Mais do que fórmulas e operações, matemática é arte, dizem pesquisadores
Nem só de aplicar fórmulas vive a matemática. O arranjo dos números exige criatividade. Mostrar aos estudantes do ensino fundamental e médio a “verdadeira beleza artística da matemática” é a saída para despertar o interesse dos jovens e melhorar o ensino da tão temida disciplina. Essa é a avaliação de estudantes do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa).
Para Victor Bitarães, 19 anos, mineiro de Contagem, um caminho é a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), que rendeu a ele uma menção honrosa, uma medalha de bronze e cinco de ouro, além de participação nos programas de Iniciação Científica (PICs), duas competições internacionais e a atual bolsa de mestrado, antes de entrar para a graduação.
“O ensino de matemática é bem ruim, não é uma opinião só de quem esteve dentro de sala de aula, isso é confirmado pelos testes internacionais que o nosso país também passa, nós estamos nas últimas posições. Eu não diria que a Obmep seria o milagre da educação brasileira para matemática, mas o Impa está implementando algumas medidas, tem a Obmep, tem os clubes de matemática, tem uma série de coisas aí.”
Victor considera a olimpíada um caminho para estimular o estudo e uma mudança de mentalidade. “Porque parece que é um negócio muito difícil, mas não é nada, a matemática é a coisa mais natural do mundo.”
Também no mestrado no Impa, ao mesmo tempo em que cursa a graduação em matemática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC), Maria Clara Mendes Silva, 20 anos, foi descoberta pela Obmep e pela Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) em Pirajuba (MG). Ela relata que já gostava da matemática do colégio quando se inscreveu na Obmep pela primeira vez, no sexto ano, e ganhou uma menção honrosa.
“O ensino deveria ser mais voltado para coisas que incentivem o raciocínio, no lugar de ficarem repetindo contas e fórmulas”, diz Maria Clara.
Depois da menção honrosa na primeira participação da Obmep, Maria Clara conquistou o ouro nas demais olimpíadas que participou. Além disso, ganhou um bronze, uma prata e três ouros na OBM. A estudante também já participou de duas olimpíadas internacionais, em 2011 e 2012, e diz que se apaixonou pela beleza da matemática. “Eu acho que os resultados são bonitos, é você saber o que uma coisa implica. Eu acho isso bonito, essa precisão, essa exatidão”.
Ela pretende seguir carreira como pesquisadora, mas ainda não definiu a área de preferência. Quanto ao ensino da disciplina no Brasil, Maria Clara tem várias críticas. Para ela, o que se aprende no colégio não é matemática.
“Eu acho que a matemática no colégio é muito mecânica, isso é péssimo, aquilo não é matemática de verdade. Eu acho que à medida que você mostra o que realmente é matemática, que é pensar, deduzir as coisas, fica mais interessante naturalmente. Mesmo que a pessoa não queira ser matemática, ela vai gostar mais se for uma coisa bem apresentada, nem que seja a título de curiosidade.”
Alan Anderson da Silva Pereira, 22 anos, já está no doutorado no Impa. Alagoano de União dos Palmares, Alan começou a participar da Obmep no ensino médio, com 15 anos. Depois de uma medalha de prata e duas de ouro, decidiu cursar matemática na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), mas trancou o curso para fazer o mestrado no Impa, já concluído. Ele conta que teve muito apoio e incentivo dos professores para seguir nos estudos.
“Quando lembro do meu professor do ensino fundamental, me sinto inspirado a continuar estudando”, conta.
Especialista na área de probabilidade combinatória, Alan diz que gostaria de trabalhar como professor e pesquisador da UFAL, “para retribuir tudo o que meu estado fez por mim, contribuir para o crescimento da universidade e melhorar as condições de Alagoas, que têm índices sociais tão ruins”.
Além do raciocínio analítico, Alan diz que foi atraído pela beleza artística na matemática. “Tem até estudo que fala que quando uma pessoa olha para um quadro ativa uma certa área do cérebro, e essa mesma área do cérebro é ativada quando um pesquisador resolve um problema ou vê um teorema que ele gosta, a matemática tem um lado artístico também”, garante.
“O que não torna a matemática tão popular é que geralmente só gosta dessa arte quem a faz, acho que é porque precisa ter um certo entendimento que não é direto, precisa de um esforço, mas quando você entende os parâmetros você acha bonito também”, completa Alan.
Para ele, o interesse pela matemática seria maior se os professores mostrassem aos estudantes de ensino fundamental e médio a verdadeira beleza da ciência. “Uma coisa que poderia melhorar a cultura da matemática é se existissem mais pessoas dispostas a apresentar a matemática de um jeito mais bonito.
