Mulher de 101 anos consegue aposentadoria por idade após quatro décadas de luta

Em um século de vida, Celeste Lucas da Silva viu o mundo mudar, criou 15 filhos na roça e sustentou a família cultivando a terra, em Roraima. Mas somente aos 101 anos de vida, a centenária realizou um sonho antigo: conquistou a aposentadoria.
Ela tentava a aposentadoria desde 1985, quando tinha 62 anos, mas só em março de 2025, quase quatro décadas depois, a Justiça reconheceu que ela tinha direito ao benefício. Celeste começou a receber em abril.
Nascida em 15 de novembro de 1923, data registrada na certidão de casamento. Celeste cresceu em uma fazenda no município de Bonfim, no Norte de Roraima, ajudando os pais no campo. Agora (enfim) aposentada, ela celebra:
“Dou graças a Deus [pela aposentadoria]. Estou feliz, recebo minha aposentadoria e a pensão […] Eu faço minhas coisas, compro e assim estou vivendo, graças a Deus”, afirmou Celeste.
Vó Celeste, como também é chamada pela família e amigos, se casou aos 15 anos e ficou viúva aos 62, em 1985. Na época, o marido dela, Cirino Trajano, já estava aposentado. Com a morte dele, ela passou a receber uma pensão.
Após ficar viúva, ela tentou se aposentar, mas não conseguiu. Na época, a lei permitia o benefício apenas a um membro da família que atuasse na produção rural, geralmente o homem, como foi o caso do marido dela, segundo o advogado Rhichard Magalhães, de 33 anos, marido de uma das netas dela.
Anos depois, uma das filhas de Celeste, já falecida, tentou iniciar o processo de aposentadoria com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Bonfim. No entanto, por falta de documentos, o processo não avançou.
A aposentadoria foi solicitada novamente em dezembro de 2020, quando ela tinha 97 anos. Após quase cinco anos de processo, a Justiça reconheceu o direito ao benefício em março de 2025. Ela começou a receber em abril.
A luta pela aposentadoriaEm 2023, a Justiça reconheceu que Celeste tinha tempo suficiente de contribuição. Mas o pedido foi negado porque, na época em que completou os requisitos, ela não morava mais na área rural.
Em novembro de 2024, o advogado entrou com uma nova ação. Desta vez, a Justiça reconheceu o direito dela à aposentadoria. Ao g1, Rhichard Magalhães contou que foi preciso mudar a estratégia para garantir o benefício.
“O INSS não quis reconhecer o tempo que a Justiça já tinha reconhecido. Tivemos que ir de novo para o Judiciário em novembro do ano passado e aí, enfim, foi reconhecido agora em 2025 o direito dela, que conseguiu se aposentar com essa idade de 101 anos. Foi uma luta grande, mas ficamos com a sensação de dever cumprido por realizar o sonho dela”, explicou o advogado.
Atualmente, o INSS exige, para aposentadoria por idade rural, ao menos 15 anos de atividade no campo. A idade mínima é de 60 anos para homens e 55 para mulheres.
De acordo com a família, o valor da aposentadoria vai ajudar nas despesas com alimentação, consultas médicas, medicamentos e suplementos necessários para manter a qualidade de vida da vovó centenária.
Uma vida de trabalhoFoi na roça que Vó Celeste passou grande parte da vida. Cultivando banana, mandioca, macaxeira, melancia e mamão, na região da Serra da Lua, ela sustentou a família e criou os 15 filhos. Por trabalhar desde cedo, não teve oportunidade de estudar.
“Eu trabalhei de roça, criei esses filhos todos no interior, trabalhando todo dia, plantando banana. Meu marido fazia bananada, tirava carradas de carro de boi e trazia para vender aqui [na cidade], contou a centenária.
Em 1991, Celeste deixou a vida no campo e se mudou para a capital Boa Vista. Três anos depois, passou a viver com a filha mais nova, Elizabeth da Silva Figueiredo, de 64 anos, no bairro Araceli, onde mora até hoje
Ao g1, Elizabeth contou que cuidar da mãe exige paciência, atenção e muito carinho. Segundo ela, é preciso acompanhar os horários dos remédios, cuidar da alimentação e manter a rotina de exames e consultas em dia.
“Não é fácil, a gente tem que ter paciência […] ela não é mais aquela mulher que varria uma casa, passava um pano, fazia uma comida, lavava sua roupa. Hoje eu dou muito graças a Deus por eu ter ela ainda ao meu lado”, disse Elizabeth.
“Ela é uma força, uma mulher de muita fé. Todo dia de manhã eu falo uma frase que é muito difícil os filhos dizerem hoje em dia: Eu Te Amo. Todo dia de manhã e à noite eu falo isso para a minha mãe”, disse, emocionada.
A rotina de Vó Celeste é simples. Ela acorda e dorme cedo, se alimenta bem, consome frutas e costuma descansar sentada na varanda da casa.
Apesar da idade avançada, ela mantém hábitos que lembram a vida no campo e valorizam a convivência familiar: recebe visitas dos filhos e incontáveis netos, bisnetos e tataranetos, conversa com eles e participa de algumas tarefas simples da casa, como descascar feijões para o almoço.
Chegar aos 100 anos não foi algo planejado, mas Celeste e a filha acreditam que, além da “permissão de Deus”, o estilo de vida simples da centenária também ajudou a alcançar a marca. Faltando 57 dias para completar 102 anos, ela está animada para celebrar mais um ciclo, agora aposentada.
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