Está marcada para o próximo 10 de junho a assembleia de credores da Organização Arnon de Mello (OAM), controlado pelo ex-senador Fernando Collor de Mello. A reunião, autorizada pela Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas, tem como objetivo central a escolha do comitê de credores que irá fiscalizar a condução da recuperação judicial das empresas do grupo, em trâmite desde 2019.

A expectativa em torno da plenária é alta, principalmente por parte dos credores trabalhistas, que vêm exigindo maior transparência e independência na fiscalização. Eles alertam para o risco de que o novo comitê seja composto por nomes ligados à direção das empresas, o que comprometeria a lisura do processo.

A assembleia ocorre em um momento de fragilidade para o grupo, que depende em grande parte da retransmissão da programação da TV Globo, responsável por cerca de 70% da receita da OAM. Com rumores sobre o fim desse contrato, a preocupação com descumprimentos de acordos trabalhistas aumenta.

Além das incertezas financeiras, o processo de recuperação judicial é marcado por suspeitas de irregularidades. Uma das principais denúncias envolve a realização de empréstimos internos no valor de R$ 6 milhões para sócios da empresa, prática proibida durante a recuperação judicial. O caso está sendo investigado pelo Ministério Público e pela DRACCO (Divisão Especial de Investigação e Capturas), com base em possíveis crimes contra a Lei de Falências.

Outro foco de tensão é a permanência do administrador judicial José Luiz Lindoso, mesmo após recomendação do Ministério Público para seu afastamento por supostas falhas na condução do processo. Lindoso nega qualquer irregularidade, mas sua permanência é contestada por credores.