A fantástica primeira temporada de Narcos

Pablo Escobar, notadamente, é um dos maiores criminosos que o mundo já viu. O império que ele construiu na década de 80, tem sido terreno fértil para diretores e roteiristas que querem explorar um pouco mais de sua gloriosa ascensão. Juntando-se a essa gama de obras sobre a vida do narcotraficante colombiano está ‘Narcos’, série que estreou no Netflix no último dia 28.
Produzida e com seus primeiros episódios dirigidos pelo brasileiro José Padilha, de ‘Tropa de Elite 1 e 2′, ‘Narcos’ deve ser a produção mais multinacional do serviço de streaming. Entre elenco e equipe tivemos a presença de colombianos, mexicanos, americanos e principalmente, brasileiros nessa primeira temporada.
Logo de cara sentimos a identidade de José Padilha na produção. Seu estilo se estabelece desde o inicio e perdura por todos os dez episódios desse primeiro ano. Estilo que aprendemos a apreciar nos dois ‘Tropa de Elite’.
Com uma câmera na mão ágil, que contribui para as cenas de ação; com uma narração em off que pontua os acontecimentos e nos apresenta o contexto da trama; e com a construção de uma complexa rede de interações e personagens que contribuem para a criação do conflito principal.
Todos esses aspectos somados convergem no tom realista e semi-documental característico do cineasta. Em alguns pontos essa familiaridade que temos com essa linguagem soa repetitiva, mas não a ponto de prejudicar o resultado final.
A trama oferece dois focos ao espectador, o primeiro centrado nos negócios de Escobar na Colômbia, seu crescimento acelerado, seu envolvimento direto nos melindres políticos do país, a formação do Cartel de Medelim e sua relação com os outros traficantes poderosos do local. Esse núcleo é primoroso.
O roteiro não se resume a criar um estudo sobre seu personagem principal, ele o faz é verdade, mas inserindo-o no meio de um complexo jogo de interesses, lembrando por vezes os mais notáveis filmes de máfia. Sobra tempo para uma análise sócio-politica da Colômbia daquela época, o surgimento de grupos paramilitares, o clima de guera civil acentuado pela guerra contra as drogas e até o envolvimento do governo americano, em sua caça aos comunistas.
O outro núcleo, por sua vez, acompanha os esforços da lei para deter os traficantes. Os agentes do DEA, Steve Murphy (Boyd Holbrook) e Javier Peña (Pedro Pascal), fazem parte da investigação feita de dentro da embaixada americana.
Eles se aliam ao policial colombiano Horatio Carrillo (Maurice Compte), aparentemente o único incorruptível que não cede as ameaças do Cartel. Esse segundo núcleo perde muito em relação ao primeiro, por vários motivos. O primeiro é que o foco vai majoritariamente para o pior personagem do trio, o Agente Steve Murphy. Seu intérprete é apático e o texto do personagem não ajuda na criação de qualquer empatia com ele.
Seu drama familiar parece deslocado e desinteressante. O pior é que ele toma muito tempo de dois personagens interessantíssimos, o Agente Peña e o Tenente Carrillo, ambos melhor interpretados e escritos. O primeiro é o típico agente meio anti herói, com contatos no submundo e tudo o mais.
O segundo é um policial forte, obstinado e imparável, quase uma versão colombiana do Capitão Nascimento. Os trechos passados no lado americano são burocráticos e acabam tirando a força de alguns episódios.
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Falemos um pouco sobre Wagner Moura, que constrói um Pablo Escobar humano, enérgico, porém levemente melancólico. O não-tão-fluente espanhol falado pelo ator durante a série, se esconde em meio a uma atuação madura e consciente, de um ator que domina seu personagem e entende perfeitamente aonde quer levá-lo.
Se no inicio seus olhos iludiam-se com uma esperança dado seu envolvimento politico, no decorrer da temporada temos a substituição desse brilho por um ar de indignação e revolta, que descambam para a violência e para o desejo de vingança. Lembrou-me a construção de um outro vilão que o Netflix nos trouxe recentemente, Wilson Fisk de ‘Demolidor’, brilhantemente interpretado por Vincent D’onofrio.
A produção da série em si é um espetáculo, uma fotografia cinematográfica excepcional. Locações e reconstrução de época convincentes e uma montagem inteligente, que mescla registros e filmagens reais com suas cenas, fortalecendo ainda mais o tom documental que eu citei no inicio. A música também é ótima, traz ritmos latinos que influenciam na imersão e na construção de uma ótima atmosfera.
Enfim, ‘Narcos’ é uma série fantástica, que equilibra seus conflitos com uma excelente análise sócio-politica de determinada época. Tem defeitos, é verdade, mas pequenos e pouco relevantes. Traz personagens bem escritos, uma produção de tirar o chapéu e a curiosa habilidade de desconstruir uma figura real, para reconstruí-la como um dos maiores vilões de série de Tv dos últimos tempos. Que venha a segunda temporada.
