O invicto Daniel Cormier e Jon Jones, campeão dos meio-pesados do UFC, fizeram a luta principal do UFC 182 na noite deste sábado, 3 de janeiro, em Las Vegas após meses de intensas provocações, brigas e um verdadeiro sentimento de rivalidade pessoal que ganhou um novo episódio nesta madrugada.

Com 15 vitórias consecutivas e um histórico esportivo de dar inveja a qualquer um, Daniel Cormier subiu no octógono com uma grande bagagem no MMA, como campeão do Grand Prix do extinto Strikeforce na divisão dos pesos-pesados, e um retrospecto igualmente positivo no UFC, tanto entre os pesados quanto nos meio-pesados. Jon Jones, dispensando qualquer apresentação subiu no octógono com toda a expectativa de ser nomeado o melhor lutador peso-por-peso do mundo e recordista na categoria até 93 quilos do UFC como o maior campeão de sua história, sendo ainda o campeão mais jovem da história do UFC com somente 24 anos na ocasião.

Começo a mil por hora

Trazendo à gaiola do UFC um misto de diversas artes marciais, tendo o wrestling como base de ambos, Jon Jones sabia do perigo de seu oponente, quarto lugar na modalidade em nível olímpico. O campeão mesmo assim ousou e não se acanhou ao usar os chutes altos e inclusive conseguiu derrubar o desafiante logo no início da luta, mas não conseguiu se manter por cima e dominá-lo. Cormier tentou andar para frente e Jones usou de sua envergadura para dominar a distância e variar os golpes, usando principalmente os pisões no joelho derivados da arte do Savate para dominar a distância e distrair o oponente com variações de chutes baixos, socos no estômago, enquanto o desafiante usava do boxe para tentar a aproximação e experimentar das quedas. Vantagem clara em pontuação para o campeão no primeiro round!

Segundo round: Tensão sobre tensão.

Na segunda parte da luta, os lutadores usaram muito do boxe e Cormier ficou na vantagem com socos efetivos na curta distância, aproximando-se sempre e tomando a maior parte das iniciativas. Jon Jones usou de suas tradicionais cotoveladas mas não teve muita efetividade, aparentando sentir ainda os golpes do wrestler olímpico. A tensão ficou maior e o campeão usava de suas esquivas, mas recebeu maior número de golpes. Até o fim do round, os atletas trocavam força no jogo corpo-a-corpo. Daniel Cormier teve a vantagem. Luta empatada até então na nossa contagem!

Terceiro round: Hora da luta “suja”?

Passando da metade da luta e com os treinadores falando “Hora de fazer a luta suja”, como foi fácil de escutar na transmissão durante o intervalo entre os assaltos, Jon Jones logo usou de seus “dedos venenosos” para afastar o oponente e interromper a luta com o dedo no olho, levando uma advertência verbal do árbitro Herb Dean. Cormier quis fazer algo mais “sujo” também, mas nas regras. Neste caso, aproximar e seguir o conselho de sua equipe de usar mais do seu wrestling, algo menos “bonito” de se ver. O ex-peso-pesado levou vantagem nas iniciativas da curta distância e seus socos sobressaiam às cotoveladas e joelhadas do perigoso campeão. Jon Jones parecia “assustado” e tentou até puxar a luta para a guarda nos últimos segundos do round. Cormier ficou na melhor, deu dois socos e a sirene apitou. O desafiante aparentemente virou a luta! (não para os árbitros da Comissão Atlética de Nevada)

Quarto round: Surpresa do Bones

Surpresa maior do que ver o “jogo virando” pelo campeão, foi ver no quarto assalto Jon Jones usando da principal arma de seu oponente par anulá-lo. “Bones” conseguiu duas belas quedas e deixou os fãs boquiabertos por derrubar com tanta facilidade um dos homens considerados com maior habilidade neste quesito. No fim do round Cormier pode usar de seu jogo, mas Jon Jones “tirou onda” e o derrubou novamente, quando ninguém esperava mais nada. Para nós, a luta estava empatada agora no placar de 38 a 38.

Quinto round: Hora da verdade (e das vaias)

Jon Jones entra na luta aparentando ter achado a receita para bater Daniel Cormier: Aceitar a luta agarrada e usar de suas habilidades travando o oponente, já cansado, em desvantagem contra as grades do octógono. DC, porém, conseguiu impor seu wrestling, levantando o campeão e jogando-o ao chão com toda a sua força. Porém, mesmo sem atacar efetivamente, Jones travava Cormier na maior parte do tempo em posição de vantagem, ganhando pontos até o fim do round. DC até que tentou uma nova queda, mas Jones já estava até comemorando e Cormier distraiu-se e largou a posição. O campeão aproveitou para dar um soco e DC não deixou barato, precisando que Herb Dean (o árbitro) interviesse após o fim dos cinco rounds, levando inclusive um dos “sopapos”.
And stiiiiiill… Jon Jones manteve-se campeão por 49 a 46 (na contagem dos árbitros laterais), em uma das lutas mais tensas dos últimos anos, ou seja, venceu quatro dos cinco rounds na opinião dos mesmos.

“Todo mundo que está me vaiando agora vai ter que me engolir. Coloquei ele para baixo cinco vezes e ele não conseguiu nada. Por isso eu sou o campeão!”, gritou Jon Jones no microfone ainda no octógono.