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Entre gregos e troianos: JHC se equilibra entre Calheiros e Lira ao ser peça chave na nomeação de Marluce Caldas

Por Política em Pauta 11/07/2025 10h10
Por Política em Pauta 11/07/2025 10h10
Entre gregos e troianos: JHC se equilibra entre Calheiros e Lira ao ser peça chave na nomeação de Marluce Caldas
JHC na nomeação de Marluce Caldas ao STF - Foto: Redes Sociais

A cerimônia simbólica que oficializou a indicação da procuradora alagoana Marluce Caldas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), realizada na noite de quinta-feira, 10, no Palácio da Alvorada, evidenciou um realinhamento político de grandes proporções, com impactos diretos nas eleições de 2026. Entre os presentes, estavam o presidente Lula (PT), o deputado federal Arthur Lira (PP), o ministro Renan Filho (MDB) e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL) — sobrinho da indicada ao STJ.

A presença de Lula, Lira, Renan e JHC em um mesmo ambiente, trocando gestos amistosos, expôs um acordo costurado silenciosamente nos últimos meses, com participação direta da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT). Marluce Caldas, que já havia liderado a lista tríplice do STJ com 17 votos, teve sua indicação adiada por nove meses por conta da disputa entre os grupos de Arthur Lira e Renan Calheiros.

E a peça central para desamarrar esse nó era JHC, que precisaria abrir mão de alguns aliados e fechar acordos políticos que, inicialmente ele, alegadamente, jamais faria, como unir-se aos Calheiros.

Segundo bastidores em Brasília, o prefeito de Maceió teria se comprometido a deixar o PL — partido do ex-presidente Jair Bolsonaro — e migrar para uma sigla mais alinhada ao governo Lula, como o PSB. Em troca, além da nomeação de sua tia ao STJ, JHC teria sinalizado a disposição de não disputar o Senado ou o governo de Alagoas em 2026, abrindo espaço para a reeleição de Renan Filho e reforçando a candidatura de Lira à única vaga de senador pelo estado. O gesto foi visto como sinal de maturidade política por aliados do governo e interpretado como uma aproximação definitiva entre JHC e o Palácio do Planalto.

A movimentação foi reforçada pela atuação de Arthur Lira na Câmara dos Deputados. No mesmo dia da cerimônia, o parlamentar apresentou seu parecer favorável ao projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda, mantendo pontos essenciais do texto enviado pelo governo federal. O gesto foi interpretado como parte do acordo costurado com Lula, no qual o avanço da pauta econômica do Planalto se conectou diretamente à liberação da nomeação de Marluce.

Nas redes sociais, o ministro Renan Filho parabenizou Marluce e posou ao lado de JHC, rompendo simbolicamente com uma longa tradição de rivalidade entre seus grupos políticos. “Estou certo de que a primeira mulher alagoana a assumir a função conduzirá seu trabalho com o mesmo afinco e dedicação que marcaram sua carreira no Ministério Público”, escreveu Renan. Já Arthur Lira celebrou a conquista de Marluce como um marco para o Judiciário e para as mulheres alagoanas, mencionando também o trabalho do ministro Humberto Martins, outro alagoano no STJ.

A nomeação da procuradora, além de histórica por sua relevância jurídica, provocou uma reconfiguração nas alianças políticas de Alagoas. JHC, até então visto como possível candidato ao Senado ou ao governo estadual, agora é cotado para permanecer no cargo até o fim do mandato, priorizando o fortalecimento de sua base e uma possível projeção nacional futura. A movimentação também enfraquece o discurso de oposição bolsonarista no estado, ao mesmo tempo em que fortalece o campo governista com um nome de centro e boa aprovação popular.