PF vai investigar ação de estudante e ameaça de bomba na Ufal

Por Redação com Gazetaweb 06/10/2016 16h04 - Atualizado em 06/10/2016 19h07
Por Redação com Gazetaweb 06/10/2016 16h04 Atualizado em 06/10/2016 19h07
PF vai investigar ação de estudante e ameaça de bomba na Ufal
Foto: Reprodução/Facebook
Um caso envolvendo um estudante da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e um homem que usava o fardamento do Exército Brasileiro nas dependências do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (Ichca) será investigado pela Polícia Federal (PF), segundo informou o vice-reitor José Vieira na tarde desta quinta-feira (6). Uma suposta ameaça de bomba no campus da universidade também será apurada.

De acordo com José Vieira, além da PF, o comando do 59ª Batalhão de Infantaria Motorizada (59º BIMtz) do Exército em Alagoas se prontificou a investigar a suposta participação de uma pessoa que usava um fardamento militar na ação em que houve a retirada de cartazes alusivos ao socialismo e ao feminismo, como também ameaças a estudantes universitários.

"A Ufal preza pelo espaço democrático e repudia qualquer forma de opressão. Nós somos a favor do livre pensamento. O Exército já se prontificou a investigar a participação deste suposto militar ou se alguém fez o uso indevido do fardamento, como também a Polícia federal já foi acionada para investigar o episódio, inclusive sobre uma ameaça de bomba nas dependências da universidade", disse.

Ainda de acordo com o vice-reitor, a Procuradoria Federal foi acionada para apurar se houve a participação de pessoas ligadas à comunidade acadêmica da Ufal. Se isso ficar constatado, as devidas providências serão tomadas, e os alunos poderão até ser excluídos do quadro federal.

"Se for comprovada a participação de pessoas da comunidade acadêmica, todas as devidas providências serão tomadas conforme o regimento da Universidade. Podendo ser uma simples advertência, como também a exclusão", concluiu.

O caso


A ação de um estudante de engenharia no prédio do Ichca da Ufal, na tarde da última terça-feira (4), gerou polêmica entre alunos do Campus A.C. Simões, em Maceió. É que Antonio David postou em sua página pessoal do Facebook a retirada nas dependências da universidade, de cartazes relacionados ao socialismo e ao feminismo, agindo com o apoio de uma pessoa que usava o fardamento do Exército Brasileiro.

Após a ação, Antônio David publicou uma foto em frente à imagens de Karl Marx e Friedrich Engels, com os dizeres "Ufal sendo lavada a jato". Na publicação, David classificou a atitude como "um ato de coragem", descrevendo-o ainda como uma "repressão massiva".

A postagem na rede social recebeu apoio e críticas de estudantes, com 97 curtidas e oito reprovações até o início da noite de terça. Houve também 22 compartilhamentos e 548 comentários.

Em um dos compartilhamentos, Antonio David agradeceu àqueles que lhe externaram apoio. Ele também confirmou que agiu acompanhado de um militar do Exército, que, armado, teria intimidado estudantes que se encontravam nas dependências do bloco de Ciências Humanas. Por fim, ele afirma que "esses parasitas [em referência aos socialistas] devem ser expurgados da Ufal".

Nota de repúdio


Em nota, a reitora da Ufal, professora Maria Valéria Correia, e o vice-diretor do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA), professor Alberto Vivar Flores, repudiaram o ato da estudante.

Confira a nota na íntegra:

A reitora da Universidade Federal de Alagoas, professora Maria Valéria Correia, e o vice-diretor do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA), professor Alberto Vivar Flores, repudiam veementemente os acontecimentos envolvendo a comunidade acadêmica do Instituto, que relatou atos de violência, intimidação, perseguição e extremismo na localidade, conforme pode ser visualizado em postagens e vídeos que circulam nas redes sociais.

Segundo informação dos estudantes e professores, integrantes do movimento intitulado "Nacionalistas" chegaram ao local acompanhados de uma pessoa vestida com a indumentária alusiva ao Exército Brasileiro, portando arma, arrancando e rasgando cartazes. Uma professora, inclusive, relatou que sofreu agressão verbal e que houve ameaça de lançamento de um explosivo no Instituto.

No perfil do Facebook de um defensor do movimento, consta o seguinte: "Não somos doces, somos amargos!!!! Repressão constante e massiva. Aos esquerdinhas, levei apenas um militar, se chorarem muito, na próxima levarei à (sic) tropa toda para limpar esse pandemônio".

Diante desses acontecimentos, a gestão da Universidade reitera o princípio da pluralidade e o espírito democrático, não admitindo qualquer forma de repressão, perseguição ou coação. Por isso, o caso já foi encaminhado à Procuradoria Federal para que seja realizada uma apuração interna e tomada das providências legais cabíveis.

Maceió/AL, 05 de outubro de 2016.

Maria Valéria Correia - Reitora

Alberto Vivar Flores - Vice-diretor do ICHCA