Pai e filha morrem após prédio desabar na zona oeste do Rio de Janeiro

Por da redação com UOL 03/06/2021 14h02 - Atualizado em 03/06/2021 16h04
Por da redação com UOL 03/06/2021 14h02 Atualizado em 03/06/2021 16h04
Pai e filha morrem após prédio desabar na zona oeste do Rio de Janeiro
Bombeiros foram acionados por volta das 3h20 e trabalham para resgatar as vítimas - Foto: Imagem: Jose Lucena/TheNews2/Estadão Conteúdo

Um prédio de quatro andares desabou na madrugada de hoje em Rio das Pedras, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Uma menina de 2 anos e seu pai, de 30, morreram soterrados. Quatro pessoas foram resgatadas com vida, segundo os bombeiros. Três foram levadas de madrugada ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. A quarta vítima foi retirada do local por volta de 9h30 e levada para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea — é a mãe da criança, que teve ferimentos nos membros inferiores.

O corpo do pai foi encontrado no início da tarde. O coronel Leandro Monteiro, secretário de Defesa Civil, informou que parte da laje ficou sobre o quadril da mulher. Ela estava em área de difícil acesso, conversando com as equipes de busca.

De acordo com ele, durante o resgate, ela conversou com os bombeiros "com dificuldade e com dor" e disse que estava dormindo na hora do desabamento. "É um local de risco para os bombeiros, estamos trabalhando sob escombros, é um trabalho de muita calma e paciência. Cada hora vem informações diferentes de moradores que têm mais vítima, mas no momento estamos trabalhando com possibilidade real de mais três vítimas no local", relatou Monteiro.

Além dos bombeiros, a Polícia Militar e CET-Rio, a Defesa Civil, a Guarda Municipal e a companhia de energia Light foram até o local. A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do desabamento. Não há informações sobre o que causou o colapso da estrutura.

A Prefeitura do Rio informou que o prédio era irregular. Segundo a administração municipal, técnicos da Defesa Civil Municipal avaliam os danos que foram causados em outras quatro edificações (uma à direita e três à frente) e se haverá necessidade de outras interdições.

As três vítimas que foram retiradas do local de madrugada são duas irmãs e o marido de uma delas:

Antônia Tatiana Leonardo de Souza, 38;

Nataniela de Souza Brás, de 28; e

Jonas Rodrigues de Souza, 29.

Antônia e Nataniela tiveram alta pela manhã. A mãe da criança que morreu passa por exames e avaliação médica.

Região foi interditada


O prédio que desabou fica na Rua das Uvas, perto da Avenida Areinhas. Embaixo dele funcionava uma lan house, que estava fechada durante a madrugada. A região foi interditada e moradores de prédios próximos precisaram deixar suas casas.

O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 3h20 e atua na região com quatro quartéis na região: do Alto da Boa Vista, da Barra da Tijuca, de Magé e também de São Cristóvão. São seis ambulâncias, uma aeronave e 112 bombeiros atuando no local, além de cães farejadores. Houve um incêndio no local —o fogo já foi controlado.

Um centro de triagem foi montado na região para atender os vizinhos. De acordo com Talita Galhardo, da subprefeitura de Jacarepaguá, a maioria das construções na região "não tem legalidade". "Eu tenho feito vistorias de ocupação de prédios condenados pela Defesa Civil. Tem muita ocupação irregular, mas é difícil tirar o morador, colocar em outros lugares", afirmou. "Todas as construções do entorno, muitas não têm nenhum tipo de licença."

A região de Rio das Pedras, onde vivem cerca de 60 mil pessoas, é conhecida como um dos lugares com maior atuação das milícias cariocas. Os prédios daquela área costumam ser construídos de maneira irregular, como foi o caso do edifício que desabou e deixou 24 mortos na comunidade da Muzema, ali perto, em 2019. No Twitter, o vereador Chico Alencar (PSOL) disse que "a cidade ilegal, das milícias, tem empreendimentos imobiliários de morte".

"Foi aquele barulho enorme"


Uma moradora de um prédio vizinho, identificada como Pará Lorrane, 23, disse que o prédio estalou durante a madrugada.

"Eu moro duas ruas antes, foi aquele barulho enorme, parecia que era explosão de gás. Às 2h o prédio estalou, às 3h ele deu outro estalo e caiu de vez", disse ao UOL. "A gente não espera isso, a gente já viu isso acontecer em Muzema, mas nunca espera acontecer perto da gente. Estou sem informações de uma prima que estava no prédio. O prédio caiu para frente e atingiu a rede elétrica, todo mundo sem energia. Já passei mal duas vezes."

Pará Lorrane diz que a maioria das construções na região é ilegal. Ela mora em Rio das Pedras há 9 anos, desde quando chegou de João Pessoa para trabalhar no Rio de Janeiro como cozinheira.