Motorista de ônibus de viagem dormiu e causou acidente que matou 4 pessoas na BR-040, conclui polícia

Por Redação com G1 16/10/2025 20h08
Por Redação com G1 16/10/2025 20h08
Motorista de ônibus de viagem dormiu e causou acidente que matou 4 pessoas na BR-040, conclui polícia
Ônibus do transporte público em Juiz de Fora foi atingido na traseira por outro de viagem - Foto: Polícia Civil/Divulgação

O motorista que dirigia um ônibus, que bateu na traseira de um coletivo do transporte público de Juiz de Fora, dormiu ao volante e causou o acidente que deixou 4 pessoas mortas e 40 feridas no km 779 da BR-040, segundo o inquérito da Polícia Civil.

O acidente aconteceu na tarde do dia 5 de setembro. Todas as pessoas que morreram, duas mulheres, uma adolescente e uma criança de 2 anos, estavam no ônibus juiz-forano.

Conforme o delegado Daniel Buchmüller, responsável pelas investigações, câmeras internas do veículo de viagem ajudaram a esclarecer a dinâmica do acidente. O motorista responderá por três crimes:

homicídio culposo na direção de veículo (majorado, ou seja, com pena aumentada, por ser motorista profissional)
lesão corporal culposa (majorada por ser motorista profissional)
lesão corporal qualificada

As investigações descartaram qualquer responsabilidade do motorista do ônibus do transporte público de Juiz de Fora, já que, segundo o delegado, ele parou no local correto.

A reportagem fez contato com a Viação, que disse que não vai se manifestar.

Câmeras internas flagraram motorista dormindo

Um vídeo repassado pelo delegado Daniel Buchmüller mostra o momento em que o veículo sai da faixa da esquerda, entra na direita, invade o acostamento e atinge o ônibus.

Outra imagem também usada no inquérito, mas não liberada à imprensa, mostra o homem cochilando ao volante. Nela, segundo Buchmüller, o condutor aparece bocejando e com olhos fechados segundos antes da batida.

"É nítido que ele luta contra o sono, e que o acidente ocorreu em um lapso em que o investigado dorme ao volante. A perícia e as oitivas comprovaram que o coletivo urbano estava devidamente estacionado e que o acidente decorreu de falha humana do condutor do ônibus interestadual”.

Em depoimento, o motorista disse que não se lembra de nada, apenas da colisão. Laudos indicam que não houve frenagem nem tentativa de desvio o que, segundo o delegado, comprova o cochilo.

Ainda conforme o inquérito, ele tem participação em 7 boletins envolvendo acidentes. Em dois, em 2010 e 2021, houve vítimas fatais. O mais recente aconteceu em Conselheiro Lafaiete, também na BR-040, e o laudo da PRF o apontou como causador da batida, que matou um motociclista.

A investigação também indicou que o motorista não estava em escala exaustiva de trabalho, pois fazia sua primeira viagem pós-férias. Ele foi afastado do trabalho, e a polícia representou pela suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para que ele não exerça a função.

“A reincidência em condutas imprudentes ao volante demonstra a necessidade de impedir que o investigado volte a dirigir enquanto responde judicialmente”, ressaltou o delegado.

Veículo de Juiz de Fora estava parado no ponto

O acidente aconteceu por volta das 14h30, quando o ônibus de Juiz de Fora parou em um ponto às margens da rodovia, próximo a uma concessionária. Neste momento, foi atingido por trás e tombou.

O coletivo municipal fazia a linha 743 e estava a caminho do distrito de Toledos. Já o ônibus da Viação Cometa ia de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro.

Ao todo, segundo a Polícia Rodoviária Federal, foram 40 vítimas, oito delas do ônibus da Cometa e outras 32 do veículo do Consórcio Via JF.

Morreram no acidente:

Sophia Gonçalves da Silva, de 2 anos, e Maria Eduardah Mariano Silva, de 21 anos, mãe da menina e grávida de outro filho

Nicoli Augusta Santos Silva, de 16 anos, e Miria Aparecida Nunes, de 47 anos. Nicoli e Miria tinham ligação com a paróquia da região e participavam frequentemente de missas e eventos religiosos

Conforme o delegado, as vítimas de lesões corporais que ainda não formalizaram representação criminal podem procurar a Polícia Civil, munidas de documentação, para assegurar os trâmites legais e buscar reparações na esfera cível.

O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público de Minas Gerais.