Escolas pouco incentivam conhecimento da cultura em Alagoas, conclui pesquisa da Ufal
O que é a cultura alagoana? A pergunta foi levada a uma escola pública da periferia de Maceió. Jovens de 15 a 29 anos se dispuseram a participar da pesquisa realizada pelo mestrado em Educação Brasileira da Universidade Federal de Alagoas. As respostas resultaram no trabalho de dissertação da aluna Emanuelle de Oliveira Souza, que diz não ter se surpreendido com as conclusões.
“Eu quis, na verdade, confirmar o que eu já observava no grupo cultural que faço parte”, afirmou a pesquisadora. Não foi surpresa para ela, mas o trabalho carrega um importante significado que interpreta o sentimento do alagoano sobre o próprio Estado. De acordo com a pesquisa, as respostas foram bastante subjetivas quando o questionamento era sobre a cultura alagoana.
“As principais respostas sobre a cultura foram relacionadas às praias, como se a beleza natural traduzisse o que o Estado tem de mais importante para mostrar a quem é de fora, por exemplo. A cultura popular, de fato, como artesanato, folclore ou as tradições, foi mencionada algumas vezes, mas os jovens admitiam que não conheciam o suficiente para falar sobre o assunto”, destacou Emanuelle.
O tema chamou atenção da pesquisadora depois da experiência de mostrar alguns ícones da cultura nordestina para os membros da quadrilha junina que ela dirige há 9 anos. “Estávamos montando uma apresentação sobre o artesanato do Nordeste e, na preparação, percebi que os jovens da quadrilha não conheciam quase nada do que era mostrado, como por exemplo, uma carranca ou a renda de bilros, mesmo estando envolvidos com um projeto cultural nordestino. Instintivamente, resolvi pesquisar se as escolas abordavam esse assunto, já que a maioria dos jovens do grupo estavam no ensino médio", explicou.
Emanuelle observou também, a partir das entrevistas com os alunos, que o contato que eles têm com a cultura de Alagoas se restringe aos festivais culturais, quando são promovidos pela escola, ou em poucas ocasiões, geralmente festivas. “Apesar do pouco conhecimento dos alunos sobre o tema, constatei que eles têm, sim, interesse em aprender, mas sentem falta de incentivos que não sejam iniciativas paralelas de alguns professores, que também têm dificuldades em realizar projetos interdisciplinares voltados a temas culturais, seja pela falta de espaço nos conteúdos do ensino médio, seja pela falta de adesão dos demais docentes”, concluiu a pesquisadora.
Sentimento de opressão
A pesquisa realizada por Emanuelle Souza foi mais além. Ela questionou a um grupo de alunos da mesma escola pública da periferia de Maceió sobre o que é ser um jovem alagoano. E foi justamente neste item que os históricos problemas do Estado se revelaram nas respostas dos participantes.
“Entre muitas respostas, as que mais foram citadas são relacionadas ao sentimento de inferioridade que eles cultivam. Os alunos disseram que ser alagoano é ser desrespeitado; é não ter oportunidades; é viver com a violência; é ser desprezado. É assim que eles se veem, pois estamos falando de jovens de camadas sociais menos favorecidas”, comentou a pesquisadora que faz parte do Grupo de Pesquisa Juventudes, Culturas e Formação do Centro de Educação da Ufal, o Cedu.
Em meio à complexidade das respostas, surgiram também argumentos sobre sexualidade e religiosidade, mas de acordo com as observações de Emanuelle Souza, foi a questão social que sobressaiu no discurso dos alunos. A pesquisadora acredita que a Escola é parte fundamental para a formação da cultura e da identidade dos jovens alagoanos.
“Eles não se enxergam nos conteúdos abordados na escola. Eles não conhecem suas próprias raízes culturais, as cidades históricas, as personalidades. Sabem que existem, mas acreditam que a escola deveria ajudar a apresentar o que faz parte da identidade que eles poderiam ter mais forte e, que até reflete na autoestima, porque eles não sabem localizar suas tradições diante da cultura globalizada em que vivemos atualmente. As culturas juvenis são mutantes e dinâmicas e elas também não têm espaço nas escolas, que é o principal ambiente de sociabilidade desses jovens. Precisa haver esse diálogo entre as raízes culturais e as diversas identidades possíveis que esses jovens apresentam hoje”, disse e, defendeu:
“A escola poderia contribuir na formação mais fundamentada da identidade desses jovens como alagoanos e como jovens, porque senão eles vão buscando com as próprias pernas, na televisão, na internet e consomem as culturas massificadas sem um critério. Acham que o que vem de fora é melhor, se colocam de forma inferior por não terem nutrido o amor e o orgulho pelo que é da terra deles. Quando eles recebem uma orientação vinda da escola dão maior legitimidade”, evidenciou Emanuelle, ressaltando que os questionamentos levantados na pesquisa ainda têm muito espaço para discussões e ações.
