Sindicato e ligas apresentam queixa contra calendário de jogos da Fifa
Um sindicato de jogadores, o grupo das ligas europeias e a La Liga (entidade responsável pelo Campeonato Espanhol) acusaram a Fifa de abuso nesta segunda-feira (14) ao apresentarem uma queixa conjunta aos reguladores antitruste da União Europeia contra o calendário de jogos internacionais da entidade.
As ligas de elite estão preocupadas com o impacto de um calendário de futebol em expansão sobre o bem-estar dos jogadores, com alguns deles sofrendo com fadiga, lesões e impacto mental, apesar de serem frequentemente compensados com salários enormes.
“A reclamação explica como a imposição de decisões da Fifa sobre o calendário internacional é um abuso de domínio e viola a lei da União Europeia”, disseram em comunicado os autores da ação, assinada pela FIFpro Europe, pela European Leagues e pela La Liga.
A European Leagues é uma associação que inclui a Premier League (Inglaterra), a Bundesliga (Alemanha), a Serie A (Itália) e a Ligue 1 (França), mas não a espanhola La Liga.
Um ponto de discórdia em particular é o Mundial de Clubes, reformulado para o próximo ano com um aumento de 7 para 32 clubes, com previsão de ser realizado nos Estados Unidos por quase um mês. Além de acrescentar jogos, isso poderia atrasar turnês de pré-temporada dos clubes com o objetivo de expandir as bases globais de torcedores.
“Está chegando a um ponto crítico. O feedback que recebemos dos jogadores é que há futebol demais sendo jogado e há uma expansão constante”, declarou o presidente-executivo da Premier League, Richard Masters, na declaração dos autores da ação.
O presidente da La Liga, Javier Tebas, acusou a Fifa de “agir apenas em seu próprio interesse, sem considerar os danos a todo o ecossistema do futebol”.
O capitão da seleção francesa, o atacante Kylian Mbappé, em um vídeo exibido na entrevista coletiva das três entidades, afirmou: “Quando é demais, é demais”.
A Fifa, no entanto, argumenta que o calendário internacional foi aprovado por representantes de todos os continentes, inclusive da Europa, após consulta às ligas e à FIFpro, sindicato internacional que reúne os jogadores.
Além de um Mundial de Clubes muito maior, a próxima Copa do Mundo será ampliada de 32 para 48 países.
A Uefa, órgão regulador europeu, também aumentou sua programação, principalmente com o novo formato da Liga dos Campeões, mas não foi alvo da reclamação aos órgãos reguladores.
Mathieu Moreuil, diretor de relações internacionais de futebol e assuntos da UE da Premier League, disse que isso se deve ao fato de a Fifa ser responsável pelo calendário internacional, enquanto as relações com a Uefa são diferentes graças ao diálogo.