Pastor ameaça pessoas em situação de rua em MG: 'Dois tiros na cabeça'

Um pastor que atua com dependentes químicos disse em uma reunião da Câmara de Divinópolis (MG) que expulsava pessoas em situação de rua da cidade com ameaças de morte. O vídeo repercutiu nas redes e o caso está sendo denunciado ao Ministério Público.
O que aconteceu
A fala ocorreu durante uma reunião da Comissão de Justiça, que discutia o funcionamento de comunidades terapêuticas no município. Realizado no dia 4 e transmitido ao vivo pelo Legislativo, o encontro tinha como pauta instituições consideradas clandestinas e alvo de denúncias de intolerância religiosa, endividamento forçado e exploração de trabalho.
O pastor admitiu ameaçar pessoas em situação de rua. "Você é de Campo Grande? Você vai embora agora. Se atravessar aquela ponte, amanhã às 4 horas da tarde eu vou fazer seu sepultamento. É só eu dar a ligada aqui e você vai tomar dois tiros na cabeça."
Ele afirmou que passou três anos e meio atuando na Praça Candidés, onde teria retirado mais de 300 pessoas e "limpado" o espaço. Segundo ele, a ação no local, considerado o marco zero da cidade, era apoiada por um coronel da Polícia Militar e por dez homens. O pastor disse oferecer pão e café para "atrair amizade" antes de levar moradores para cidades vizinhas.
As declarações não foram contestadas pelos vereadores presentes. Durante a reunião, eles apenas fizeram intervenção para controlar o tempo da fala, sem se posicionar contra o conteúdo.
O religioso também se referiu de forma pejorativa a pessoas em situação de rua. Ele usou termos como "vagabundos" e "pilantras" e disse que não se via obrigado a oferecer comida sem uma "solução definitiva" do poder público. "Eu vou engordar vagabundo?", questionou.
Ele afirmou que sua atuação preenchia uma lacuna deixada pela polícia. Segundo ele, a corporação não poderia agir sem risco de punição, mas como cidadão ele teria liberdade para fazê-lo.
O UOL procurou o pastor em seu perfil pessoal no Instagram e pelo WhatsApp do projeto dele. Até a publicação da reportagem, ele não havia respondido. A PM de Minas Gerais também foi acionada por e-mail.
Contexto do debate
O religioso é líder do projeto, que se apresenta nas redes como comunidade terapêutica. A instituição afirma prestar serviços "de apoio à dependência química" e já atuou em acolhimento de pessoas em tratamento. Foi nessa condição que o pastor participou da reunião da Comissão de Justiça da Câmara.
A polêmica em torno das ações envolvendo pessoas em situação de rua inclui o prefeito da cidade. Em vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito Gleidson Azevedo (Novo) apareceu ao lado da secretária de Desenvolvimento Social, Juliana Coelho, e dos vereadores Matheus Dias (Avante) e Wellington Well (PP).
Na gravação, eles acusaram cidades vizinhas de enviarem pessoas em situação de rua para Divinópolis. O prefeito chegou a afirmar que não atenderia pessoas vindas de fora.
A secretária e os vereadores também participaram da reunião da Comissão de Justiça. Foi no mesmo encontro que o pastor fez as declarações que geraram repercussão.
Vereador repudia fala do pastor, mas defende gestão municipal.
Ao UOL, Wellington Well (PP) disse que interveio logo após as declarações e que o caso será encaminhado ao Ministério Público. "Repudio a fala dele, tanto que fiz uma fala na sequência justamente sobre essa situação, que não era aquilo que estávamos tratando. Tudo que a gente levantar será encaminhado ao Ministério Público", afirmou.
Ele também elogiou a rede municipal de acolhimento, dizendo que encontrou atendimento "de qualidade" e com respeito à dignidade humana.
Vereador considera críticas como pauta ideológica.
Em vídeo postado ontem (10) nas redes sociais, Wellington disse que pessoas em situação de rua "não podem virar pauta ideológica" e afirmou tratar o tema como uma "missão" pessoal, não uma disputa política. Ele reforçou que cada convidado responde por suas falas e defendeu a secretária Juliana Coelho, afirmando que a prefeitura mantém o trabalho de acolhimento.
O vereador Matheus Dias (Avante) foi procurado pelo UOL por meio de WhatsApp e Instagram. Até a publicação da reportagem ele não havia respondido. A secretária Juliana Coelho e a prefeitura de Divinópolis foram contatadas, por meio de WhatsApp e por e-mail, mas não responderam aos questionamentos.
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