TCE suspende concurso público após aprovação de candidata suspeita de fraudar 14 provas

Por g1 08/10/2025 09h09
Por g1 08/10/2025 09h09
TCE suspende concurso público após aprovação de candidata suspeita de fraudar 14 provas
Sede do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE) - Foto: Reprodução/Google Street View

O Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) suspendeu o resultado de um concurso público divulgado nesta semana (veja vídeo acima). A seleção foi anulada após a Polícia Federal deflagrar uma operação para desarticular uma quadrilha suspeita de fraudar exames em Pernambuco, na Paraíba e em Alagoas.

Uma das candidatas aprovadas no concurso, uma advogada, de 31 anos, é um dos alvos do inquérito, que é conduzido pela PF da Paraíba. As investigações apontam que a recifense é suspeita de praticar 14 fraudes em certames. 

A suspensão do concurso foi anunciada nesta terça-feira (7), em nota divulgada pelo TCE e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), banca responsável pelo exame. De acordo com os órgãos, o cronograma do concurso permanecerá suspenso "até que todos os fatos sejam esclarecidos".

Com edital publicado em 30 de maio deste ano, o concurso contemplou dez cargos de nível superior. As provas foram aplicadas nos dias 31 de agosto e 7 de setembro. A lista dos aprovados foi divulgada no site da FGV na segunda-feira (6).

Conforme a lista de aprovados,  candidata passou em quinto lugar para o cargo de Auditora de Controle Externo em Tecnologia da Informação, com 67 pontos na prova objetiva.

De acordo com as investigações, a candidata era conhecida por ter um histórico de aprovações em concursos públicos há 11 anos. Segundo o documento, ela acumula 14 registros de suspeitas de fraudes, sendo três deles ligados a certames realizados em 2022, quando começou a ser investigada.

No mesmo ano, a candidata foi aprovada para o curso de medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Formada em direito, com inscrição ativa na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a suspeita foi aprovada num concurso público pela primeira vez em 2014, quando passou na prova da Autarquia Municipal de Trânsito de Ipojuca, no Grande Recife.

Desde então, ela acumulou aprovações em diversos órgãos, como Ministério Público de Pernambuco (MPPE), prefeitura do Recife, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE), prefeitura de Campina Grande (PB) e UFPE, onde foi nomeada servidora.

Além de dela, outro candidato pernembucano, natural do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana, é investigado pela operação da PF.

Segundo o inquérito, ele é suspeito de fraudar mais de 67 concursos públicos, incluindo o Concurso Nacional Unificado (CNU) do ano passado.

Ainda de acordo com as investigações, o esquema era realizado por uma organização criminosa, que contratava pessoas "com conhecimentos avançados" para resolver questões de provas e repassava os gabaritos aos seus clientes.

No texto em que anunciaram a suspensão do concurso, o TCE e a FGV informaram que, diante dos fatos revelados pelo inquérito da PF, começaram a tomar "as providências cabíveis junto às autoridades policiais e judiciárias para proteger a integridade do certame".

"O TCE-PE, como instituição de controle externo que tem o dever constitucional de zelar pela regularidade das admissões de pessoal da gestão pública, será intransigente na defesa da lei, da meritocracia e do interesse público, quaisquer que sejam as medidas jurídicas que o caso exija", afirmou a nota.