Por exemplo, se os doutores fossem dar aulas ou palestras talvez isso motivaria muito, dar a visão do pesquisador. É mostrar de cima, de cima é bonito, porque você vendo só pelos lados talvez tenha algumas arestas soltas.”
Para Victor Bitarães, 19 anos, mineiro de Contagem, um caminho é a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), que rendeu a ele uma menção honrosa, uma medalha de bronze e cinco de ouro, além de participação nos programas de Iniciação Científica (PICs), duas competições internacionais e a atual bolsa de mestrado, antes de entrar para a graduação.
“O ensino de matemática é bem ruim, não é uma opinião só de quem esteve dentro de sala de aula, isso é confirmado pelos testes internacionais que o nosso país também passa, nós estamos nas últimas posições. Eu não diria que a Obmep seria o milagre da educação brasileira para matemática, mas o Impa está implementando algumas medidas, tem a Obmep, tem os clubes de matemática, tem uma série de coisas aí.”
Victor considera a olimpíada um caminho para estimular o estudo e uma mudança de mentalidade. “Porque parece que é um negócio muito difícil, mas não é nada, a matemática é a coisa mais natural do mundo.”
Também no mestrado no Impa, ao mesmo tempo em que cursa a graduação em matemática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC), Maria Clara Mendes Silva, 20 anos, foi descoberta pela Obmep e pela Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) em Pirajuba (MG). Ela relata que já gostava da matemática do colégio quando se inscreveu na Obmep pela primeira vez, no sexto ano, e ganhou uma menção honrosa.
“O ensino deveria ser mais voltado para coisas que incentivem o raciocínio, no lugar de ficarem repetindo contas e fórmulas”, diz Maria Clara.
Depois da menção honrosa na primeira participação da Obmep, Maria Clara conquistou o ouro nas demais olimpíadas que participou. Além disso, ganhou um bronze, uma prata e três ouros na OBM. A estudante também já participou de duas olimpíadas internacionais, em 2011 e 2012, e diz que se apaixonou pela beleza da matemática. “Eu acho que os resultados são bonitos, é você saber o que uma coisa implica. Eu acho isso bonito, essa precisão, essa exatidão”.
Ela pretende seguir carreira como pesquisadora, mas ainda não definiu a área de preferência. Quanto ao ensino da disciplina no Brasil, Maria Clara tem várias críticas. Para ela, o que se aprende no colégio não é matemática.
“Eu acho que a matemática no colégio é muito mecânica, isso é péssimo, aquilo não é matemática de verdade. Eu acho que à medida que você mostra o que realmente é matemática, que é pensar, deduzir as coisas, fica mais interessante naturalmente. Mesmo que a pessoa não queira ser matemática, ela vai gostar mais se for uma coisa bem apresentada, nem que seja a título de curiosidade.”
Alan Anderson da Silva Pereira, 22 anos, já está no doutorado no Impa. Alagoano de União dos Palmares, Alan começou a participar da Obmep no ensino médio, com 15 anos. Depois de uma medalha de prata e duas de ouro, decidiu cursar matemática na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), mas trancou o curso para fazer o mestrado no Impa, já concluído. Ele conta que teve muito apoio e incentivo dos professores para seguir nos estudos.
“Quando lembro do meu professor do ensino fundamental, me sinto inspirado a continuar estudando”, conta.
Especialista na área de probabilidade combinatória, Alan diz que gostaria de trabalhar como professor e pesquisador da UFAL, “para retribuir tudo o que meu estado fez por mim, contribuir para o crescimento da universidade e melhorar as condições de Alagoas, que têm índices sociais tão ruins”.
Além do raciocínio analítico, Alan diz que foi atraído pela beleza artística na matemática. “Tem até estudo que fala que quando uma pessoa olha para um quadro ativa uma certa área do cérebro, e essa mesma área do cérebro é ativada quando um pesquisador resolve um problema ou vê um teorema que ele gosta, a matemática tem um lado artístico também”, garante.
“O que não torna a matemática tão popular é que geralmente só gosta dessa arte quem a faz, acho que é porque precisa ter um certo entendimento que não é direto, precisa de um esforço, mas quando você entende os parâmetros você acha bonito também”, completa Alan.
Para ele, o interesse pela matemática seria maior se os professores mostrassem aos estudantes de ensino fundamental e médio a verdadeira beleza da ciência. “Uma coisa que poderia melhorar a cultura da matemática é se existissem mais pessoas dispostas a apresentar a matemática de um jeito mais bonito.
Por exemplo, se os doutores fossem dar aulas ou palestras talvez isso motivaria muito, dar a visão do pesquisador. É mostrar de cima, de cima é bonito, porque você vendo só pelos lados talvez tenha algumas arestas soltas.”
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