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Artistas de Arapiraca que, se você não conhece, deveria conhecer
Ontem foi o dia da emancipação política de Arapiraca, e eu acho curioso de perceber como, artístico-culturalmente, boa parte de nós ainda não se emancipou. Continuamos valorizando pouco o que as pessoas da nossa terra estão produzindo.
Então vou fazer uso desse espaço pra falar do que eu mais gosto dentre o que está sendo feito aqui.
{E reforço: é tudo amparado no meu gosto pessoal. Se tu tem uma lista, aproveita e manda ela pra galera. Faz tua parte também.}
Casa da Mata
É uma das minhas bandas preferidas da vida toda. Os vocais rasgam sua alma e seu coração sem dó, as guitarras moldam suas emoções de uma forma inacreditável, as linhas do baixo pegam na sua mão e lhe levam pelo caminho que a bateria vai lhe guiar, que é o desse rock setentista, cheio de poesia e daqueles sentimentos que você reconhece em si mesmo de imediato assim que ouve alguém cantar. Comece por "Hoje é o Fim de Tudo". Você vai saber do que eu estou falando.
Quiçaça
Temas rurais cantados em um reggae recheado de marcas do rock. Quiçaça vai fazer você olhar com cuidado pro interior [geográfico e emocional] e vai lhe apresentar a psicoledia que é o dia-a-dia duro daqueles sobre quem a banda canta. Comece por "Pega de Boi". Depois disso é impossível parar.
Jaiane Beatriz e Lari Nolasco
As duas lançaram "Algodão Doce" recentemente. Livro de poesia publicado pela editoria Ipê Amarelo. Elas falam como ninguém do amor ao feminino, mas não ao feminino que a sociedade masculina nos fez imaginar. É o feminino das mulheres reais, da delicadeza crua, do rugido melódico, dos paradigmas bonitos que nos fizeram achar horríveis, coisa de bruxa. Vão atrás do livro.
Breno Airan
Me parece roubo colocar o Breno aqui, já que ele canta e toca baixo na Casa da Mata, mas eu adoro o trabalho individual dele. Breno é um alquimista das palavras, um cientista da poesia. Lhe fazer rever e transver os termos que você até já conhece, só nunca os viu daquela forma. No Instagram, ele publica Haicais e poemas mínimos, que parecem aquele drible do camisa 10 tirado da cartola na hora do sufoco. Ele tem também um perfil no Instagram chamado "Relivro", onde faz resenhas de suas leituras. Lançou um livro de poesia pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, o "Meio Chá de Pólvora".
Marta Eugênia
É um dos nomes mais consagrados [se não o mais] da poesia de Arapiraca - gerando até uma banda na cidade com nome em sua homenagem, os "Filhos da Marta", que vale conferir também. Sobre palavras é bem mais difícil escrever, e sobre as dela especialmente. É coisa de experiência. Ler aquilo em voz alta e sentir como te atravessa. Eu só digo que procurem. É sem erro.
Cícero Brito
Cícero pinta com sensibilidade o seu olhar sobre a natureza, o chamado urgente dela, o pedido desesperado do planeta pelo cuidado. É verdadeiramente comovente.
Vejam @cicerobrito.arte no Instagram e me digam se não sentem o mesmo.
Pedro Pereira
Pedro é um ilustrador e quadrinista. Dos seus 3 gibis publicados eu tenho 2, e digo sem exagero que algumas das obras contidas neles são coisas das mais sensíveis que já li. Eu indico muito o seu "Tricrônicas". Leiam nele o quadrinho sobre o assovio. Em mim fez desabrochar no peito algo bom, e no rosto, um ar de graça.
No Instagram ele é @opedro.p7.
Lorena H
Com poucos traços, Lorena deixa seus olhos encantados pela imagem. Parece uma arte de sugestão. Ela lhe dá o percurso aos poucos, e o gosto de quero mais que vem dali lhe hipnotizam. Você quer todos aqueles desenhos pra você. Comigo, pelo menos, é assim.
Procurem por @lorhln e tirem suas próprias conclusões.
Lena Gonzaga
Das pinturas e ilustrações dela, me vêm a dureza que há em toda delicadeza. É tão lindo quanto forte. Parece leve à mesma medida que chega como a sensação de uma pancada que a vida lhe dá no meio da distração.
Ela mostra tudo isso no @elaeelamesma no Instagram.
Jucielly Soares
Sobre fotografia eu posso falar muito pouco, já que o que entendo a respeito é praticamente nada, mas o jeito que as lentes de sua câmera desnudam a realidade dos instantes capturados é poético.
Procurem por @oolhardeju no Instagram.
Vitória Firmiano
Vitória tem uma das minhas vozes preferidas. É doce e reconfortante, embora essa doçura me soe muito mais como uma postura ativa, escolhida como resposta e posição frente a esse mundo rude.
Está pra lançar um EP com Milla Souza, com quem mantém o Duo "Versos de Cambraia".
De suas canções, me ficou na cabeça o refrão "preta/ passa lá em casa, tem bebida no meu quarto/ quero ler para você", e eu não consigo deixar de pensar no quão político isso é.
Zé de Quinô
É um cordelista combativo, antifascista, e que sabe bem como usar seus versos na luta por um Brasil menos desigual. Zé é sempre assertivo e toca sempre nas feridas que vemos tão abertas no nosso cotidiano.
~Vinil e Pub 13
Não podia deixar de falar desses lugares, já que boa parte dessa arte e desses artistas transitam livremente nesses dois bares. O lugar do rolê e o mundo invertido. O palco das artes e o portal mágico. Boa parte do sangue das veias da cena, é bombeado aí.
Luciano Felizardo
Luciano é escritor e sua cabeça gira em torno disso. Nesse espaço, vai falar sobre obras de arte (filmes, livros, músicas, etc) e as reflexões que teve a partir delas. Além de, vez e outra, tentar simplificar e trazer para o nosso cotidiano alguns conceitos de filosofia, política e psicologia - área na qual vem se graduando pela Ufal.
Suas obras podem ser adquiridas no site da Editora Ipê Amarelo ou entrando em contato com ele através do Instagram (@vezeoutrapoesia).