Com mais de 60 casos registrados este ano, Alagoas vive epidemia de Calazar

Por Redação com Gazetaweb.com 03/09/2018 10h10 - Atualizado em 03/09/2018 13h01
Por Redação com Gazetaweb.com 03/09/2018 10h10 Atualizado em 03/09/2018 13h01
Com mais de 60 casos registrados este ano, Alagoas vive epidemia de Calazar
Os transmissores são conhecidos como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras e birigui - Foto: Divulgação
O Conselho Regional de Medicina (Cremal) monitora o avanço da Leishmaniose Visceral (Calazar) em Alagoas e confirma que o Estado já registra uma epidemia, com mais de 60 casos. A doença infecciosa está fazendo vítimas, principalmente crianças que vivem no Sertão alagoano. Se não for tratada, pode levar a óbito.

O presidente do Cremal, médico Fernando Pedrosa, reforça que profissionais da saúde precisam ficar atentos. "Nós estamos com epidemia de leishmaniose visceral, que é aquela que mata, que atinge fígado, baço. Temos mais de 60 casos no Estado. A gente já vem trabalhando isso, com treinamento das equipes para que não ocorram os óbitos", afirma o infectologista.

A Gazetaweb entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), que confirmou que de janeiro a 15 de agosto deste ano foram registrados 63 casos. No mesmo período, no ano passado, foram trinta registros. "Em razão desse aumento de casos, a Sesau está monitorando os municípios com aumento e capacitando as equipes municipais, para que o diagnóstico seja em tempo oportuno", informa a nota da Sesau.

Um dos municípios com casos é Estrela de Alagoas, que já tem onze registros confirmados da doença este ano, seguido de Palmeira dos Índios, com oito. "Diagnosticando cedo, tem como tratar. É uma doença grave. Tem um fator de letalidade de 10% mais ou menos e a gente está querendo reduzir isso. É epidemia porque quando aumenta o número de casos acima do esperado, já podemos chamar de epidemia. O poder público tentar minimizar, mas minimizar uma coisa importante como essa não ajuda. A divulgação é que vai fazer com que a gente trate as pessoas e as equipes no interior fiquem atentas", completa.

Fernando Pedrosa diz que o Cremal está acompanhando os municípios que têm casos, treinando as equipes de saúde. "Temos vários municípios com casos de leishmaniose. A doença é de notificação compulsória. A secretaria estadual faz estatística e a gente acompanha. É uma doença que tem predominado em crianças", explicou.

O presidente do Cremal lembra que a suspeita vai pelo quadro febril prolongado e crescimento do baço. "A leishmaniose visceral ocorre historicamente no Litoral e no Sertão, mas hoje os casos estão concentrados no Sertão", acrescenta o especialista em infectologia que faz pesquisas em leishmaniose. "Profissionais de saúde, médicos e agentes de saúde precisam ficar atentos ao perceberem a doença para encaminhar os pacientes aos postos de saúde e também ao Hospital Hélvio Auto para fazer os exames e iniciar o tratamento", conclui.

A Leishmaniose Visceral é uma doença infecciosa sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações. "Os agentes de saúde devem encaminhar os pacientes para os médicos da Atenção Básica, que posteriormente fazem o encaminhamento para o Hospital Escola Hélvio Auto, referência no tratamento em Alagoas", conclui a nota da Sesau.

O portal do Ministério da Saúde esclarece que os transmissores são insetos conhecidos popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. Estes insetos são pequenos e têm como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas. A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi.