Nesta semana, o cantor e compositor arapiraquense Janu Leite compartilhou com os seguidores do Instagram que se tornou membro votante do Grammy Latino em maio. O Portal Já é Notícia conversou com o artista para saber como tem sido essa experiência. 

Janu conta que fez o processo de filiação e foi pego de surpresa ao receber um e-mail com a notícia sobre a aprovação. Ele destacou também a importância de ocupar esse espaço, como artista alagoano.

"Fiz todo o processo de filiação, cadastro, enviei portfólio e todos os links que eles pedem na submissão. Demorou alguns para vir qualquer resposta, confesso que tinha até esquecido - o que foi até melhor para a surpresa que tive no dia que vi o email. É um sentimento massa, principalmente por ser de Arapiraca, Alagoas e ocupar espaços como esse".

"É aquela sensação de que o caminho tá ai, que é possível. Há um tempo, como engrenagem da cultura ou como gestor cultural que me empenho em incentivar a música local. Possuímos uma música muito rica culturalmente, em toda Alagoas e em especial, com todo meu bairrismo, em Arapiraca. Temos discos lindos lançados esse ano, de vários artistas", conclui.

De acordo com a instituição, para se tornar membro votante, é preciso estar envolvido ativamente na gravação de músicas como produtor, engenheiro, engenheiro de som ou masterização, vocalista, artista, compositor ou instrumentalista em países ibero-americanos. Uma série de outros critérios também são avaliados.

O cantor ressalta que diversos artistas do estado marcaram e estão marcando presença em etapas da premiação. Entre eles, Júnior Evangelista, arapiraquense que contribuiu com o álbum de Naná Vasconcelos, "Sinfonias e Batuques" (2011), vencedor do Grammy na categoria "Melhor Álbum de Raízes Brasileiras". 

"Djavan, Hermeto Pascoal (que ganhou recentemente). Mano Walter também já foi indicado. Lembro que ano passado o Wado também foi pré selecionado", diz.

"Esse ano, acho que isso vale publicar, temos um arapiraquense, o Júnior Evangelista, que produziu, mixou, masterizou, captou, enfim… o disco da Elba Ramalho “O Maior São João do Mundo” (que ganhou o Prêmio da Música Brasileira esse ano e está indicado oficialmente para o Grammy)".

Na postagem do Instagram com a novidade, Janu disse de forma descontraída: "Né por nada não, mas esse ano eu ouvi música, visse?".

E a quantidade de trabalhos que os membros votantes recebem confirma a afirmação, pois o cantor revela que são mais de 600 artistas para escutar por categoria. Além das produções de brasileiros, as músicas dos peruanos e dos argentinos também estão atraindo a atenção de Janu.

"A tendência, claro, é ir atrás dos brasileiros pré selecionados. Mas eu sou um curioso musical, apreciador da música latina há algum tempo, e fiz questão de ouvir o máximo de coisas que eu consegui".

E por falar no grande número de pré-selecionados, o cantor sai em defesa de um espaço maior para os artistas independentes na premiação. Ele pontua que os membros votantes acabam ouvindo quem é mais famoso, pois se destacam entre tantos nomes.

"Eu fiquei com essa questão do método da pré seleção - mas entendo perfeitamente e já percebi também o peso e o tamanho da responsabilidade que o Grammy possui. Falo mais pelo artista, sabe, que mesmo conseguindo ser pré selecionado, muitas vezes, na posição de votante, somos inclinados a ouvir quem tem mais “nome” por se destacarem em meio a milhares - faço um comparativo a Lei Rouanet, por ser uma lei bem intencionada em sua essência, mas que por “quem tem mais nome conseguir ter mais acesso”. Falo isso tentando defender os artistas independentes, que possuem ótimos trabalhos e poderiam ter mais espaço além do “artista revelação”".

"Sobre a música brasileira no Grammy, tenho uma sensação que se o Brasil fosse colonizado pela Espanha, ganharíamos muito mais categorias hahahaha. A língua espanhola é muito forte e consegue ter mais acesso no mundo. Línguas tão parecidas, né?", completa.

Confira esses videoclipes e conheça melhor o trabalho do arapiraquense: