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Já leu Demolidor Amarelo?
O texto de hoje é mais ou menos uma indicação de leitura.
Nos dois últimos episódios de She-Hulk [que encerrou sua primeira temporada semana passada], pudemos ver o Demolidor, personagem dos gibis e interpretado pelo Charlie Cox, tanto aqui como na série feita pela Netflix - que tem seu nome no título.
O personagem já era bem conhecido e tem um material bem extenso nos quadrinhos, onde teve um sucesso enorme na década de 80 - chegando até mesmo a inspirar os criadores das tartarugas ninjas, outro sucesso multimídia. Demolidor tem filme próprio (horrível, por sinal) e a partir de 2015, teve sua série também.
Eu não sou a pessoa que mais circula pela internet, então perguntei a um amigo (obrigado, Ernesto) como foi a recepção do episódio nas redes. Pelo que me parece, teve gente que gostou e gente que surtou de raiva, mas principalmente, gente que surtou de raiva.
Talvez eu até entenda. A série do personagem pela Netflix é bem sombria, tem uma pegada bem violenta e, até certo ponto, pé no chão. Essas características diferem bastante de basicamente tudo no MCU, e pra aparecer nele, é de se esperar que o personagem acabe se enquadrando às características do studio.
E o que eu acho disso?
Acho proveitoso.
Não me entenda errado, eu provavelmente sou o maior fã do planeta da série feita pela Netflix, já a assisti do começo ao fim umas 3 vezes e pretendo ainda assistir mais algumas, mas o personagem tem outras facetas que eu gostaria de ver em tela.
Adaptações são sempre isso, e usar essa palavra até me alivia, porque ela é bem autoexplicativa. Um personagem de gibis tão longevo quanto esse passou pela mão de vários escritores e teve várias nuances trabalhadas, várias perspectivas exploradas ao longo de décadas, e o Demolidor Amarelo é uma delas.
Quando foi criado pelo Stan Lee, o personagem usava essa roupa com cores esquisitas e tinha uma pegada bem mais leve. A partir da passagem do Frank Miller pelo título, as histórias ganharam um clima bem mais tenso, é verdade, mas também não é característica exclusiva do personagem. Quase todo herói ficou mais ou menos assim depois do Frank Miller - inclusive o Batman como conhecemos hoje, só conhecemos por causa do dedo desse autor.
E nem precisa voltar tanto, nem é preciso revisitar as primeiras histórias do Matt Murdock. Década passada o título contou com os roteiros de Mark Waid, que tinha justamente a proposta de trazer o personagem pra um tom de maior leveza.
"Tá, mas e o gibi que você ia indicar?"
Verdade, tem ele também.
Há um tempo atrás a Marvel lançou uns gibis escritos pelo Jeph Loebe que tinham como premissa a retomada dos ares de antigamente. Gibis que relembrassem as primeiras aventuras dos heróis, e no caso do Demolidor, alguns dos primeiros amores também. Foram eles Capitão América Branco (2008), Hulk Cinza (2003), Homem-Aranha Azul (2013) [li umas 3 vezes - chorei umas duas] e o Demolidor Amarelo (2001).
Pra não dar spoiler do gibi em questão, vou falar sobre o do Homem-Aranha pra você ter uma ideia. Em Homem-Aranha Azul o Peter Parker, no dia dos namorados, está gravando uma fita pra Gwen Stacy, que foi seu primeiro grande amor... e que já morreu. Imagine.
Em Demolidor Amarelo, Matt vai relembrar seus primeiros dias como combatente do crime e como advogado, suas primeiras sensações, seus motivos, e principalmente, vai relembrar o que sentia (e ainda sente) por Karen Page. É forte. Delicado. Angustiante, às vezes. Emocionante, com certeza.
Minha experiência foi profunda. Saí da história bem abalado, mas lembro dela com muito carinho. Você encontra ele fácil na internet, até mesmo em PDF.
Indico mesmo. Boa leitura, e boa sorte!
Luciano Felizardo
Luciano é escritor e sua cabeça gira em torno disso. Nesse espaço, vai falar sobre obras de arte (filmes, livros, músicas, etc) e as reflexões que teve a partir delas. Além de, vez e outra, tentar simplificar e trazer para o nosso cotidiano alguns conceitos de filosofia, política e psicologia - área na qual vem se graduando pela Ufal.
Suas obras podem ser adquiridas no site da Editora Ipê Amarelo ou entrando em contato com ele através do Instagram (@vezeoutrapoesia).