'PMais Saúde Veteranos' leva cuidado a quem construiu a história da PM-AL

De casa em casa ou de leito em leito: acolhimento, escuta e cuidado integral. Essa é a rotina da equipe multidisciplinar do programa “PMais Saúde Veteranos”, da Polícia Militar de Alagoas (PM-AL). Desenvolvido pela Diretoria de Saúde (DS) desde dezembro de 2022, o programa tem como objetivo manter o vínculo entre a corporação e seus veteranos, oferecendo um acompanhamento próximo, resolutivo e humanizado aos policiais atualmente na Reserva Remunerada (R/R) ou na Reforma.
Não se têm notícias de ações nesse formato, seja na iniciativa privada ou nas instituições militares das demais unidades federativas, pelo menos não nestes moldes do “PMais”. A missão de cuidar foi abraçada com profissionalismo e humanidade pelos capitães Luiz Pessoa e Evelynne Gomes, ambos médicos. Completam a equipe atual o sargento Vinícius Rodrigues, enfermeiro por formação; a sargento Mayara Ribeiro, psicóloga; e as soldados Ana Aguiar e Ana Luiza, assistente social e fisioterapeuta, respectivamente.
Por demanda espontânea, busca ativa ou indicação, a equipe identifica as situações enfrentadas pelo veterano e, quando necessário, atua na resolução, sempre visando à integralidade do indivíduo. São realizadas visitas domiciliares e hospitalares, marcação de exames, assistência ou atendimento remoto, além de retornos de acompanhamento aos veteranos e seus familiares. O “PMais Saúde Veteranos” também participa de eventos e palestras.
Não se trata de uma ação isolada. A capitã Evelynne explica: “A partir da primeira visita é criado um vínculo com o militar, seguindo o modelo da estratégia de saúde da família, e ele tem um acompanhamento constante dessa equipe multidisciplinar, como das consultas médicas, e a partir daí algumas orientações voltadas para a saúde. Qualquer dúvida relacionada ao tipo de medicação que ele pode utilizar ou a alguma receita de especialista, a gente tem condições de orientar e fazer o encaminhamento novamente, se for necessário”, esclareceu.
“O programa é uma inovação muito importante de cuidado e atenção aos veteranos, que partiu do comandante-geral, coronel Paulo Amorim, juntamente com o coronel Sílvio Brito, diretor de Saúde. A partir da ideia inicial, em 2022, o programa foi estruturado na capital, se consolidou e já foi ampliado para o interior do estado”, explicou o capitão Pessoa. Ele completou dizendo que existe o contato, mas que alguns casos demandam um vínculo constante: “Alguns dos militares que atendemos não têm necessidade desse acompanhamento, seja porque já possuem plano de saúde, seja porque estão bem de saúde. Porém, aquele que precisa da gente, a gente acompanha e orienta”.
“Trate bem o veterano, ele veio antes de você e preparou a corporação para lhe receber”, diz a frase assinada pelo comandante-geral da PM, coronel Paulo Amorim, grafada diariamente no rodapé do Boletim Geral Ostensivo (BGO) da PM, publicação oficial e diária que funciona como principal meio de comunicação interna da instituição. O “PMais Saúde Veteranos” é uma forma de materializar essa máxima, como confirmou o oficial: “Em alguns casos, o veterano não tem nenhuma queixa relacionada à saúde, mas, com a visita, é visível como ele fica mais motivado, pede que a gente retorne e deseja que a presença seja constante”.
Ao comentar sobre o trabalho do “PMais Saúde Veteranos”, o coronel declarou: “Queremos parabenizar a Diretoria de Saúde pelo trabalho primoroso desenvolvido e incentivá-los a prosseguir. Estamos orgulhosos ao ver os resultados dessa iniciativa. E, aos veteranos, dizemos: ‘contem com a sua Polícia Militar’”.
