Polícia Civil deflagra Operação Falso Consignado e cumpre 16 mandados contra grupo criminoso em Maceió

Por Redação, com Ascom Polícia Civil 19/08/2025 08h08
Por Redação, com Ascom Polícia Civil 19/08/2025 08h08
Polícia Civil deflagra Operação Falso Consignado e cumpre 16 mandados contra grupo criminoso em Maceió
Operação da Polícia Civil - Foto: Divulgação

A Polícia Civil, por meio da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), deflagrou a operação "Falso Consignado", destinada a desarticular uma organização criminosa especializada na falsificação de documentos de idosos e na contratação de empréstimos consignados não autorizados, esgotando toda a margem disponível das vítimas. Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de busca domiciliar, além de um mandado de prisão preventiva expedido contra o líder do grupo criminoso. 

As investigações foram realizadas Divisão Especial de Combate à Corrupção, sob gestão dos delegados Jose Carlos Andre dos Santos e Maria Eduarda de Carvalho Barro. O cumprimento das buscas ocorreu nos bairros Cidade Universitária, Santa Lúcia, São Jorge, Jacintinho e Feitosa, Maceio. 

O líder da organização foi formalmente cientificado da ordem de prisão no Presídio de Segurança Máxima, onde já se encontra detido por homicídio qualificado, passando agora também a responder pelos crimes de estelionato qualificado, lavagem de dinheiro e constituição de organização criminosa.

Do modus operandi

A organização criminosa falsificava documentos de beneficiários do INSS utilizando fotografias de outros idosos aliciados como laranjas. 

Com esses documentos falsos, eram criadas contas no sistema Gov.br em nome das vítimas, permitindo que os criminosos solicitassem empréstimos consignados de alto valor, sobretudo em bancos digitais. Uma vez aprovados, os valores eram imediatamente transferidos para contas de laranjas intermediários, que realizavam novas movimentações até chegar ao líder da organização ou a pessoas de sua confiança. 

Após o período de carência, os beneficiários lesados descobriam os empréstimos fraudulentos e registravam reclamações junto às instituições financeiras. Em apenas uma delas, o prejuízo ultrapassou meio milhão de reais; no total já identificado, os golpes superam a marca de um milhão de reais. Contudo, os investigadores estimam que o montante seja muito maior, uma vez que apenas cinco investigados movimentaram cerca de oito milhões de reais em créditos suspeitos em apenas um ano e oito meses, sem comprovação de origem lícita.

A divisão de tarefas da organização criminosa

A organização criminosa era minuciosamente comandada por seu líder, um homem de 56 anos, e estruturava-se em diferentes núcleos que atuavam de forma coordenada para assegurar as vantagens ilícitas. Havia um setor especializado na falsificação de documentos, outro responsável por recrutar laranjas e constituir empresas fictícias, além de pessoas próximas ao líder incumbidas de resguardar seu patrimônio. 

Embora se apresentasse publicamente como construtor de imóveis, sua principal atividade consistia em fraudar idosos e instituições bancárias. Outras pessoas ainda estão sob investigação por possível colaboração com o grupo, seja na destruição de provas, seja na ocultação de bens dos envolvidos.

Histórico de golpes contra idosos

Entre as 12 pessoas investigadas, cinco já possuem histórico de fraudes contra idosos ou contra o INSS. O líder da organização criminosa responde a processo na Justiça Federal e chegou a ser preso pela Polícia Federal por viabilizar aposentadorias em nome de pessoas inexistentes. A apuração revelou, contudo, que mesmo após a prisão, ele conseguiu reorganizar o grupo e preservar o patrimônio acumulado a partir de golpes anteriores.

Uma ORCRIM violenta

Embora o foco principal da organização criminosa fosse a prática de estelionatos qualificados, o grupo também mantinha um braço violento responsável por encomendar homicídios de pessoas que contrariavam seu líder. 

No curso das investigações, foram reunidos elementos que indicam a execução de uma mulher na cidade de Marechal Deodoro, em maio de 2024, em razão de um desentendimento entre a vítima — utilizada como laranja pelo grupo — e o chefe da ORCRIM. Também foram colhidas provas de que o líder planejava a morte de sua ex-esposa. 

Diante disso, foi requerido o compartilhamento das evidências com a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, para apuração da participação dos investigados em crimes contra a vida.