estão entre as vítimas

Por Redação com Agências 28/10/2025 21h09
Por Redação com Agências 28/10/2025 21h09
Operação mais letal da história do Rio de Janeiro deixou mais de 60 mortos; 4 policiais estão entre as vítimas
Guerra entre a Polícia e facções criminosas no Rio de Janeiro - Foto: Divulgação

O Rio de Janeiro amanheceu nesta terça-feira, 28, sob fogo cruzado e pânico generalizado. Uma megaoperação conjunta das polícias Civil e Militar contra o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte, resultou em 64 mortos — entre eles quatro policiais — e 81 presos, segundo dados oficiais do governo do estado.

A ação mobilizou 2,5 mil agentes e foi classificada pelo governador Cláudio Castro como a maior ofensiva já realizada contra o crime organizado no Rio de Janeiro.

O objetivo da operação era cumprir 94 mandados de prisão contra chefes do CV que atuavam não só no Rio, mas também em outros estados. A reação dos criminosos foi imediata e violenta: barricadas em chamas, disparos intensos, uso de drones lançando bombas e bloqueios de vias expressas transformaram a cidade em um verdadeiro cenário de guerra.

Vídeos gravados por moradores mostraram rajadas de tiros que duraram mais de um minuto e balas traçantes cruzando o céu. Muitos ficaram presos em casa, escolas suspenderam as aulas e empresas liberaram funcionários. No total, 34 pontos de bloqueio foram registrados em diferentes regiões — do Centro à Zona Oeste.

Entre os policiais mortos, estão os civis Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, de 51 anos, recém-promovido a chefe de investigação, e Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, com apenas 40 dias de carreira. Do BOPE, morreram Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca. O delegado Bernardo Leal foi baleado na perna e segue internado em estado grave.

Os confrontos mais intensos ocorreram na região conhecida como Vacaria, na Vila Cruzeiro, dentro do Complexo da Penha. Imagens divulgadas pela polícia mostram criminosos fortemente armados fugindo pela mata. Ali também aconteceu a maior parte das mortes registradas durante a ação.

A polícia apreendeu um arsenal de guerra, com 93 fuzis, drogas e equipamentos de uso militar. Em uma única casa, usada como esconderijo de traficantes, 26 criminosos foram presos, e 19 fuzis encontrados. A moradora do imóvel foi feita refém e obrigada a gravar a rendição dos bandidos.

A violência extrapolou os limites dos complexos e atingiu bairros vizinhos. Kelma, uma moradora da Penha, foi ferida por uma bala perdida enquanto estava na academia. “Foi um barulho muito alto, aquele susto... Mas agora estou bem”, relatou.

Durante todo o dia, a Linha Amarela e outras vias expressas ficaram interditadas por ônibus e caminhões sequestrados por criminosos. Segundo o Sindicato das Empresas de Ônibus, mais de 70 veículos foram usados como barricadas, afetando 200 linhas e paralisando o transporte público.

Escolas, universidades e repartições públicas suspenderam atividades. O Hospital Getúlio Vargas, o mais próximo da área de conflito, recebeu dezenas de feridos de ambos os lados. À noite, mesmo após horas de confrontos, novos disparos voltaram a ser ouvidos no Complexo do Alemão, mantendo moradores em alerta.