Debate em SP tem citações a cadeirada, gritaria entre candidatos e interrupções de mediadora
O sexto debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, promovido pela RedeTV e UOL, na manhã desta terça-feira, 17, foi marcado por confrontos ácidos entre os concorrentes, descontrole de Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB) e muitas citações à cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) contra o ex-coach. A mediadora Amanda Klein precisou intervir por vários momentos para pedir respeito aos participantes, que pouco falaram de propostas.
Em um debate em que as propostas ficaram em segundo plano e não houve discussão sobre os principais problemas da cidade, Marçal deu início aos embates se referindo a Ricardo Nunes como "bananinha". Mas, imediatamente, a âncora repreendeu o candidato do PRTB e pediu que os políticos evitassem o uso de apelidos pejorativos e mantivessem o respeito.
Com o braço imobilizado, Marçal levantou o tom e acusou o atual prefeito da capital paulista de 'roubar dinheiro da merenda'. unes imediatamente solicitou direito de resposta, criticando os ataques de Marçal e pedindo que ele respeite os eleitores. “Essas agressões o tempo inteiro nos incomodam”, afirmou o candidato do MDB.
Na réplica, Marçal trouxe à tona o boletim de ocorrência feito pela esposa de Nunes, que o acusou de agressão, e disparou: "Você é tchutchuca do PCC", intensificando os ataques. Nunes rebateu, destacando que Marçal é o candidato mais rejeitado e disse que ama sua esposa. Em determinado momento, Marçal, aos gritos, afirmou que Nunes será preso. "Vou te colocar na cadeia". Mesmo com os microfones desligados, a gritaria dos dois candidatos tomou conta dos estúdios.
"Parem os dois. Está dada a advertência aos dois candidatos. Parem já. Se falaram de novo, serão suspensos desse bloco, a palavra de vocês será cassada. Isso não vai mais acontecer nesse debate", declarou a mediadora. "O debate aqui tem que ser sobre política e não sobre polícia. Peço mais uma vez pra que não se exaltem", disse Amanda, após Marçal voltar a ofender o adversário.
Cadeirada em destaque
A cadeirada que Datena deu em Marçal no debate da TV Cultura, último domingo, 15, foi um dos assuntos mais comentados pelos candidatos. Por diversos momentos, o ex-coach comparou o candidato do PSDB a um orangotango pela atitude violenta.
Datena defendeu sua ação, explicando que foi acusado injustamente de um crime e que a verdadeira "cadeirada" foi o impacto emocional da 'falsa acusação'. "Não bato em covarde duas vezes", acrescentou o apresentador, apontando a cadeirada como um ato de legítima defesa.
"Olha, cadeirada quem levou foi eu, por ter sido acusado de um crime que eu nem passei perto de cometer. Um processo que já está arquivado e que nem falava sobre estupro. Fui acusado de uma forma vil. Isso é a pior cadeirada que um cidadão pode receber", disse Datena em resposta a Marina Helena (Novo), que sugeriu que o apresentador se retirasse do pleito por não ter controle emocional.
"Ele (Marçal) deveria ter sido internado no oitavo andar, que é a ala psiquiátrica", acrescentou o tucano, que acusou o candidato do PRTB de fazer cena.
Ataques pessoais em peso
Os seis candidatos usaram boa parte do tempo de microfone para atacar pessoalmente os rivais ou para se defender. Marçal foi quem mais estimulou os confrontos, mantendo a estratégia dos debates anteriores com o uso constante de adjetivos pejorativos na tentativa de afetar o controle emocional dos adversários.
Após provocações contra Nunes e Datena, Marçal atacou Boulos ao chamá-lo de "boules" e recebeu uma nova repreensão da mediadora. O candidato do PRTB então questionou Boulos sobre suas prisões, perguntando: "Você foi preso três vezes. Na Fiesp, havia alguém morando lá quando você foi depredar patrimônio público?"
Boulos rebateu, acusando Marçal de viver de mentiras e afirmando que sua provocação tem "prazo de validade, dura só três semanas". Enquanto Boulos falava, Marçal ria de forma irônica e, em um momento, colocou um adesivo com seu número de votação sobre a boca durante o confronto.
Datena, em um direito de resposta, criticou Marçal, mencionando que o candidato do PRTB já foi condenado pela Justiça. "Único jeito de falar com bandido condenado, ladrão virtual de velhinhos, é pela Justiça", declarou o candidato do PSDB. "Ele mente à vontade, no momento em que ele quer. Ele devia explicar como ficou bilionário em tão pouco tempo", disse Datena em outro direito de resposta.
O quarto bloco do debate começou com o direito de resposta concedido a Nunes, após Pablo Marçal atacar a esposa do prefeito. "Ele está citando situação que houve há 10 anos", rebateu o candidato do MDB, afirmou que o caso de violência doméstica já foi desmentido pelos envolvidos.
Boulos observou que foi o único a não ter conversas diretas com Pablo Marçal no WhatsApp, brincando: "Se receber eu bloqueio, desse grupo de zap não quero fazer parte, não".
Um dos únicos embates que não envolveu o nome de Marçal foi o de Marina Helena e Tabata Amaral. Na ocasião, a candidata do Novo questionou sobre encontros da adversário com seu namorado, o prefeito de Recife, João Campos (PSB), exigindo mais transparência. Tabata respondeu, negando viagens em aviões particulares e ironizando que, se a adversária está interessada em sua vida pessoal, pode assistir à sua série no YouTube. "Isso é um delírio grave, Marina. Com todo respeito, aguarde um processo. Isso não corresponde à realidade", afirmou Tabata.
Elo de Datena e Tabata, recado de Marçal a tio e mais
Durante as perguntas dos repórteres, Datena foi questionado por Raquel Landim se estava arrependido de ser candidato e de ter formado chapa com Tabata. "Eu não me lancei nada. Quem me lançou foi o partido", afirmou. "Não me arrependo de nada que fiz na vida." Ele elogiou Tabata e afirmou que sua posição nas pesquisas é mérito dela, destacando que o PSDB foi responsável pelo contato com ela.
Guilherme Boulos foi questionado sobre o deputado federal Janones, indiciado pela PF por um suposto esquema de "rachadinha". Boulos explicou que, apesar de ter dado um parecer favorável a Janones, casos de corrupção serão punidos durante seu mandato e lembrou que o partido de Janones apoia Ricardo Nunes em São Paulo.
Em resposta a perguntas de Thiago Herdy, do UOL, sobre possíveis irregularidades em obras emergenciais e a participação de um compadre do prefeito, Nunes admitiu que "talvez teve uma combinação" de preços entre as empresas, mas negou responsabilidade da prefeitura.
Marçal foi questionado por Stella Ferraz da RedeTV! sobre um comentário de seu tio, Edson Marçal, que discordou do comportamento dele de atacar adversários com apelidos pejorativos. Marçal respondeu de forma ríspida: "Meu tio Edson, que me pediu pra gravar vídeo, você não vai ganhar vídeo, e se vire para se eleger aí no interior de Goiás."
Marina Helena negou apoio a Marçal, apesar de muitas vezes ter alinhado com ele nos debates, e acusou jornalistas de darem mais destaque a alguns candidatos do que a outros. Datena discutiu a necessidade de punições mais severas para infrações de alta velocidade. O debate encerrou com as considerações finais dos candidatos. Já Tabata Amaral afirmou que está sendo prejudicada nas pesquisas devido à polarização.