Se for confirmada a hipótese de pane seca na aeronave que transportava o clube brasileiro e seus convidados, mais uma vez teremos uma demonstração de quão estúpido e irresponsáveis podemos ser, nós, seres humanos. A dor da trágica perda é potencializada ao extremo quando a causa é estúpida.

            Em meio ao mar de choro e de dor sempre surgem os abutres e urubus, desta vez não vou direcionar minha revolta aos que compartilham imagens e vídeos das vítimas, que estão a todo vapor promovendo um circo de horrores, revolta mesmo é a postura covarde e canalha do nosso legislativo federal. Há quem reclame que eles não respeitam o momento difícil que passa o país para deliberar sobre assuntos delicados, eu tenho certeza de que eles se aproveitam justamente da comoção que nos toma para nos enganar, rasteiros, ardilosos, covardes, desonestos.

            Em poucas sessões Senado e Câmara golpeiam o brasileiro, seja com a aprovação da PEC 241/55 que coloca nos ombros do pobre a responsabilidade de tirar o país da crise, ou com a aprovação e total deturpação do projeto das “10 medidas contra a corrupção”, que se tornaram apenas quatro. Parlamentares tem usado de suas funções e poderes para um jogo de vingança com a justiça e MP, tendo como principal objetivo salvarem a própria pele.

            É bem verdade que boa parte dos membros do Judiciário e MP recebem salários que ultrapassam o teto legal e verdadeiros auxílios-indecência, além de estarem em uma condição superior quando da aplicação de sanções legais. Riqueza e tratamento diferenciado caracterizam uma Casta Superior? A lei do abuso de autoridade precisa sim ser revista, assim como os benefícios exagerados, mas isso deve ser feito de forma aberta, com a participação de todos, e não como instrumento de ameaça por parte de quem não tem o mínimo de confiança e decência.

            Não posso deixar de lamentar a postura infantil e personalista dos procuradores da operação Lava Jato. Acusar, investigar e provar não é um favor que nos fazem, é obrigação deles! Ameaçar renúncia como forma de interferir no funcionamento do poder legislativo escancara o sentimento de superioridade e messianismo que tem tomado conta de muitos de nossos agentes públicos. Claro que a inércia e a indecência de nossos agentes políticos tem sido o terreno fértil para o surgimento dessas posturas, explica, porém não justifica!

            Mas há também uma lembrança boa, o exemplo de compaixão e solidariedade do povo colombiano. Em tempos de ânimos acirrados, indiferença e ódio, que a demonstração de carinho e amor desinteressados sejam fontes de inspiração para o povo brasileiro.