Produzida e com seus primeiros episódios dirigidos pelo brasileiro José Padilha, de ‘Tropa de Elite 1 e 2′, ‘Narcos’ deve ser a produção mais multinacional do serviço de streaming. Entre elenco e equipe tivemos a presença de colombianos, mexicanos, americanos e principalmente, brasileiros nessa primeira temporada.
Logo de cara sentimos a identidade de José Padilha na produção. Seu estilo se estabelece desde o inicio e perdura por todos os dez episódios desse primeiro ano. Estilo que aprendemos a apreciar nos dois ‘Tropa de Elite’.
Com uma câmera na mão ágil, que contribui para as cenas de ação; com uma narração em off que pontua os acontecimentos e nos apresenta o contexto da trama; e com a construção de uma complexa rede de interações e personagens que contribuem para a criação do conflito principal.
Todos esses aspectos somados convergem no tom realista e semi-documental característico do cineasta. Em alguns pontos essa familiaridade que temos com essa linguagem soa repetitiva, mas não a ponto de prejudicar o resultado final.
A trama oferece dois focos ao espectador, o primeiro centrado nos negócios de Escobar na Colômbia, seu crescimento acelerado, seu envolvimento direto nos melindres políticos do país, a formação do Cartel de Medelim e sua relação com os outros traficantes poderosos do local. Esse núcleo é primoroso.
O roteiro não se resume a criar um estudo sobre seu personagem principal, ele o faz é verdade, mas inserindo-o no meio de um complexo jogo de interesses, lembrando por vezes os mais notáveis filmes de máfia. Sobra tempo para uma análise sócio-politica da Colômbia daquela época, o surgimento de grupos paramilitares, o clima de guera civil acentuado pela guerra contra as drogas e até o envolvimento do governo americano, em sua caça aos comunistas.
O outro núcleo, por sua vez, acompanha os esforços da lei para deter os traficantes. Os agentes do DEA, Steve Murphy (Boyd Holbrook) e Javier Peña (Pedro Pascal), fazem parte da investigação feita de dentro da embaixada americana.
Eles se aliam ao policial colombiano Horatio Carrillo (Maurice Compte), aparentemente o único incorruptível que não cede as ameaças do Cartel. Esse segundo núcleo perde muito em relação ao primeiro, por vários motivos. O primeiro é que o foco vai majoritariamente para o pior personagem do trio, o Agente Steve Murphy. Seu intérprete é apático e o texto do personagem não ajuda na criação de qualquer empatia com ele.
Seu drama familiar parece deslocado e desinteressante. O pior é que ele toma muito tempo de dois personagens interessantíssimos, o Agente Peña e o Tenente Carrillo, ambos melhor interpretados e escritos. O primeiro é o típico agente meio anti herói, com contatos no submundo e tudo o mais.
O segundo é um policial forte, obstinado e imparável, quase uma versão colombiana do Capitão Nascimento. Os trechos passados no lado americano são burocráticos e acabam tirando a força de alguns episódios.
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Falemos um pouco sobre Wagner Moura, que constrói um Pablo Escobar humano, enérgico, porém levemente melancólico. O não-tão-fluente espanhol falado pelo ator durante a série, se esconde em meio a uma atuação madura e consciente, de um ator que domina seu personagem e entende perfeitamente aonde quer levá-lo.
Se no inicio seus olhos iludiam-se com uma esperança dado seu envolvimento politico, no decorrer da temporada temos a substituição desse brilho por um ar de indignação e revolta, que descambam para a violência e para o desejo de vingança. Lembrou-me a construção de um outro vilão que o Netflix nos trouxe recentemente, Wilson Fisk de ‘Demolidor’, brilhantemente interpretado por Vincent D’onofrio.
A produção da série em si é um espetáculo, uma fotografia cinematográfica excepcional. Locações e reconstrução de época convincentes e uma montagem inteligente, que mescla registros e filmagens reais com suas cenas, fortalecendo ainda mais o tom documental que eu citei no inicio. A música também é ótima, traz ritmos latinos que influenciam na imersão e na construção de uma ótima atmosfera.
Enfim, ‘Narcos’ é uma série fantástica, que equilibra seus conflitos com uma excelente análise sócio-politica de determinada época. Tem defeitos, é verdade, mas pequenos e pouco relevantes. Traz personagens bem escritos, uma produção de tirar o chapéu e a curiosa habilidade de desconstruir uma figura real, para reconstruí-la como um dos maiores vilões de série de Tv dos últimos tempos. Que venha a segunda temporada.
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