O prefeito eleito de Rio Largo, Carlos Gonçalves (PP) está se esforçando para desfazer algumas decisões do ex-prefeito, atual supersecretário de governo, Gilberto Gonçalves (PP). O ex-gestor, que criou a pasta a qual comanda no apagar das luzes de sua gestão em dezembro de 2024, tem tomado decisões que está deixando o gestor atual em saia justa com os vereadores.

Devido as decisões de GG, Carlos Gonçalves enfrentou, esta semana, sua primeira grande crise política. A crise teve início quando Gilberto Gonçalves tentou indicar os presidentes das comissões da Câmara Municipal, uma estratégia que lhe daria maior influência nas decisões do Legislativo. No entanto, sua tentativa foi barrada por oito dos treze vereadores que apoiam o prefeito Carlos Gonçalves.

Como resposta, GG determinou a exoneração de servidores indicados por esses parlamentares, provocando revolta entre os vereadores, que passaram a exigir sua demissão do cargo de supersecretário.

Diante da pressão política, o prefeito tomou partido dos vereadores e anulou as demissões determinadas por GG. Sentindo-se acuado, o ex-prefeito recuou, pediu desculpas à bancada governista e restaurou os cargos dos servidores exonerados.

Essa disputa reaqueceu uma antiga polêmica envolvendo Gilberto Gonçalves. Desde seu primeiro mandato, ele travou uma batalha contra os proprietários de terras rurais do município, especialmente a Usina Utinga Leão, na tentativa de transformar essas propriedades em áreas urbanas e, assim, tributar as terras via IPTU. Durante seu segundo mandato, ele chegou a enviar um projeto para a Câmara com esse objetivo, mas os vereadores rejeitaram a proposta. Na ocasião, GG acusou os parlamentares de receberem "propina" dos fazendeiros para barrar a medida.

Agora, como supersecretário, Gilberto Gonçalves tentou indicar o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para retomar a pressão pela aprovação do projeto. Entretanto, a articulação foi frustrada pela resistência dos vereadores e pela reação do próprio prefeito, que precisou intervir para manter o equilíbrio político.

Fontes ligadas aos fazendeiros afirmam que, por trás do argumento de aumento de arrecadação municipal, o verdadeiro interesse de GG seria criar dificuldades para os proprietários rurais e, posteriormente, adquirir suas terras por valores reduzidos.

Apesar da crise, o prefeito Carlos Gonçalves minimizou os atritos e reafirmou que Gilberto Gonçalves segue na equipe de governo.