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O dilema dos contratados em prefeituras de Alagoas
Não bastasse alguns prefeitos e vereadores autoritários, o funcionário público contratado pelo governo municipal ainda sofre um dilema desde a sua contratação até sua exoneração, e sua situação agrava com as reeleições.
O início de carreira de um contratado pelos municípios alagoanos é curta, monitorada, de remuneração baixa, ou como forma da famosa “rachadinha”, sem substância profissional e de pouca experiência para acréscimo em seu currículo, sem poder ter uma opinião contrária a liderança pública, sem direito a décimo terceiro salário, nem férias e outros benefícios, em um ambiente onde a fofoca ganha espaço constante. É um sacrifício para quem enfrenta, mas é uma das poucas maneiras de oferta de emprego, onde o já subemprego nas empresas, lojas, farmácias e mercadinhos particulares dessas cidades é uma outra solução de caráter remuneratório não muito atraente.
Tudo começa quando o político vencedor, oferece um contrato de trabalho abaixo da expectativa do eleitor que pulou e balançou bandeira de campanha achando que iria ganhar um queijo e recebeu uma mortadela, mas é pegar ou largar, e o eleitor, sem outra possibilidade econômico/social aceita a oferta.
A segunda etapa é o local de trabalho que muda a todo momento, de acordo com a conveniência do superior setorial, e a necessidade remanejamento para outro setor necessitado. Se torna um funcionário multiuso, mas sem qualificação e aprendizado real da função.
A próxima etapa é a de relacionamento e divisão de tarefas, onde tudo é muito confuso, onde a hierarquia perde espaço para o relacionamento de proximidade com o político, e muitas das vezes com familiares do político, o que torna o local de trabalho uma autocracia.
Essa situação aqui apresentada não é prerrogativa de um ou outro político, mas da grande maioria dos prefeitos e vereadores dos pequenos municípios, que acham que o contrato oferecido, e pago com dinheiro público pode ser alocado para seu uso pessoal na forma de manipular, ofender e demitir sem razão técnica/profissional alguma.
Entre trancos e barrancos, desconfianças e assédio moral, o tempo vai passando até a chegada das próximas eleições.
A turma de contratados logo é convocada para o pelotão de frente, são chamados para trabalharem de animadoras de torcidas nas passeatas, visitas e comícios. Qualquer justificativa de não poder participar, abre caminho para uma investigação mais profunda dos espiões ideológicos nas redes sociais, no que anda falando nas esquinas, no comportamento silencioso do contratado(a), tentando encontrar algum indício de traição. E ai daqueles que não fizer hora extra não remuneradas, e trabalhos aos finais de semana. Alguns até gostam, outros se acostumaram, mas ainda existe uma parcela significativa e sensata que sonha em um dia, não ter que passar por esse dilema e apenas ser reconhecidos pela sua força de trabalho, pelo seu profissionalismo.