Torcedor espancado, depredação e racismo: início do ano é marcado por violência no futebol de AL
O início da temporada de 2023 foi marcado por cenas de violência dentro e fora dos estádios de Alagoas. Carro depredado, conflitos entre organizadas, torcedor espancado em Arapiraca e um caso de racismo contra um repórter foram registrados no mês de janeiro.
Terça à noite, após o clássico entre ASA e CRB, em Arapiraca, um torcedor do ASA foi agredido com chutes e socos por um grupo de pessoas com a camisa do CRB.
Imagens de câmera de segurança mostram como foi a agressão, e o caso está sendo investigado pela polícia. O torcedor espancado foi ouvido nesta quarta pelo delgado Edbergue Oliveira, da 4ª Delegacia Regional de Polícia.
Suspensões
Na semana passada, a Justiça proibiu a entrada das organizadas Mancha Azul e Comando Alvirrubro nos estádios por 180 dias. No dia 22, integrantes dessas torcidas brigaram nas ruas de Maceió e um carro do taxista Francisco dos Santos foi depredado em Mangabeiras.
Ele estava com a camisa do CRB e seu carro foi atacado por integrantes da Mancha.
- Se eu saísse do carro, morria - disse Francisco.
Após os conflitos do dia 22, a Justiça também determinou que apenas a torcida do mandante pode ir ao clássico CRB x CSA.
Racismo
Domingo, o repórter André Henrique, da Rádio Palmeira FM, denunciou ter sido vítima de injúria racial quando trabalhava no jogo CSE x Cruzeiro-AL, no Estádio Juca Sampaio, em Palmeira dos Índios.
O caso foi registrado em súmula pelo árbitro Felype Wanderley Urubá , e o repórter também fez um Boletim de Ocorrência na polícia. Ele informou que um torcedor do CSE o xingou com a seguinte frase:
- O que você tá olhando, seu negro filho da puta - relatou.
Federação
Presidente da Federação Alagoana, Felipe Feijó falou com o ge nesta quarta sobre essa onda de violência entre organizadas em Alagoas.
- De maneira geral, certamente, o que a gente está vendo é que é o movimento saiu de dentro pra fora do estádio. O futebol está pagando a conta que não é dele. Estamos falando de uma coisa que é problema social e o futebol está pagando por isso. Vejo que é preciso unir forças para identificar e punir severamente os envolvidos. O clássico passado foi realizado com 3 mil e 500, 4 mil presentes, muito aquém. A gente, enquanto federação, tenta contribuir da maneira que pode - declarou Feijó, e acrescentou:
- As organizadas estão proibidas de ir ao estádio, mas isso não resolve. A Comando (organizada do CRB), mesmo impedida de entrar nos estádios, estava organizando caravana pra ir até Arapiraca e nós entramos em ação acionando o Ministério Público e a Polícia Militar para impedir. O que precisa é unir forças, não só do privado, do futebol, mas do poder público também. As pessoas precisam ser punidas através dos seus CPF's ou nada de diferente vai acontecer. A FAF quer contribuir e estamos trabalhando pra isso, identificando ingressos, fazendo reconhecimento facial nas catracas, trabalhando em ações que possa individualizar as pessoas dentro dos estádios.
Segundo Feijó, a determinação de torcida única nos estádios não é solução para a violência.
- Ou a gente faz isso, de punir severamente as pessoas envolvidas nas confusões, ou a gente vai pra uma linha que está acontecendo no futebol, em outros estados, que é proibir torcida visitante, fazer jogo com torcida única, como vem sendo feito. Agora isso não pode ser algo definitivo.
Notas oficiais
A diretoria do ASA emitiu nota oficial nesta quarta sobre as agressões ao torcedor em Arapiraca. Subiu o tom e exigiu punição.
- A Agremiação Sportiva Arapiraquense repudia as cenas de selvageria e violência sofridas por um torcedor do clube e protagonizadas por homens vestidos com camisas do Clube de Regatas Brasil (CRB) e de uma das organizadas identificada como Comando Vermelho logo após a partida entre o ASA e CRB, pelo Campeonato Alagoano, na noite desta terça-feira (31), em Arapiraca. Imagens de camêras de segurança flagraram o exato momento em que, de forma covarde e repugnante, pelo menos sete criminosos perseguem e espancam o torcedor do GIGANTE, fato ocorrido por volta das 22h45 de ontem. O clube informa, ainda, que dará toda assistência médica necessária ao torcedor alvinegro e que já acionou as autoridades para que os agressores sejam identificados e punidos severamente dentro da lei.
Os promotores Sandra Malta Pires e Bruno de Souza Martins assinaram também nesta quarta uma nota de repúdio do Ministério Público de Alagoas.
- O Ministério Público do Estado de Alagoas repudia, veementemente, todos os tipos de ataques praticados por torcedores que cometem atos de violência contra pessoas inocentes. O MPAL informa também que as 37ª e 41ª Promotorias de Justiça da capital (do Torcedor) já estão acompanhando o caso para saber se há o envolvimento de torcidas organizadas de Maceió e ressalta que está à disposição das autoridades de Arapiraca para qualquer colaboração.