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Moção de apoio à anistia gera crise política e esvaziamento na Câmara de Maceió

Por Política em Pauta 09/04/2025 11h11
Por Política em Pauta 09/04/2025 11h11
Moção de apoio à anistia gera crise política e esvaziamento na Câmara de Maceió
Vereador Leonardo Dias - Foto: Divulgação

A sessão de terça-feira, 08, na Câmara de Vereadores de Maceió escancarou a crescente polarização política que domina os debates legislativos no município. O estopim foi a proposta de uma Moção de Aplausos ao projeto de anistia para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, apresentada pelo vereador Leonardo Dias (PL). A iniciativa, com forte conotação ideológica, tensionou o ambiente e provocou uma reação imediata de parlamentares da oposição, resultando no esvaziamento do plenário e na suspensão da votação por falta de quórum.

Com 25 dos 27 vereadores inicialmente presentes, a expectativa era de que a moção fosse deliberada com ampla participação. No entanto, diante da proposta — que reverbera o discurso bolsonarista em defesa da anistia a manifestantes já condenados pelo STF — a oposição se articulou para impedir a votação. Apenas 12 parlamentares permaneceram em plenário, número insuficiente para seguir com a pauta.

Durante a sessão, Leonardo Dias defendeu o projeto argumentando que há injustiças na aplicação das penas e comparou a situação dos condenados pelos atos golpistas com a de uma influenciadora digital acusada de atropelar crianças sob efeito de drogas. “Muitos estavam apenas exercendo seu direito de manifestação. Precisamos discutir a individualização das penas”, disse o vereador, alinhando-se ao discurso de setores da extrema-direita que buscam minimizar os ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília.

A fala inflamou o debate. O vereador Allan Pierre (MDB) rebateu de forma dura, afirmando que o tema não compete à Câmara Municipal de Maceió e acusando Leonardo de instrumentalizar a Casa para promover uma pauta de caráter nacional. A vereadora Olívia Tenório (PP) defendeu o cumprimento da legislação e condenou o que classificou como tentativa de relativizar crimes. Já Teca Nelma (PT) foi ainda mais enfática, denunciando nas redes sociais que a moção representa “um ataque à democracia e à institucionalidade”.

O presidente da Câmara, Chico Filho (PL), evitou intervir no confronto e se limitou a pautar a proposta. A condução neutra, contudo, não impediu que o clima político se deteriorasse, culminando no esvaziamento da sessão. A votação foi adiada, mas a divisão entre os parlamentares segue exposta — e com ecos que ultrapassam os limites da Casa Legislativa.