Infectologista explica em que período pacientes não apresentam mais risco de transmitir a Covid-19
Transmissibilidade do vírus não acontece depois de nove dias após o aparecimento dos sintomas
Do diagnóstico positivo para a Covid-19, que causa medo e preocupação, até a cura total da doença, muitos pacientes se questionam em quantos dias poderão retornar ao convívio social sem oferecer malefícios aos seus familiares e amigos. A infectologista e gerente médica do Hospital da Mulher Dr.ª Nise da Silveira (HM), Sarah Dominique Dellabianca, explica os riscos de a pessoa transmitir o vírus nos primeiros dias após o aparecimento dos sintomas.
Segundo Sarah Dominique Dellabianca, a transmissão do novo coronavírus ocorre muito cedo, especialmente nos primeiros três dias antes do início dos sintomas. “É lógico que a carga viral, três dias antes do primeiro sintoma, será muito menor. O grau máximo de transmissão viral tem início de cinco a oito horas, antes mesmo da manifestação do primeiro sintoma. É por isso que tanta gente adoece e não sabe o motivo. O primeiro sintoma pode não ser febre. E, na maioria das vezes, não é. É dor de garganta, sensação de sinusite, dor de cabeça ou no corpo. Há pacientes que já apresentaram os sintomas da Covid-19 em menos de 48 horas”, disse.
Ela explicou que não é necessário fazer nenhum tipo de exame para dar alta hospitalar ao paciente que foi acometido pela Covid-19, caso os sintomas tenham sido leves. “Pelos critérios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa], a doença leve ocorre quando o paciente tem sintomas semelhantes ao resfriado, como tosse, mal-estar, febre e dor de garganta, de cabeça e no corpo. Já os sintomas que demandam de hospitalização, são o cansaço extremo, falta de ar, febre persistente e anormalidade radiológicas [pulmão comprometido]. Então, os pacientes que fizeram o tratamento em casa não precisam de nenhum tipo de testagem e, após dez dias de isolamento, contando a partir do aparecimento dos sintomas, eles voltam a convivência intradomiciliar e a atividade laboral de forma normal”, destacou.
Ainda de acordo com a infectologista e gerente médica do HM, o tempo da convivência intradomiciliar e da atividade laboral aumenta para aqueles pacientes que tiveram comprometimento de moderado a grave, precisando ser hospitalizados em leitos de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou semi-intensiva.
“Pacientes com comprometimento pulmonar ou sistêmico, a exemplo do rebaixamento do nível de consciência, insuficiência respiratória, diarreia que motiva desidratação e lesão renal aguda, assim como os que apresentam imunossupressão severa, neoplasia ou que estão em tratamento quimioterápico, não devem sair do isolamento depois de 20 dias. Contudo, isso vai depender da característica clínica de cada paciente”, frisou a infectologista.
Pode fazer IgG e IgM? Sarah Dominique Dellabianca frisou que, do ponto de vista de exames para Covid-19, não são necessários os exames sorológicos denominados IgG (imunoglobulina G) e IgM (imunoglobulina M), tampouco a repetição de RT-PCR - coletado por meio de um cotonete introduzido na mucosa do nariz e garganta.
“Primeiro, a sorologia não garante absolutamente nada. Ora, se o paciente sobreviveu a Covid-19, é porque ele desenvolveu imunidade. Os exames que vão ser necessários são dosagem de cálcio, sódio, potássio, magnésio, creatinina, ureia, hemograma, entre outros, a fim de corrigir as possíveis alterações do organismo causadas pelo vírus da Covid-19”, explicou.