HGE atende quase 500 vítimas de acidentes de trabalho no primeiro semestre deste ano
Em um dia aparentemente comum no canteiro de obras em que trabalhava, P.S.S., de 43 anos, ajudante de pedreiro de uma construtora de Maceió, sentiu muito medo de perder a visão do seu olho esquerdo. Ele levava algumas ferramentas para o seu superior, quando tropeçou em um tijolo e caiu em cima de uma colher de pedreiro, esquecida por algum colega do turno anterior. O objeto atingiu justamente seu olho. Ele foi encaminhado imediatamente para o Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, e, por pouco, não perdeu a visão, uma vez que foi realizada uma sutura próxima à córnea.
Assim como ele, a maior emergência pública alagoana assistiu 498 usuários que sofreram acidentes de trabalho no primeiro semestre deste ano, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (27), Dia Nacional da Prevenção de Acidentes do Trabalho.
O balanço estatístico aponta, ainda, que as lesões oftalmológicas estão entre os casos com maioria de vítimas no maior hospital de média e alta complexidade do Estado, representando 121 das ocorrências, seguidas de luxações e entorses (80) e mutilações (26).
Já em todo o ano passado foram 849 casos atendidos em decorrência de acidentes de trabalho ou a caminho dele. Mais uma vez, as lesões oculares apareceram no topo do ranking, com 217 pacientes assistidos, seguidas por queda de altura, com 134 atendimentos, e luxações e entorses, com 97 usuários atendidos no período de janeiro a dezembro de 2022.
Os dados do HGE apontam que, nos acidentes no ambiente profissional, dentre as partes do corpo mais atingidas, os olhos são os mais sensíveis, podendo ser afetados permanentemente, conforme o médico Rodrigo Melo, diretor médico do hospital.
"Por essa razão, alertamos os trabalhadores para que redobrem a atenção quando estiverem desempenhando suas atividades laborais e, principalmente, ressaltamos, para usem os EPIs [Equipamentos de Proteção Individual], atentando para seguir o manual do fabricante, para que o uso se dê da forma correta", salientou Rodrigo Melo.
Ambiente Seguro
Orientação também repassada pela engenheira de segurança do trabalho do HGE, Karlla Martianino, uma vez que, segundo ela, muitas dessas lesões podem ser minimizadas e até evitadas com uso correto dos EPIs. Ela explicou que é obrigação da empresa ou instituição cuidar do ambiente profissional, propiciando segurança, treinamentos e orientações, além de ofertar e fazer o trabalhador usar os equipamentos de proteção individual.
“O trabalhador não pode se eximir de usar esses equipamentos, porque são essenciais. E, em caso de acidente, é necessário à empresa ou instituição fazer o CAT (Comunicado de Acidente de Trabalho), acompanhar a vítima e garantir-lhe todos os seus direitos”, explicou.