Oficinas do Cine Manguaba revelam novos talentos e jovens vivem descobertas no audiovisual
Participantes destacam acolhimento, aprendizado técnico e oportunidades que vão além da sala de aula
As oficinas do Cine Manguaba movimentaram o IFAL – Campus Marechal Deodoro e já começam a transformar a relação dos jovens com o audiovisual. Desde segunda-feira, 1º, alunos do instituto e moradores de diferentes comunidades participam gratuitamente das formações de Produção de Filmes com Celular, ministrada pelo fotógrafo e produtor cultural Diego Schmidt Jr., e de Roteiro e Elaboração de Projetos Audiovisuais, conduzida pela atriz, diretora e arte-educadora Kika Sena.
Para Diego Schmidt Jr, o impacto da oficina é visível: “Tivemos cerca de 30 inscritos e dividimos a turma em quatro grupos, cada um responsável por um curta-metragem. É muito legal ver como eles escolhem a temática, tomam decisões criativas e se descobrem no processo”, relata. As produções incluem um documentário sobre as aulas de capoeira, uma comédia com toque de suspense e dois curtas de suspense criados integralmente pelos participantes.
O oficineiro destaca ainda o efeito transformador do aprendizado: “Uma das meninas disse que lida com celular a vida toda e só agora percebeu que pode ser cineasta com o que tem em casa. Eles estão se descobrindo e descobrindo o audiovisual como futuro de verdade” conta o fotografo.”
Diego também elogia a organização do festival: “A produção da Thaís, da Lidiane e do Glauber está perfeita. O IFAL nos acolheu super bem. Eu só preciso me preocupar em dar aula. Se plantarmos algumas sementes aqui, já estamos formando novos profissionais.”
Entre os participantes, as histórias são diversas — e inspiradoras. Pedro Paulo, que se descreve como “nômade analógico”, encontrou na oficina uma oportunidade única: “Eu já produzia vídeos para marketing, mas cinema é diferente. Isso vai somar muito na minha vida viajando pelo Brasil. Pode até me transformar em um nômade digital”, brinca.
Rafael Batista, de 13 anos, morador de Marechal Deodoro, também vive um marco importante na trajetória pessoal e profissional. Autista de nível 1, ele conta que enfrentava inseguranças para participar de atividades coletivas, mas a oficina mudou sua perspectiva. “Todo mundo foi muito acolhedor. Estou aprendendo coisas novas e isso está sendo muito importante para mim. Quero dizer aos outros jovens autistas que não deixem o transtorno definir quem eles são. Eu já fui considerado o pior aluno, e hoje entrego resultados de mais de 200% para meus clientes nas redes sociais”, explica o adolescente.”
Motivado, Rafael já pensa no futuro. “Essas aulas vão agregar muito no meu trabalho. Quero montar um podcast e uma equipe de mídia na minha escola, no ano que vem.”
Na oficina de roteiro, as descobertas também florescem. A oficineira Kika Sena celebra a troca com os participantes. “Eles estão interessados, perguntam, dialogam. Eu reforço sempre que podemos fazer cinema aqui mesmo, com pouco, com uma ideia. Não é algo restrito a quem tem acesso a grandes escolas”
Kika, que já brilhou nas telas com atuações premiadas, explica que a oficina foca nos fundamentos da criação: sinopse, argumento, logline, construção de personagens e estrutura narrativa. “O objetivo não é sair com um roteiro pronto, mas exercitar a criatividade e entender como as histórias nascem”, diz.
A artista também compartilha um pouco de sua própria trajetória. Um dos curtas que será exibido na Mostra Cine Manguaba foi realizado, por ela, de forma totalmente independente: “Gravamos com o celular, no quintal da casa da minha mãe, na Praia do Francês. Era uma ideia simples, que virou filme. Quero que eles entendam que é possível.”
Para estudantes como Keizyanny Luiza, estudante do 1º ano do curso de Guia de Turismo no IFAL, a oficina tem sido um momento de descoberta e motivação. “Aprendi muito sobre filmes e histórias. Minha família ficou muito feliz e me incentivou”, conta a estudante, completando também que as oficinas irão ajuda-la na carga horária flexível do curso.
A programação do Cine Manguaba continua até domingo, dia 7, com sessões de filmes, debates, mostras especiais e atividades gratuitas em diversos pontos de Marechal Deodoro.
O Cine Manguaba é realizado pela Associação Artística Saudáveis Subversivos, por meio da Lei Paulo Gustavo, com apoio da Secretaria de Estado da Cultura e da Economia Criativa, Governo de Alagoas, Ministério da Cultura, Governo Federal e IFAL – Campus Marechal Deodoro.
Veja a programação no instagram @cinemanguaba e abaixo:
MOSTRA DEODORENENSE – 04/12 – 18h30 – IFAL
Filmes exibidos: Nelson da Rabeca — Dir. Celso Brandão (AL); Meninos do Francês — Dir. Duda Bertho (AL); O Que Meu Corpo Fala — Dir. Valéria Nunes (AL); Dédão, o Caçador de Polvos — Dir. Pablo de Luca (AL); Memória como Lugar de Origem — Dir. Kika Sena (AL).
MOSTRA CINEMA E MÚSICA – 05/12 – 19h – Centro Histórico
Dona Benedita — Dir. Celso Brandão (AL); O Canto — Dir. Isa Magalhães e Izabela Vitório (AL); Maracatu Maracatus — Dir. Marcelo Gomes (PE); Menina Se Quere Vamo — Dir. Juliana Barretto e Nicole Freire (AL); Cantoria — Dir. Arthur Lins e André Lopes (PB)
MOSTRA CORPO, MOVIMENTO E ESPORTE – 06/12 – 19h – Corredor Verde (Praia do Francês)
Ana Parideira — Dir. Juliana Barretto (AL); Meninos do Francês — Dir. Duda Bertho (AL); Memória como Lugar de Origem — Dir. Kika Sena (AL); Como Se Ninguém Estivesse Olhando — Dir. Gi Ismael (PB); Diálogo — Dir. Coletiva (AL); Samuel Foi Trabalhar — Dir. Lucas Litrento e Janderson Felipe (AL).
MOSTRA CINEMA E MEIO AMBIENTE – 07/12 – 19h – Sessão na Vela da Jangada (Massagueira)
Ciranda Feiticeira — Dir. Lula Gonzaga e Tiago Delácio (PE); Cavaram uma Cova no Meu Coração — Dir. Ulisses Arthur (AL); Minha Amiga Gilza — Dir. Pedro Bomba (SE); A Nave Que Nunca Pousa — Dir. Ellen Morais (PB); Cósmica — Dir. Ana Bárbara Ramos (PB); Mar de Dentro — Dir. Lia Letícia.
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