Profissão Repórter mostra violência assustadora em Alagoas

Por Redação com Profissão Repórter 10/12/2014 12h12
Por Redação com Profissão Repórter 10/12/2014 12h12
Profissão Repórter mostra violência assustadora em Alagoas
Foto: Gazeta Web
Maceió

Maceió é a capital mais violenta do Brasil e a 5ª cidade mais violenta do mundo. Em um único fim de semana, foram registrados 30 assassinatos. O crime é tão comum, que adultos e crianças parecem acostumados com a violência.

No dia seguinte a uma tentativa de assassinato, um grupo de meninos usa os chinelos da vítima, que ficaram no chão, como traves de gol. Sobre o sangue que ficou na calçada, uma das crianças diz “todo final de semana alguém morre aqui, é comum já”.

Em uma noite, nossa equipe registrou vários homicídios. Em um deles, a vítima era dona de um bar que serve bebidas e marmitas. O freguês saiu sem pagar e o dono do estabelecimento reclamou. Pouco tempo depois ele voltou e matou o homem com várias facadas. “Infelizmente aqui no nosso estado, o crime está banalizado mesmo. Choca a gente, como cidadão, porque esses crimes não têm uma motivação. Ele tirou a vida do outro e foi para casa assistir televisão”, diz Rodrigo Sarmento, delegado.

São Paulo

Sandra Nunes Teixeira tinha 48 anos e levou dois tiros em um assalto, na porta de sua casa, na zona norte de São Paulo. “Ela foi ao banco pagar as contas e pegar um dinheiro. Pelo que deu para entender, devem ter seguido ela”, conta o sobrinho da vítima. Ela tinha sacado R$ 4 mil no banco para pagar uma obra que estava fazendo em casa. Onze dias depois da morte de Sandra, ninguém foi preso e a polícia não tem nenhum suspeito.

Em 2013, 385 pessoas foram assassinadas em assaltos. Este ano, até o fim de setembro, foram 294 latrocínios no estado de São Paulo. Desde 2004 o número não era tão alto. A Secretaria de Segurança Pública diz que, no ano passado, esclareceu metade dos casos de latrocínio e que este ano o índice aumentou. “Está acima de 60% o esclarecimento de latrocínio”, afirma Fernando Grella Vieira, secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo.

Manuel Vázquez morreu em março de 2013, durante um assalto, na zona leste de São Paulo. “Ele estava chegando da escola, porque era professor. Tinha sido o aniversário dele dois dias antes. Não tem nada na vida que tira essa dor”, conta Rosário Vázquez, mãe de Manuel. Um ano e nove meses depois, ainda não tem um delegado responsável pela investigação da morte de Manuel. O inquérito já passou por quatro delegacias e agora cabe à Justiça decidir quem tem a obrigação de investigar esse crime.

Rio de Janeiro

No subúrbio carioca, uma manifestação deixa cinco ônibus queimados. Moradores de uma comunidade próxima protestam contra a morte de um adolescente de 15 anos, assassinado por policias. Segundo os moradores, o garoto estava no meio do fogo cruzado quando foi atingido por quatro tiros.

O velório de Isaac ficou cheio de crianças, seus colegas de escola e vizinhos da comunidade. Do lado de fora do cemitério, a polícia acompanha a movimentação. “O Isaac foi reconhecido como um dos elementos que efetuou o roubo do veículo pela vítima”, diz o tenente Luiz Carlos Gomes. Familiares do adolescente dizem que ele era estudante, não tinha envolvimento com o crime e que queimaram os ônibus para chamar a atenção.

Em 2014, 481 pessoas foram mortas pela polícia do Rio de Janeiro. Assim como no caso de Isaac, seus nomes não entraram nas estatísticas dos homicídios. “Há muitos anos há uma estratégia de registrar a ocorrência como resistência seguida de morte ou auto de resistência. O que significa isso? Você culpabiliza a vítima, o policial, em legítima defesa, teve que atirar. Quando esse caso chegar no tribunal do júri, quando chega, muitas vezes esses policiais são absolvidos”, explica Sabrina Bueno, coordenadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O estado do Rio de Janeiro tem a polícia que mais mata e também a que mais morre. Somente este ano, 105 policiais militares foram mortos. Uma vítima a cada três dias. Em todo o Brasil, 490 PMs foram mortos em 2013, 99 deles no estado.
Salvador
A viúva do tenente Almir tem medo de mostrar o rosto. O marido foi morto dentro do carro, em agosto, e os assassinos continuam soltos. “É tratado como se fosse um caso comum, uma pessoa que dedicou 30 anos da sua vida a uma instituição militar, lutou contra o crime e foi vítima dele”, lamenta.

Agnaldo Pinto, presidente da Associação de Praças da PM/BA tenta explicar a violência contra os militares. “As informações que nós recebemos, até de companheiros que vivem por perto, é que são vítimas, principalmente, do tráfico de drogas”.

A polícia da Bahia também é alvo de protestos. Um grupo de mães se reuniu em Salvador, no mês passado, para denunciar o desaparecimento dos filhos depois de abordagens policiais. No ano passado, a polícia militar da Bahia matou 313 pessoas. É a terceira mais violenta do Brasil, depois de Rio de Janeiro e São Paulo. O número de homicídios também cresceu entre os policiais. Em 2013, foram 12 mortos. Este ano já são 27 PMs assassinados.

No ano passado, 50.806 pessoas foram vítimas de homicídio no Brasil. Somadas as mortes em assaltos, lesões corporais, casos de policiais assassinados e ações da polícia, o número real de brasileiros mortos é de 56.348.