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Ronaldo Medeiros entra em rota de colisão com Paulão e deixa bases do PT em Alagoas estremecidas

Por Política em Pauta com Cada Minuto 21/06/2024 09h09
Por Política em Pauta com Cada Minuto 21/06/2024 09h09
Ronaldo Medeiros entra em rota de colisão com Paulão e deixa bases do PT em Alagoas estremecidas
Ronaldo Medeiros e Paulão - Foto: Assessorias

O deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT) não ficou nada contente com a entrevista do deputado federal Paulão (PT) no CMCAST da última segunda-feira, 17. Paulão teria feito críticas públicas a Medeiros e relatado que há alguns anos Medeiros deixou o PT e tentou fundar um partido em Alagoas.

Após a divulgação da entrevista, Ronaldo Medeiros chamou Paulão de autoritário e que ele teria ânsia por poder.

“Quando ele fala que eu saí do PT, foi pelas mesmas razões que saíram Judson Cabral, Izac Jackson e vários outros, porque Paulão atua de forma autoritária, centralizadora... é assim que ele dirige o partido, sem ser dirigente aqui em Alagoas”, reclamou Medeiros.

Medeiros ainda reclamou de Paulão ter anunciado possível candidatura ao Senado Federal, afirmando que o partido e nem o grupo foram consultados pelo deputado federal.

“Sou o maior cabo eleitoral do Paulão e ele, de forma deselegante e autoritária, ataca a mim e a essa Casa, que ajudou muito na eleição dele”.

O fato também gira em torno da candidatura de candidato próprio do PT para a Prefeitura de Maceió e está deixando as bases do partido bastante estremecidas.

“O foco dele deveria ser a pré-candidatura de Ricardo Barbosa, mas ele prefere atropelar mais uma vez o partido, ao anunciar um possível rompimento com o governo Paulo Dantas. Em momento algum esse tema foi pauta de discussões no partido, nem o partido o autorizou a tratar disso em entrevista. É opinião pessoal do Paulão”, completou Medeiros.

Confira, na íntegra, a nota do deputado Ronaldo Medeiros:


Assisti à entrevista do companheiro Paulão ao portal Cada Minuto.

Primeiro porque o conheço há muitos anos, pois atuamos juntos no movimento sindical, na fundação da CUT em Alagoas, na fundação do PT em Palmeira dos Índios e por sempre ter votado e feito campanha em suas disputas para deputado federal.

Me estranha ser tratado como adversário do companheiro Paulão. Nossos adversários, são a extrema-direita, são aqueles que sugam as riquezas do povo para deixá-lo pobre, são aqueles que desejam um Brasil submisso perante potências estrangeiras, que entregam nossas riquezas ao grandes capitalistas internacionais, são aqueles que tentam nos transportar de volta à Idade Média com uma agenda pseudo moral no Congresso Nacional.

Quando saí do PT foi pelas mesmas razões que os companheiros Judson Cabral e o finado Izac Jacson: a forma autoritária e centralizadora como o companheiro Paulão dirige o partido em Alagoas.

Mesmo não sendo dirigente, é de seu gabinete que saem as decisões políticas adotadas pelo partido. Tudo bem que o parlamentar influencie os rumos do PT no estado, mas a tomada de decisão deve se dar nas instâncias coletivas.

A melhor prova do que afirmo é a antecipação de sua pré-candidatura ao Senado para 2026, sem ao menos consultar sua própria tendência interna. Toda e qualquer candidatura majoritária, essencialmente, requer construção coletiva e planejada para que toda uma engrenagem política passe a funcionar em torno dela.

O foco do companheiro deveria ser a pré-campanha de Ricardo Barbosa à Prefeitura de Maceió. Mas Paulão prefere atropelar mais uma vez o partido ao anunciar rompimento com o governador Paulo Dantas, caso o PT tenha que abrir mão da disputa em Maceió para manter seus espaços no governo. Em momento algum, esse tema foi pauta de discussão nas instâncias deliberativas do PT, tampouco o autorizou a tratar disso em entrevistas.

O clima que Paulão aparenta construir se assemelha ao açodamento de 2016, quando o companheiro rompeu com o governo Renan Filho pelas redes sociais. É evidente que em seguida o PT reafirmou a posição, e por unanimidade, para proteger Paulão, não lhe tirando autoridade política.

O PT voltou ao governo Renan Filho pouco tempo depois. Mas até quando o PT vai girar em torno de Paulão?

Quando eu saí do PT, eu nunca deixei de defendê-lo e as suas lideranças. Tanto que sempre continuei associado ao partido pelas pessoas e até por colegas parlamentares, defendendo e denunciando o golpe contra Dilma Rousseff em 2016 e atuando com entusiasmo na campanha de Fernando Haddad à Presidência da República em 2018. Depois, regressei ao partido que ajudei a fundar em Alagoas e luto para fortalecê-lo politicamente.

Na Assembleia Legislativa, fui líder do governo Renan Filho, para minha surpresa, a convite dele, Renan Filho. E me orgulho disso. O governo Renan Filho mudou paradigmas na saúde em Alagoas, com a construção de vários hospitais e UPAS; na segurança pública com os CISPS; na construção de estradas e duplicações; na educação, com construção de escolas e programas como o Escola 10.

Também exerci a função de vice-presidente da Assembleia Legislativa e que mal há nisso? Nenhum.

Agora, mal há na constante desconstrução partidária para se manter no centro do PT de forma artificial e protocolar, se impondo pela quantidade de cadeiras nas direções e não pelo convencimento, pela construção de consensos e unidade interna.

E sem ao menos consultar o conjunto de sua tendência, decidindo tudo de seu gabinete, cercado de duas ou três pessoas no máximo.

O resultado disso tem sido um partido com baixa representação, ocupando somente uma prefeitura entre as 102 de Alagoas e um número pequeno de vereadores no estado.

Em relação à retirada de meu nome para a disputa à Prefeitura de Maceió, isso ocorreu por razões de construção política, das necessidades que uma disputa majoritária requer, entre elas a de real unidade interna num partido como o Partido dos Trabalhadores.

É chato expor problemas internos do PT. Roupa suja devemos lavar em casa. Ainda mais nesse momento, pois precisamos focar na sustentabilidade do governo Lula, aqui em Alagoas e nacionalmente, e criar crises internas e externas não deveria ser pauta do companheiro Paulão.

Neste ano, temos as eleições municipais e precisamos eleger o maior número de prefeitos e vereadores possível.

Precisamos de um PT forte, atuante e mais influente na política em Alagoas.