Jogos de tabuleiro modernos são explorados em projeto de extensão da Ufal
Antes entendidos como brincadeira de criança, jogos de tabuleiro têm sido objeto investigações científicas por suas diversas aplicações em áreas como pedagogia, psicologia, terapia ocupacional e neurociência. Agora, um projeto de extensão chamado Jogos de Tabuleiro Modernos, liderado pela professora Marina Saraiva, do Centro de Educação (Cedu), busca proporcionar momentos de socialização entre estudantes e popularizar o hobby.
De acordo com a docente, a ideia do projeto surgiu no retorno às atividades presenciais, após a pandemia de covid-19. “Por meio da leitura de várias pesquisas, entendi que trazer essa cultura dos jogos de tabuleiro para a comunidade acadêmica seria interessante. Eu já tinha uma inserção pessoal no mundo dos jogos digitais, mas percebi que a experiência dos board games é diferente, pois possibilita mais interação face a face, sem a mediação de objetos entre nós”, explicou.
O projeto conta com o apoio da Pró-reitoria de Extensão (Proex), por meio de uma bolsa para monitoria. Com a continuidade do projeto, espera-se conseguir o financiamento para comprar jogos e construir o acervo da iniciativa. Atualmente, as atividades são realizadas por meio da ludoteca particular da professora.
De acordo com Mayara Correia, monitora do projeto, a experiência tem sido bastante positiva. “Desde criança, sempre joguei jogos de tabuleiro, como Banco Imobiliário, por exemplo, e gostava bastante. Quando surgiram os jogos de tabuleiro modernos, passei a estudar mais sobre, inicialmente movida pela novidade, já que eles são tão distintos do que eu já conhecia”, explicou.
Para a estudante, que está na fase final do curso de Pedagogia, os encontros iniciais do grupo demonstraram o potencial de socialização dos jogos.
“Por ser uma edição piloto, com pessoas de diversos cursos, eu imaginava que a socialização demoraria um pouco mais para ocorrer. Mas a dinâmica dos jogos permitiu que essa socialização acontecesse de forma rápida e natural. Os participantes estão muito empolgados, demonstrando interesse pelos encontros e nós ficamos muito felizes com isso”, avaliou.
De acordo com Marina Saraiva, a procura pelo projeto foi além das expectativas iniciais. “A recepção tem sido muito boa. O número de inscritos superou nossa expectativa e estamos nos organizando para ter condições de acolher o maior número possível nas próximas edições”.
Diversão off-line
Uma das principais vantagens de reunir um grupo para jogar, é a possibilidade de se desconectar. De acordo com uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) sobre o uso do celular, os jovens brasileiros passam, em média, 56% das horas em que estão acordados na frente das telas. O dado é preocupante pelos prejuízos que essa exposição excessiva pode trazer para a saúde física e mental.
“A experiência tem mais qualidade do ponto de vista da socialização do que a proporcionada pelos jogos eletrônicos. As experiências analógicas dos jogos não perderam seu encanto, pelo contrário, são mais baratas e trazem mais qualidade nas relações sociais e construção de vínculos, seja entre famílias, amigos ou colegas na universidade”, explicou Marina.
“Também tem sido interessante de observar como os estudantes esquecem do celular enquanto estão jogando”.
Aluno do primeiro período de Ciências Contábeis, Alan Bomfim, avaliou o primeiro encontro como divertido. “Foi bem interessante, não tinha experiência com nenhum dos jogo, mas conseguiu me entreter do início ao fim, ainda mais com o clima do pessoal que estava junto”. O estudante afirmou, ainda, que o interesse pelo projeto surgiu assim que ele viu a publicação nas redes sociais da Ufal. “Eu gosto muito dessas atividades lúdicas”, complementou.
Apesar de não ter, inicialmente, finalidades pedagógicas, o contato com jogo de tabuleiros expande horizontes para novos conhecimentos. “No mundo dos jogos de tabuleiro, usamos alguns termos muito específicos como ‘rejogabilidade’, ‘sleeves’, ‘meeples’, tudo isso vai sendo aprendido a medida que as pessoas vão participando. As mecânicas também vão sendo assimiladas com o tempo e é possível aplicar os conhecimentos aprendidos brincando em outras áreas da vida”, afirmou a docente.
Perspectivas Futuras
Além de ampliar o acesso para mais participantes e criar um acervo para o projeto, a professora responsável pelo Jogos de Tabuleiro Modernos também tem o interesse de criar eventos específicos na universidade e promover pesquisas sobre a temática. “Muitos estudos já indicam os potenciais dos jogos de tabuleiro. Além de campeonatos e outras iniciativas que atinjam mais participantes, podemos pensar em produções acadêmicas nesse sentido”, finalizou.