“Eu quis, na verdade, confirmar o que eu já observava no grupo cultural que faço parte”, afirmou a pesquisadora. Não foi surpresa para ela, mas o trabalho carrega um importante significado que interpreta o sentimento do alagoano sobre o próprio Estado. De acordo com a pesquisa, as respostas foram bastante subjetivas quando o questionamento era sobre a cultura alagoana.
“As principais respostas sobre a cultura foram relacionadas às praias, como se a beleza natural traduzisse o que o Estado tem de mais importante para mostrar a quem é de fora, por exemplo. A cultura popular, de fato, como artesanato, folclore ou as tradições, foi mencionada algumas vezes, mas os jovens admitiam que não conheciam o suficiente para falar sobre o assunto”, destacou Emanuelle.
O tema chamou atenção da pesquisadora depois da experiência de mostrar alguns ícones da cultura nordestina para os membros da quadrilha junina que ela dirige há 9 anos. “Estávamos montando uma apresentação sobre o artesanato do Nordeste e, na preparação, percebi que os jovens da quadrilha não conheciam quase nada do que era mostrado, como por exemplo, uma carranca ou a renda de bilros, mesmo estando envolvidos com um projeto cultural nordestino. Instintivamente, resolvi pesquisar se as escolas abordavam esse assunto, já que a maioria dos jovens do grupo estavam no ensino médio", explicou.
Emanuelle observou também, a partir das entrevistas com os alunos, que o contato que eles têm com a cultura de Alagoas se restringe aos festivais culturais, quando são promovidos pela escola, ou em poucas ocasiões, geralmente festivas. “Apesar do pouco conhecimento dos alunos sobre o tema, constatei que eles têm, sim, interesse em aprender, mas sentem falta de incentivos que não sejam iniciativas paralelas de alguns professores, que também têm dificuldades em realizar projetos interdisciplinares voltados a temas culturais, seja pela falta de espaço nos conteúdos do ensino médio, seja pela falta de adesão dos demais docentes”, concluiu a pesquisadora.
Sentimento de opressão
A pesquisa realizada por Emanuelle Souza foi mais além. Ela questionou a um grupo de alunos da mesma escola pública da periferia de Maceió sobre o que é ser um jovem alagoano. E foi justamente neste item que os históricos problemas do Estado se revelaram nas respostas dos participantes.
“Entre muitas respostas, as que mais foram citadas são relacionadas ao sentimento de inferioridade que eles cultivam. Os alunos disseram que ser alagoano é ser desrespeitado; é não ter oportunidades; é viver com a violência; é ser desprezado. É assim que eles se veem, pois estamos falando de jovens de camadas sociais menos favorecidas”, comentou a pesquisadora que faz parte do Grupo de Pesquisa Juventudes, Culturas e Formação do Centro de Educação da Ufal, o Cedu.
Em meio à complexidade das respostas, surgiram também argumentos sobre sexualidade e religiosidade, mas de acordo com as observações de Emanuelle Souza, foi a questão social que sobressaiu no discurso dos alunos. A pesquisadora acredita que a Escola é parte fundamental para a formação da cultura e da identidade dos jovens alagoanos.
“Eles não se enxergam nos conteúdos abordados na escola. Eles não conhecem suas próprias raízes culturais, as cidades históricas, as personalidades. Sabem que existem, mas acreditam que a escola deveria ajudar a apresentar o que faz parte da identidade que eles poderiam ter mais forte e, que até reflete na autoestima, porque eles não sabem localizar suas tradições diante da cultura globalizada em que vivemos atualmente. As culturas juvenis são mutantes e dinâmicas e elas também não têm espaço nas escolas, que é o principal ambiente de sociabilidade desses jovens. Precisa haver esse diálogo entre as raízes culturais e as diversas identidades possíveis que esses jovens apresentam hoje”, disse e, defendeu:
“A escola poderia contribuir na formação mais fundamentada da identidade desses jovens como alagoanos e como jovens, porque senão eles vão buscando com as próprias pernas, na televisão, na internet e consomem as culturas massificadas sem um critério. Acham que o que vem de fora é melhor, se colocam de forma inferior por não terem nutrido o amor e o orgulho pelo que é da terra deles. Quando eles recebem uma orientação vinda da escola dão maior legitimidade”, evidenciou Emanuelle, ressaltando que os questionamentos levantados na pesquisa ainda têm muito espaço para discussões e ações.
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