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Era democrática. Breve relato dos legados dos presidentes.

Por Márcio Pedro 27/06/2021 11h11 - Atualizado em 28/06/2021 09h09
Por Márcio Pedro 27/06/2021 11h11 Atualizado em 28/06/2021 09h09
Era democrática. Breve relato dos legados dos presidentes.
democracia - Foto: Google

Iniciada após a abertura política, que teve seu ápice na primeira eleição presidencial, em 1989, após o fim das eleições indiretas onde se elegeu o mais novo presidente da República vindo das Alagoas chamando Fernando Collor de Mello, o caçador de marajás que se transformou no caçador da caderneta de poupança da população. Iniciava aqui também a corrupção no viés democrático, desmandos, o PC Farias. Mas a chegada do visionário Collor abriu o Brasil para o mundo com sua política externa agressiva e assertiva fazendo nossa balança comercial pender para o lado de cá. Cleto Falcão escreveu o livro “10 anos de silêncio”, o qual indico a leitura, que conta um pouco as aventuras de Collor no exterior apresentando o Brasil aos gringos. Sucumbiu ao impeachment no final de 1992.

Collor abriu a estrada para Fernando Henrique Cardoso dar continuidade a economia, mas antes, este intelectual nada popular, filiado ao PSDB, tinha outro desafio pela frente, cuidar da inflação galopante da época. Sem carisma, e pouco voltado ao assistencialismo popular foi chamado em alguns momentos de presidente dos ricos. Porém, astuto como sempre foi, montou uma equipe de profissionais do mercado financeiro e bolou um plano para dominar a inflação que chegava a 5000% ao ano em 1994. Surgiu assim o plano Real, uma moeda nova cunhada a necessidade de sobrevivência econômica em relação a macroeconomia que em menos de um ano derrubou a inflação para 30% a.a. Instituiu a péssima ideia de reeleição na política o qual foi o primeiro a se beneficiar no poder por mais quatro anos, e que nos acompanha até os dias de hoje.

O plano real deu muito certo e então como recebeu uma estrada construída por Collor, entregou uma via pavimentada a um ex torneiro mecânico teimoso em ser presidente do Brasil. Com a abertura comercial em curso, uma moeda forte, faltava reduzir a desigualdade social local, e assim Luiz Inácio Lula da Silva trilhou por esse caminho em 2003 quando começou seu mandato que duraria 8 anos no poder, mas a estrela da prosperidade escondeu nesse tempo um lado obscuro de corrupção sistemática que se enraizava em qualquer novo contrato público, descendo a pirâmide política e ensinando até os vereadores de pequenas cidades a prática nada honrosa, apesar de ser o presidente que mais deu autonomia a policia Federal para investigar denuncias de corrupção. Conseguiu melhorar a vida de um povo sofrido, mas quem dava com uma mão puxava pela outra, não especificamente o presidente, mas de forma permissiva consciente ou inconscientemente fechou os olhos à sua corja inescrupulosa, os quais foram presos aos montes . Aproximou o pobre da classe média, o que causou grande ciúmes entre classes, melhorou as oportunidades de emprego e o pobre pela primeira vez pôde andar de avião. A educação também evoluiu em termos práticos, mas com carência no didático.

Diante do gosto pelo poder, Lula queria continuar perpetuamente, e lapidou sua ex ministra de Minas e energia Dilma Rousseff para ocupar a cadeira presidencial, e conseguiu. Dilma herdou de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um país que crescia 7,5%, com baixa taxa de desemprego, inflação controlada e investidores animados. Atrapalhada e inábil para o cargo que ocupava, foi perdendo o controle da gestão. Rodeada de raposas, uma delas, que comia na mesma mesa, chamada de Michel Temer, foi o estopim para cada vez mais o Brasil cair em descrédito com o partido dos trabalhadores que a cada dia vinha perdendo as conquistas de 8 anos atrás, e aumentando os escândalos de corrupção. Agindo como uma pessoa que achava que iria ganhar na loteria Dilma saia gastando o que não tinha. Começou aí o início do seu fim. Mas Dilma também trouxe conquistas importantes para o país, não há de se negar isso. O fortalecimento de políticas de inclusão, sancionou a lei anticorrupção, aumentou demasiadamente os programas de habitação populacional, mas isso não foi o bastante para impedir que Michel Temer usurpasse seu lugar favorecendo o segundo impeachment da era democrática.

Cada presidente que por aqui passou, deixou sua marca, seus benefícios e malefícios, mas é importante salientar que não é fácil gerir um país continental e complexo como o Brasil. Eles deram sua contribuição, pois é assim que caminha a humanidade, com erros e acertos, e nossa democracia ainda é nova se comparando a Europa, mas está tomando forma, e em breve com o legado dos que ainda vierem, que a nação verde e amarela mostre sua cara ao mundo como nação resiliente e forte.

Não toquei aqui nos vices presidentes que se tornaram presidentes nesse período, por entender que, por mais que tentassem, só conseguiram seguir o plano traçado por seu anterior, uma melhoria aqui, outra acolá, apenas. Também não acrescentei o governo do Jair Bolsonaro nesse momento, por entender que é um governo sem mandato concluído, o que não seria justo uma avaliação mais profunda do seu legado. É tempo de aguardar.