Jequiá da Praia realiza tradicional Caminhada de São Sebastião com centenas de fiéis
Centenas de devotos do co-padroeiro de Jequiá da Praia, São Sebastião, peregrinaram, junto com o santo, pelas ruas da cidade, e, como parte do trajeto, pela AL-101 Sul e Praia de Jacarecica do Sul, até chegar ao destino final, povoado de Lagoa Azeda. Foram cerca de 10 Km de peregrinação, que ocorreu neste sábado (29).
Os fiéis, além de saírem em caminhada, também realizaram todo o percurso a cavalo, como de costume. Na chegada do santo à Praia de Jacarecica, pescadores já o aguardavam para acompanhá-lo em uma barqueata pelo mar.
Ao longo da caminhada, que sai da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar – existente há 260 anos – São Sebastião peregrina dentro de uma urna ou relicário, como forma de proteção à imagem, de estilo barroco, cujo valor religioso é “inestimável” à população jequiaense, como explana o Secretário de Cultura e Eventos da cidade, Paulo César. Dentro da urna, pequenas almofadas para evitar o impacto da imagem na madeira e fitas vermelhas, que simbolizam o santo milagreiro.
“Mais um ano que estamos realizando esta caminhada que faz parte da história de São Sebastião em Jequiá da Praia. História em que o santo peregrinava por várias cidades, mas que iniciava em Jequiá da Praia no final de outubro e essa tradição permanece e se realiza com uma multidão de fé, em busca de dar o seu testemunho diante do mártir, que deu sua vida e se renova na caminhada de fé”, afirma o padre da cidade, José Ednaldo Firmino Gomes.
O prefeito de Jequiá da Praia reforça a devoção adotada pelo povo de Jequiá ao mártir.
“Hoje fizemos uma caminhada maravilhosa em homenagem ao querido santo São Sebastião, a qual as famílias jequiaenses têm grande devoção e vêm para prestigiar esse lindo momento. Que Deus abençoe a todos jequiaenses, cada dia mais”, complementa o prefeito de Jequiá.
História
A história da caminhada de São Sebastião em Jequiá da Praia é contada em sua forma oral. Não há documentos que a registrem. Ela está na memória de várias gerações. Mas é certo, segundo o secretário de cultura, que a peregrinação existe há mais de cem anos, tendo sido vivenciada por bisavós, avós, filhos e netos.
Por ser um santo peregrino, antigamente, conta moradores, ele percorria vários municípios alagoanos durante três meses, tendo como ponto de partida, Jequiá da Praia, realizando o mesmo percurso que se faz atualmente até a Lagoa Azeda. Em seguida, partia para outras localidades do estado e, em janeiro, retornava para Jequiá, percorrendo de povoado em povoado, de casa em casa, ao som de zabumbeiros. Por fim, chegava à Igreja Matriz, onde acontece o novenário, tendo a culminância no dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião.
“Essa imagem é valiosíssima. Tem um acabamento barroco, cujo preço material e de fé é inestimável. É um santo que o povo de Jequiá tem muita devoção e é milagreiro. Na imagem, é depositado grande peso cultural, histórico e de fé”, afirma o secretário Paulo César.
Quem sabe bem disso é Kelly Araújo, 37 anos. Ela estava na caminhada para pagar uma promessa feita pela sua avó, que faleceu há dois anos. Mesmo participando da caminhada todos os anos desde muito pequena, hoje foi o último, de três anos, em que participa deste ato de fé e devoção descalça.
“Minha avó fez uma promessa para mim porque eu tinha pedra no rim, e ela disse que o tempo que eu passasse com as pedras seria o tempo que eu viria fazer a caminhada. Passei três anos com o problema e foram três anos de caminhada. Esta é a última. Ela faleceu ano retrasado e sempre foi devota de São Sebastião e eu também sempre fui”, afirma a fiel Kelly Araújo.