Testemunha denuncia que avião que caiu há 1 ano e deixou 62 mortos teve falha omitida em diário de bordo horas antes de decolar

Quase um ano após a queda do voo da Voepass, que matou 62 pessoas em Vinhedo (SP), um novo depoimento traz revelações impactantes sobre as horas que antecederam o acidente. Um ex-funcionário da área de manutenção da companhia, ouvido com exclusividade, afirma que uma falha crítica no sistema de degelo do ATR 72-500 foi identificada pelo piloto na noite anterior ao desastre, mas não foi registrada no diário de bordo da aeronave — o Technical Log Book (TLB).
Sem esse registro formal, o problema foi ignorado pela liderança de manutenção e o avião decolou para Cascavel na manhã seguinte, culminando na maior tragédia aérea no Brasil em quase duas décadas.
Segundo o relato, a falha foi comunicada verbalmente por um comandante que havia pilotado a mesma aeronave horas antes. Ele relatou que o sistema de degelo desligava sozinho durante o voo, algo que jamais deveria ocorrer. Ainda assim, por conta da omissão no TLB — documento obrigatório e regulamentado pela aviação comercial —, a equipe de manutenção não tomou providências. A aeronave, identificada como PS-VPB, foi liberada para voar com destino a uma região com previsão de gelo, mesmo sem a funcionalidade crítica que garante a segurança em tais condições.
A Voepass afirmou, em nota, que sempre priorizou a segurança de suas operações e que atua em conformidade com exigências regulatórias. A empresa não quis conceder entrevista.
O ex-funcionário também denunciou a cultura interna de pressão para evitar que aeronaves ficassem paradas, o que teria contribuído para o desprezo por alertas técnicos. Ele relata que, durante a madrugada do acidente, a equipe de manutenção estava reduzida e sobrecarregada, focada na liberação de outra aeronave, enquanto o ATR 72-500 foi apenas submetido a ajustes rotineiros, sem a devida investigação da falha no sistema de degelo.
A caixa-preta do voo 2283 confirmou que o sistema de degelo foi acionado três vezes durante o voo, sem resposta efetiva. Dois minutos antes da queda, o copiloto chegou a mencionar a presença de "bastante gelo" na fuselagem. Especialistas em engenharia aeronáutica reforçam que o acúmulo de gelo pode alterar a aerodinâmica do avião e comprometer sua sustentação, sendo proibido por regulamento voar nessas condições sem o pleno funcionamento do sistema de proteção.
Além do Cenipa, que conduz a investigação técnica, a Polícia Federal e a Anac também apuram o caso. A PF já considera confirmada a falha no degelo como causa mecânica do acidente, e agora busca identificar responsabilidades humanas. Segundo os investigadores, o objetivo é entender como decisões operacionais, omissões e pressões internas podem ter contribuído diretamente para a tragédia.
O ATR 72-500 envolvido no acidente já acumulava histórico de problemas, segundo o mesmo ex-funcionário. Ele cita episódios de falhas no sistema de pressurização e até um tail-strike (quando a cauda toca o solo durante pouso ou decolagem), além de constantes voos com listas extensas de ações corretivas pendentes (ACR). O uso sistemático desse protocolo, permitido por lei para postergar manutenções em condições específicas, teria sido explorado ao limite pela empresa.
A Agência Nacional de Aviação Civil, em nota, informou que acompanha os desdobramentos desde agosto de 2024 e que todas as denúncias seguem processos de apuração conforme a legislação. A Anac também confirmou que a aeronave possuía documentos válidos de aeronavegabilidade e que os tripulantes estavam com licenças em dia.
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