Uma operação policial realizada nesta terça-feira (23), em São Sebastião, no interior de Alagoas, resultou na apreensão de aproximadamente 900 tabletes de maconha, distribuídos em 30 caixas. O que mais chamou a atenção das autoridades, além da quantidade expressiva de droga, foi um detalhe curioso nas embalagens: cada tablete trazia uma etiqueta com a inscrição “Salmo 91”.

O texto bíblico, conhecido por destacar a proteção contra perigos, doenças e até a morte, foi usado como uma espécie de “marca” nos pacotes. Em um de seus trechos, o salmo diz: “Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas tu não serás atingido”.

Até o momento, não há registros de prisões ligadas à apreensão, considerada uma das maiores dos últimos meses no estado. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) deve apresentar mais detalhes em coletiva de imprensa ainda nesta terça-feira.

Fé e crime organizado

O episódio remete a outros casos no país em que facções criminosas utilizam símbolos e referências religiosas para marcar seus produtos ilícitos. Em 2022, uma reportagem da BBC Brasil revelou a apreensão, no Rio de Janeiro, de carregamentos de cocaína e maconha estampados com a Estrela de Davi, símbolo associado ao judaísmo.

Segundo a investigação, os entorpecentes pertenciam ao Terceiro Comando Puro (TCP), facção que domina áreas conhecidas como Complexo de Israel. Seus integrantes, que se autodenominam “soldados de Jesus”, afirmam atuar sob a identidade da “Tropa de Aarão”, em alusão ao irmão mais velho de Moisés.

Esse tipo de “embalagem religiosa” já foi identificado também em capitais do Nordeste, como Fortaleza e Salvador, e não está restrito apenas ao TCP, mas vem se espalhando como estratégia simbólica no mercado do tráfico.