O primeiro ano de mandato de diversos prefeitos alagoanos tem sido marcado por rupturas políticas que já redesenham o tabuleiro eleitoral local. Gestores que chegaram ao poder embalados pelo apoio direto de seus antecessores agora vivem relações estremecidas, com acusações de traição, disputas internas e rearranjos partidários que transformam as alianças firmadas nas eleições em lembrança distante.

Em Rio Largo, o rompimento entre o prefeito Pedro Carlos e o ex-prefeito Gilberto Gonçalves (GG) tornou-se símbolo dessa onda de instabilidade. Eleito com mais de 60% dos votos graças ao apoio de GG, Pedro Carlos migrou para o grupo do senador Renan Calheiros e do governador Paulo Dantas (MDB), desferindo um golpe político no padrinho. O embate gerou uma crise institucional: tentativas de golpe, cartas de renúncia falsas, bloqueio de contas municipais e disputas judiciais marcaram o período. A exoneração de GG do cargo de secretário especial de Governo selou a ruptura.

Em Maragogi, no Litoral Norte, o ex-prefeito Fernando Sérgio Lira (PP) rompeu com o atual gestor Dani Vasconcelos (PP), acusando-o de descumprir acordos firmados na campanha. Ao classificar a administração como “centralizadora e deletéria”, o ex-prefeito anunciou a saída de seus filhos de cargos estratégicos e declarou oposição aberta.

Situação semelhante ocorre em Porto de Pedras, onde o ex-prefeito Henrique Vilela se afastou do sucessor Allan de Jesus, após familiares seus serem exonerados de funções na Prefeitura. A crise ganhou contornos de disputa de bastidores, com relatos de aliados sobre um ambiente político cada vez mais hostil.

Em União dos Palmares, a demissão da vice-prefeita Samires Cândido Ulisses do cargo de secretária de Inclusão Social e Igualdade Racial levantou suspeitas de fissuras internas. O prefeito Júnior Menezes garante que a saída foi a pedido dela, mas o movimento reforçou rumores de desalinhamento dentro da gestão.

No município de Messias, o clima esquentou entre o prefeito Marcos Silva (MDB) e a vereadora Eliane Buarque, que o acusou publicamente de ameaças e pressões políticas. A disputa se intensificou após a eleição da nova mesa diretora da Câmara, que contrariou os interesses do gestor. Em vídeo, Marcos reagiu chamando opositores de “desleais” e prometeu medidas judiciais.

A lista de rompimentos ainda inclui Lagoa da Canoa, a prefeita Edilza Alves (PP) surpreendeu ao se aproximar do MDB e afastar-se da ex-prefeita Tainá Veiga e do grupo do deputado Arthur Lira, alimentando críticas de que teria transformado a prefeitura em um projeto familiar.

Em Marechal Deodoro, o prefeito André Bocão (MDB) e o antecessor Cláudio Filho (Cacau), antes aliados, agora evitam aparições conjuntas, num silêncio que indica distanciamento.

Esses rompimentos, embora locais, têm potencial para provocar um efeito dominó nos bastidores políticos de Alagoas. A recomposição de forças, as novas alianças em formação e o desgaste público entre antigos aliados já movimentam lideranças regionais e abrem espaço para que grupos rivais avancem sobre territórios antes consolidados. Nos cenários de 2026, com as eleições estaduais e federais, e de 2028, quando novos prefeitos e vereadores serão escolhidos, essas mudanças podem redefinir estratégias, alterar correlações de poder e até mesmo determinar quem chegará fortalecido ou enfraquecido às urnas.