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Dunga não é Cristo

13/06/2016 16h04
13/06/2016 16h04
Dunga não é Cristo
                  O brasileiro não consegue superar suas crises sem cristo. Não, não estou falando de fé nem de religião. Estou falando de nossa incontrolável necessidade de escolher alguém para personificar toda a origem e causa de nossos problemas. Eleito o cristo, basta destruí-lo e resolvidos estarão todos os nossos problemas.

                Longe de concordar com o nome de Dunga à frente do escrete canarinho. Continuo achando que o mesmo não possui bagagem e respaldo para estar ocupando cargo de tamanha magnitude. Temos nomes mais capacitados no momento, tanto dentro como fora do Brasil. Mas até um dia desses o problema era o Felipão, veio Dunga e continuamos a penar. Vergonha após vergonha constato, nosso problema não é apenas treinador.

                O modelo de gestão e a partilha do poder no futebol brasileiro mais lembram um feudo, qualquer semelhança com nossa política é mera coincidência. Os recém criados comitê de modernização e comissão nacional de clubes ainda são pouco, após anos de inércia e de varrer lixo pra baixo do tapete. Entregar o poder pura e simplesmente nas mãos dos clubes não é solução, pois a simples troca de comando não acarretaria mudança profunda pois culturalmente estamos viciados, provavelmente os erros seriam repetidos por pessoas diferentes

                A crise de credibilidade também afeta os resultados dentro das quatro linhas. Ver o nome dos gestores ligados a situações nada confortáveis aumenta ainda mais o descrédito e o desprezo. Cada vez mais as pessoas veem o meio futebolístico como algo sujo e com o qual querem manter distância. Isso aproxima mais e mais jovens iludidos dos nada limpos clubes europeus, e deixam nossos estádios às moscas.

                Apesar de toda a defasagem tecnológica, financeira, moral e estrutural, nosso futebol sempre se sobressaiu por conta da matéria-prima, nossos jogadores sempre se destacaram pelo improviso, rapidez, inteligência e inovação. O futebol de rua, os campinhos de terra, as peladas ocupam cada vez menos espaço na formação de nossos atletas e isso sim tem acabado com o que tínhamos de melhor.

                A transformação das categorias de base em um balcão de negócios, graças ao desprezo dos clubes e ao assédio de empresários, transformaram nossa escola numa fábrica de astros e celebridades mas não de atletas e muito menos de profissionais. Aparecer e vender se torna mais importante que jogar bola. As constantes suspensões e as recentes declarações do grande astro Neymar mostram o grau de maturidade e compromisso com a camisa amarela.

O futebol deu lugar a coleções de brincos, tatuagens, cortes de cabelo, baladas chuteiras e roupas vistosas. Cada vez mais nossas celebridades destacam-se por qualquer motivo só não pelo futebol desenvolvido.

                Mas só se fala em Dunga né?