Perícias confirmam morte acidental de casal por intoxicação com monóxido de carbono em Igaci

Por Assessoria 07/10/2025 15h03
Por Assessoria 07/10/2025 15h03
Perícias confirmam morte acidental de casal por intoxicação com monóxido de carbono em Igaci
Pericia alagoana - Foto: Assessoria

Um caso que abalou os moradores de Igaci, no Agreste alagoano, foi finalmente desvendado. As perícias criminais realizadas sobre o casal encontrado morto dentro de um carro em 14 de setembro confirmaram que a causa das mortes foi acidental, por intoxicação de monóxido de carbono.



Os resultados das investigações foram apresentados em uma coletiva na sede do Instituto de Criminalística de Maceió. Larissa Viana dos Santos e José Jadilson, ambos de 19 anos, faleceram devido à inalação de monóxido de carbono – um gás tóxico, incolor e inodoro que se infiltrou silenciosamente no veículo.



O perito criminal chefe do Instituto de Criminalística de Maceió (ICM), Charles Mariano, destacou a cena do ocorrido. A perita criminal Daniele Araújo descartou a hipótese de homicídio, explicando no laudo que não havia sinais de violência nem qualquer desordem que indicasse luta ou ação de terceiros.



A elucidação da causa da morte começou no Instituto Médico Legal (IML) de Arapiraca. O perito médico-legista Carlos Alexandre Hora, após analisar os dados da inspeção externa e das cavidades, afirmou inicialmente que Larissa morreu por asfixia devido ao monóxido de carbono.



Para assegurar a precisão dos resultados, foram coletadas amostras de sangue, conteúdo estomacal, urina e humor vítreo para exames toxicológicos, realizados no Laboratório Forense do Instituto de Criminalística pela perita criminal Lívia Rocha.



"O exame confirmou a presença de 49,6% de carboxiemoglobina no sangue de Larissa, um nível considerado altamente tóxico e potencialmente fatal. A análise também descartou o consumo de álcool ou outras substâncias.



A saturação de carboxiemoglobina eleva-se rapidamente com a exposição prolongada ao gás, e os efeitos variam de acordo com fatores individuais, como peso corporal e condições de saúde", explicou a perita Lívia Rocha.



José Jadilson chegou a ser socorrido com vida, o que pode justificar a ausência de indicadores laboratoriais de intoxicação por CO em suas amostras. Contudo, ele não resistiu e faleceu pouco tempo depois, reforçando a conclusão de morte por causas similares.



A peça final desse quebra-cabeça veio com a análise técnica do veículo, um Volkswagen Fox de placa NME-8494, conduzida pelo perito criminal Nivaldo Gomes Cantuária. O exame visou verificar possíveis adulterações e identificar falhas no sistema de escapamento.



Câmara letal



Utilizando um moderno detector de multigás – um instrumento robusto e confiável para monitorar a presença de até quatro gases perigosos simultaneamente, com Leitura do Limite Inferior de Explosividade (LIE), o perito confirmou a presença de altas concentrações de monóxido de carbono dentro do carro, inicialmente 39 partes por milhão (PPM), após 23 minutos com os equipamentos ligados no interior do veículo, com valores em ascensão.



"O exame apontou que o gás estava sendo liberado por um pequeno vazamento entre o coletor e o tubo de escape do motor, causado, possivelmente, por ruptura da junta de vedação. O monóxido de carbono se acumulava no compartimento do motor e, através dos dutos de ventilação, era conduzido para o interior do veículo, transformando o carro em uma câmara letal", afirmou Cantuária.



"Diante dos laudos, não temos dúvida de que a morte foi acidental, provocada por asfixia devido à inalação de monóxido de carbono, em circunstâncias tecnicamente compatíveis com falha mecânica e exposição prolongada dentro do veículo. Essa tragédia serve como alerta para a importância da manutenção preventiva dos veículos e da atenção a sintomas de intoxicação por CO, que pode causar sonolência, confusão mental, náuseas e, em casos graves, levar à morte silenciosa", reforçou o chefe especial do ICM, Charles Mariano.



Durante a coletiva de imprensa, o delegado Antônio Edson, responsável pela investigação, prestou esclarecimentos. Ele destacou que, com base nas perícias realizadas pelo Instituto de Criminalística, a polícia dará continuidade ao inquérito nos próximos dias.





"Com os laudos periciais em mãos, vamos agora avançar na investigação. Na próxima semana, iremos intimar os familiares e as testemunhas para ouvi-los formalmente. Ao final desse processo, vamos confrontar os resultados da perícia com as informações colhidas durante as investigações, para então concluir o inquérito. A tendência é que seja caracterizada a morte como acidental. Com isso, o inquérito será finalizado e encaminhado à Justiça, com pedido de arquivamento", explicou o delegado.