Rússia faz o maior ataque aéreo a Kiev desde o início da guerra; mais de 800 drones atingiram a capital da Ucrânia

Por g1 07/09/2025 10h10
Por g1 07/09/2025 10h10
Rússia faz o maior ataque aéreo a Kiev desde o início da guerra; mais de 800 drones atingiram a capital da Ucrânia
Bombeiros trabalham no local da sede do governo da Ucrânia danificada durante ataques com drones e mísseis russos, em meio à ofensiva da Rússia contra a Ucrânia, em Kiev — Foto: Serviço Estatal de Eme - Foto: Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia em Kiev/Divulgação via Reuters

A Rússia lançou neste domingo (7) o maior ataque aéreo desde o início da guerra contra Kiev, capital da Ucrânia. Ao menos cinco pessoas morreram.

Pela primeira vez, um prédio do governo ucraniano em Kiev foi atingido por um bombardeio. Uma coluna de fumaça foi vista saindo do prédio que abriga os gabinetes dos ministros da Ucrânia, localizado no distrito histórico de Pechersky.

“Esses assassinatos agora, quando a diplomacia real já poderia ter começado há muito tempo, são um crime deliberado e um prolongamento da guerra”, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em uma publicação no X, fazendo um novo apelo aos aliados para reforçarem as defesas aéreas da Ucrânia.

A Rússia confirmou o ataque e afirmou que a ofensiva teve como alvo fábricas de armamentos ucranianas, infraestrutura de transporte utilizada pelo Exército da Ucrânia, aeródromos e arsenais.

Zelensky afirmou também que conversou com o presidente da França, Emmanuel Macron, sobre os ataques deste sábado. "Combinamos os nossos esforços diplomáticos, os próximos passos, e contatamos parceiros para assegurar uma resposta apropriada", afirmou o ucraniano em uma mensagem transmitida pelo aplicativo de mensagens Telegram.

No X, Macron condenou o ataque e afirmou que a Rússia "está se aprofundando cada vez mais na lógica da guerra e do terror".

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, também manifestou solidariedade à Ucrânia. "Esses ataques covardes mostram que [o presidente russo Vladimir] Putin acredita que pode agir impunemente. Ele não está sério sobre a paz", afirmou em comunicado.

Ainda segundo Zelensky, a ofensiva também causou danos no norte, sul e leste do país, incluindo as cidades de Zaporizhzhia, Kryvyi Rih e Odesa, além das regiões de Sumy e Chernihiv.

Segundo a agência de notícias AFP, um ataque a um prédio residencial no oeste de Kiev matou duas pessoas. Uma das vítimas é um bebê de três meses.

Em Dnipropetrovsk, no centro do país, a autoridade militar Serguii Lisak informou que um homem de 54 anos morreu.

As autoridades ucranianas relataram ainda que uma mulher morreu na manhã deste domingo em um ataque russo em Zaporizhzhia e que um bombardeio na noite de sábado deixou um morto em Sumy, uma região fronteiriça com a Rússia.

“Vamos restaurar os prédios, mas vidas perdidas não podem ser recuperadas. O mundo precisa responder não apenas com palavras, mas com ações”, afirmou a primeira-ministra ucraniana, Yulia Svyrydenko, no Telegram.

O ministério do Interior informou que mais de 20 pessoas ficaram feridas nos ataques à capital. Em outras áreas de Kiev, apartamentos residenciais foram atingidos e danificados. Dezenas de moradores se reuniram nas ruas para avaliar os danos em suas casas enquanto os bombeiros trabalhavam para controlar as chamas.

De acordo com autoridades ucranianas, a Rússia atacou com cerca de 810 drones e 13 mísseis de diferentes tipos. O porta-voz da Força Aérea, Yuriy Ihnat, confirmou à agência de notícias Associated Press que este foi o maior ataque com drones desde a invasão em larga escala.

Segundo o Ministério da Defesa russo, também foram atingidas fábricas de drones, depósitos e bases de lançamento de drones de longo alcance, arsenais, aeródromos, estações de radar e locais de reunião de soldados ucranianos e mercenários estrangeiros.

A Ucrânia disse ter abatido ou neutralizado 747 drones e 4 mísseis. Ainda assim, houve nove impactos de mísseis e 56 ataques de drones em 37 localidades. Em oito delas, destroços caíram sobre áreas civis.

Negociações por acordo de cessar-fogo

Até agora, Moscou vinha evitando alvos centrais do governo em Kiev. O ataque refletiu o crescente pessimismo na Ucrânia e entre os aliados quanto à possibilidade de o conflito terminar em breve, com o presidente russo Vladimir Putin resistindo a pedidos de cessar-fogo e encorajado pelo fortalecimento das relações com a China.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por sua vez, demonstrou frustração crescente com Moscou desde que se reuniu com Putin no mês passado, mas até agora resistiu a impor sanções mais duras como forma de pressionar a Rússia a negociar.

Na sexta-feira, o presidente americano disse estar trabalhando em garantias de segurança para a Ucrânia que, segundo ele, ajudariam a encerrar o conflito mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Aliados europeus de Kiev prometeram apoio político e militar à Ucrânia, mas ofertas concretas de ajuda, incluindo a possibilidade de envio de tropas, ainda estão em discussão.

O ministério da Defesa ucraniano disse que uma nova reunião com aliados de Kiev está prevista para a próxima semana, quando serão discutidas defesas aéreas e suprimentos para ataques profundos contra a Rússia.

Com informações das agências de notícias Reuters, Associated Press e AFP.