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A reforma da previdência chegou em Alagoas
Alguns incautos comemoram o fato de Temer ter retirado do texto da Reforma da Previdência os militares federais e os servidores estaduais e municipais. Mas já foi feito o ultimato, Estados e Municípios, na prática, serão obrigados pelo governo central a implementar as mesmas mudanças danosas a quem já vem recolhendo a contribuição previdenciária.
Mais do que pressionar Estados e Municípios, o governo federal, este mesmo composto por canalhas da pior espécie, iniciou uma verdadeira campanha de linchamento dos servidores públicos. Em algumas peças publicitárias veiculadas na TV em horário nobre, a má-fé fica clara quando Temer, PMDB e PSDB colocam o servidor público na mesma vala fétida que os componentes do governo ocupam. Tudo isso, claro, com o apoio do braço “apolítico” do governo, o Movimento Brasil Livre e seus grupos satélites. Uma verdadeira campanha de ódio ao serviço público.
Não, nem de longe a maioria absoluta dos servidores tem vantagens sequer parecidas com as dos políticos, e algumas "pequenas, grandes, pequenas mesmo", classes de servidores públicos! Em Alagoas, 60% dos servidores estaduais recebem menos de R$ 2340,00. Basta que se observem os editais de concursos públicos municipais para saber que nas prefeituras a porcentagem de trabalhadores que recebe menos que três salários mínimos é ainda maior.
É injusto julgar a totalidade de servidores públicos como verdadeiros marajás, por conta de pensões, penduricalhos e acumulações recebidos por magistrados e promotores, ou das pensões de militares federais baseadas em regimes previdenciários antigos. Não tem como colocar servidores públicos efetivos e políticos no mesmo lado da balança, pois aqueles em sua maioria trabalham e fazem jus a vencimentos e previdência decentes e justos, o que é inversamente proporcional no caso dos nossos representantes eleitos.
O fato é que o aumento da expectativa de vida média do brasileiro somado a mudança de perfil na nossa pirâmide etária, estamos nos tornando um país de muitos idosos, demandam sim ajustes no sistema previdenciário. Mas nem todo mundo calça 40! Para ser justa, a legislação precisa observar as peculiaridades de cada região do país, os mais diversos tipos de profissões e os diferentes regimes de trabalho. Com uma regra única, a igualdade se torna sinônimo de injustiça neste caso. Em muitas regiões do Brasil as pessoas não chegam aos 60 anos de idade, em média!
Mobilizar a população, parar o rolo compressor do governo Temer, discutir e construir juntos as propostas de ajustes à previdência, contribuintes, profissionais e membros do poder público. Mesmo não tendo atingido a maturidade de povos como os do Chile ou da França, este é o desafio que enxergo como o caminho justo. É inadmissível que a população seja convencida a aceitar ou recusar uma proposta feita por um pequeno grupo político com base apenas em propagandas enganosas e discursos apocalípticos, tanto de um lado como do outro!
É preciso que o povo tenha conhecimento verdadeiro, e com detalhes, de números e argumentos. Os representantes do governo, os acadêmicos, os profissionais da economia precisam sentar com a população, olho no olho, em cada parte do país. É impossível desenvolver políticas púbicas justas e eficazes encastelados em palácios, plenários e bancos.
Bruno Euclides
Bruno Euclides: Arapiraquense e Alagoano na essência, oficial da PMAL, ex-presidente do ASA de Arapiraca e eterno inconformado com as injustiças.
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