Prêmio Estadual de Jornalismo manterá viva memória de Audálio Dantas

Por Agência Alagoas 24/06/2018 15h03 - Atualizado em 24/06/2018 18h06
Por Agência Alagoas 24/06/2018 15h03 Atualizado em 24/06/2018 18h06
Prêmio Estadual de Jornalismo manterá viva memória de Audálio Dantas
Foto: Agência Alagoas
O governador Renan Filho recebeu, na manhã deste sábado (23), no Palácio República dos Palmares, os familiares do jornalista, escritor e poeta Audálio Dantas. O alagoano de Tanque d'Árca faleceu em São Paulo (SP) no dia 30 de maio aos 88 anos de idade.

A viúva Vanira Kunc e as filhas Juliana e Mariana Kunc Dantas foram recebidas pelo governador em seu gabinete, juntamente com o secretário de Estado da Comunicação, Enio Lins. Na ocasião, Renan Filho anunciou a criação do prêmio estadual de jornalismo Audálio Dantas. A ideia é lançá-lo neste segundo semestre em Tanque d'Arca, quando será realizada uma feira literária em homenagem a Dantas.

"Todos nós ficamos aqui muito sentidos pela perda de Audálio, que foi uma grande referência nacional e para Alagoas, especialmente. O protagonismo dele no jornalismo nacional, especialmente em São Paulo, dá a todos nós grande orgulho", disse Renan Filho, que se colocou à disposição da família para manter viva a memória de Audálio Dantas.

Renan Filho presenteou os familiares com edições do livro Navegar é Preciso, publicação promovida pelo Governo do Estado por ocasião do Bicentenário de Alagoas. Por determinação do governador, a Secretaria de Estado da Comunicação (Secom) ficará responsável pela estruturação e organização do Prêmio.

Juliana, que seguiu a profissão do pai, disse que criar um prêmio é incentivar a prática do bom jornalismo, privilegiando as grandes reportagens, cada vez mais escassas.

"Ter um prêmio que valorize o ofício do jornalista estimula que se escreva sobre assuntos que devem sempre nortear o profissional, sobretudo os temas sociais e de direitos humanos", afirmou ela.

Referência
Audálio Dantas era considerado um dos maiores jornalistas do país, referência na luta pelos direitos humanos. Ele passou por quase todos os principais veículos de jornalismo de sua época, como O Cruzeiro, revista Quatro Rodas e VejaSP.  

Audálio Dantas também foi presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o primeiro eleito por voto direto.

Em 2008, recebeu o título de Cidadão Paulistano pela Câmara Municipal de São Paulo. Foi agraciado com o prêmio Intelectual do Ano (Troféu Juca Pato) em 2013 e vencedor do Prêmio Jabuti de 2016. No ano passado, recebeu o Prêmio Averroes - Pioneiro e Compartilhador, dedicado a valorizar a trajetória e o pioneirismo de grandes personalidades brasileiras.

Nações Unidas
Em 1981, o jornalista Audálio Dantas recebeu o Prêmio de Defesa dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Foi presidente da Comissão Nacional da Memória, Justiça e Verdade dos Jornalistas Brasileiros.

Dantas denunciou a tortura e o assassinato de seu colega jornalista Vladimir Herzog em 1975. À época, ele era presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo.

Suas denúncias contrariavam a versão oficial do governo militar sobre a morte de Herzog. As forças repressoras falavam em suicídio. Foi também deputado federal em 1978, considerado um dos mais influentes do país.

Dantas nasceu em Tanque d’Árca em 1929. No município alagoano, foi homenageado postumamente, na sexta-feira (22), com a inauguração do Espaço Literário que recebe o nome do jornalista. Foi concedido, ainda, pela Câmara de Vereadores, o título de cidadão honorário (in memoriam), aprovado em vida.