Números e referência nacional
O relatório do programa contabiliza mais de duas mil atividades em cerca de dois anos. Um total de 1.706 ações foi realizado no intervalo entre março de 2023 e dezembro de 2024, incluindo: 606 novas consultas e 79 retornos. Foram 189 consultas marcadas e 109 exames agendados. Entre assistências e atendimentos remotos, foram registrados 264 atendimentos. Em 29 casos, familiares de veteranos precisaram de atendimento. Quanto às demais atividades, somam-se 23 reuniões e 13 ações entre eventos e palestras.
Somente em 2025, entre os meses de janeiro e abril, o programa realizou 300 atendimentos. Destaque para a quantidade de veteranos que receberam o primeiro atendimento: 84. A equipe também contabilizou 25 retornos. Quanto às marcações, foram 25 de consultas e outras oito de exames. Em quatro meses, o “PMais” atuou ainda em 10 reuniões e uma palestra. Em 10 casos, familiares de militares inativos precisaram de apoio. Nesse recorte temporal, foram feitas 37 assistências ou atendimentos remotos e 12 visitas hospitalares.
O modelo adotado em Alagoas já se tornou referência entre coirmãs. Membros da Diretoria de Saúderecepcionaram, na manhã da última terça-feira (20), representantes da PM doMaranhão (PM-MA). A comitiva maranhense, representada pelo chefe do setor de inativos da PM-MA, tenente-coronel Abrantes, além de um psicólogo e um assistente social da instituição, veio conhecer de perto o trabalho desenvolvido.
Batalhas e histórias
Uma dessas visitas foi realizada pela equipe liderada pela capitã Evelynne ao soldado reformado Florival Teixeira, de 78 anos, enquanto ele esteve internado. De alta e já em casa, o “PMais” voltou a encontrar pessoalmente o veterano. Com um abraço caloroso na soldado Ana Aguiar e em cada integrante, dona Cremilda demonstra a alegria de receber a equipe já conhecida. O momento foi registrado pelo fotógrafo, cabo Weslley Ferreira.
É dona Cremilda quem abre as portas de casa a cada visita ao veterano, seu companheiro de vida. São quatro filhos, dois netos, 50 anos de matrimônio e muitas histórias. Lutas, principalmente. A mais recente batalha da família acaba de ser vencida. Outras continuam em curso.
O veterano surge sorridente e caminhando, para surpresa da equipe responsável por uma visita recente na UTI. Quem vê o semblante sereno nem imagina: ele passou mais de um mês internado, foi submetido a uma cirurgia, mas segue incansável, mantendo firme a rotina de três sessões de hemodiálise por semana.
Florival está otimista ao falar sobre sua recuperação. Ele explica que, nesse novo período de hospitalização, precisou colocar um marcapasso e permaneceu internado por 33 dias. Já em janeiro, havia passado por outra internação, com duração de 17 dias. Naquela ocasião, ao receber alta, também enfrentou dificuldades. “Hoje, sinceramente, estou bem. O que ainda me incomoda é não conseguir andar normalmente, sair de casa, mas acredito que, logo, logo, isso vai passar”, afirmou.
“Eu servi à Polícia Militar e agora, depois de tantos anos, sou servido por ela. Receber essa visita é um prazer, para mim e para a minha família. Sei que a corporação valoriza o veterano”, comentou o soldado, recebendo prontamente a concordância da esposa. “Ainda bem que os dias de choro, sistema nervoso abalado, tristeza e outras dificuldades passaram. Meu esposo é um vencedor, graças a Deus”, finalizou dona Cremilda.
A conversa acolhedora se estende, e ela relata que a parceria foi construída ao longo de cinco décadas, mas, de certa forma, a farda os uniu. A cabeleireira relembra como observava e era observada pelo jovem policial na região da Praia da Avenida, em meados da década de 1970. Naquele tempo, o policiamento era feito em patrulhas a pé e em duplas, conhecidas como Cosme e Damião. “Ele trabalhando na rua, e eu em um salão de beleza. Depois dos olhares pela janela, surgiu a conversa”. Ela aceitou o convite para ser acompanhada após o trabalho e, desde então, nunca mais se distanciaram.
Servindo a quem muito serviu
Em mais um dia de visita domiciliar, a atenção se volta ao sargento R/R Admilson Barbosa, que ingressou na Polícia Militar em 1992. Ao longo de 30 anos, o sargento Barbosa atuou no policiamento ostensivo, servindo em unidades como o 1º e o 4º Batalhões, além da antiga Radiopatrulha (atualmente Batalhão de Rotam), entre outras. Na Reserva Remunerada desde 2012, o veterano passou a se dedicar com afinco ao trabalho social e à caridade. Atualmente, é presidente da Cruzada dos Militares Espíritas, instituição localizada no bairro Vergel do Lago, em Maceió.
Ele relatou ter encontrado no “PMais Saúde Veteranos” um suporte imprescindível quando descobriu complicações em decorrência da diabetes. “Há quase dois anos, estou sendo acompanhado pelo capitão Pessoa. O programa me auxiliou no encaminhamento para um especialista, mas, sempre que preciso, o capitão está disponível para me atender.” O sargento é acompanhado por um endocrinologista, usa insulina, mas sabe que, em momentos de urgência, pode contar com o apoio direto da equipe do “PMais”.
Há um episódio recente que ele fez questão de relatar com notável gratidão: “Esta semana, tive um pico baixo de hipoglicemia. Liguei para o capitão, desesperado, e, na mesma hora, ele me orientou e me tranquilizou. Isso, para a gente, é importante. Nunca tivemos esse tipo de apoio na polícia. Não sei o que ele estava fazendo no momento, mas parou tudo e me atendeu. Também já precisei de marcação de exames e de consulta, e essa equipe não mede esforços”, relatou o veterano.
Vínculo de gerações
A Polícia Militar que o subtenente da Reserva Remunerada José Nicolau da Silva conheceu ao ser incorporado em fevereiro de 1984 foi bem diferente da instituição da qual se despediu em 2013, ano em que encerrou a carreira. Hoje, aos 61 anos, surpreende-se com um novo lado da PM, considerado louvável. O “PMais Saúde Veteranos” chegou até o subtenente R/R em um momento crítico: em 5 de março deste ano, ele sofreu um acidente automobilístico. A moto que pilotava foi atingida por um automóvel dirigido por um condutor embriagado.
Ferido, ele foi socorrido ao Hospital Geral do Estado (HGE) e precisou passar por cirurgia. Enquanto se recuperava, ainda na unidade hospitalar, a equipe do programa chegou até ele. A visita representou um alívio. Dois meses depois, ele segue com a rotina de fisioterapias, sempre recebendo orientações e suporte dos militares.
Na visita em sua casa, os médicos observaram o processo de cicatrização e a reabilitação pós-trauma. Os visitantes ouviram atentamente o militar contar como têm sido seus dias, as sessões de fisioterapia e as adaptações necessárias em sua rotina doméstica. Os profissionais da saúde também repassaram orientações, fizeram perguntas e esclareceram dúvidas. No momento em que a equipe se despedia e era levada até a porta, a conversa entre o subtenente veterano e o sargento Vinícius se estendeu, sinalizando que presente e passado da instituição se encontraram, mais uma vez, em um vínculo marcado pelo respeito e cuidado.
“É admirável ver esse lado tão humano da corporação. São os militares na ativa exercendo um papel tão importante para nós, que dedicamos décadas à PM e deixamos nosso legado. Esse reconhecimento é motivo de gratidão. Para quem está na Reserva, a presença da PM continua sendo essencial, não só para a saúde física, mas principalmente para o bem-estar emocional. O coronel Paulo Amorim tem sido firme nesse propósito de apoiar os veteranos, e isso faz toda a diferença. Nosso espírito se fortalece com esse cuidado”, comentou o subtenente.
Em nome da equipe, a capitã sintetizou: “Quando chegamos à casa do militar, não se trata somente de uma equipe de saúde. É a presença da instituição, uma forma de resgatar e valorizar a memória. O vínculo com a Corporação é renovado, o veterano se sente estimado e, muitas vezes, até emocionado com essa valorização. Para nós, como equipe, como representantes da Polícia Militar, é muito gratificante”.
Contato “PMais Saúde Veteranos”: (82) 9 8876-6334
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