Investigação detalha fuga de major que matou filho de 10 anos e cunhado, durante sequestro e cárcere da família em Maceió

Por Redação 08/06/2025 14h02
Por Redação 08/06/2025 14h02
Investigação detalha fuga de major que matou filho de 10 anos e cunhado, durante sequestro e cárcere da família em Maceió
Major sequestrou, manteve família em cárcere e cometeu homicídios em Maceió - Foto: Cortesia/GazetaWeb

A Polícia Civil está investigando o caso que terminou em tragédia no último sábado, 07, quando o major da Polícia Militar, Pedro Silva, fez cinco pessoas da própria família reféns, matou o filho de 10 anos e o cunhado — ambos brutalmente assassinados — e acabou morto durante intervenção do Bope, no bairro do Prado, em Maceió.

O oficial, que estava detido desde janeiro por violência doméstica, foi autorizado a receber os filhos para uma visita na Academia da Polícia Militar, mas aproveitou a ocasião para fugir pela porta lateral do prédio. A fuga, que ainda está sendo apurada pelas autoridades, resultou em uma série de eventos violentos que chocaram o estado e resultou em três mortes, entre elas a do próprio major.

Entenda como ocorreu o caso:

Segundo o genro do major, que falou sob anonimato à imprensa, após fugir da academia da PM, Pedro Silva interceptou o carro de um amigo que havia levado as crianças até a Academia. O homem foi esfaqueado na mão ao tentar impedir a ação e forçado a levar o major até a casa da ex-esposa, no bairro do Prado.

Com os filhos no carro, Pedro seguiu até o local e deu início ao sequestro. Dentro da residência, ele manteve cinco pessoas como reféns: a ex-esposa, os dois filhos (de 2 e 10 anos), a irmã e o irmão dela, o sargento da PM Altamir Galvão, que viria a ser uma das vítimas fatais da ação.

Durante o cárcere, o major enviou vídeos diretamente para sua filha mais velha, de 32 anos, que está em resguardo após o parto de um bebê de um mês. Nos vídeos, Pedro aparece com os filhos dentro da casa e demonstrava forte instabilidade emocional.

A filha mais velha foi a única pessoa com quem ele aceitou negociar durante o sequestro. O celular dela foi entregue à polícia, que vai analisar os vídeos como parte da investigação. A atuação dela foi crucial para as negociações conduzidas pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que buscava evitar uma tragédia ainda maior.

Apesar dos esforços, o major assassinou o filho de 10 anos, identificado como Pierre Victor Pereira da Silva, e o cunhado, o sargento Altamir Galvão, antes da entrada das equipes táticas. O Bope então interveio para salvar os demais reféns, matando Pedro Silva durante a operação.

O secretário executivo de Segurança Pública, Patrick Maia, classificou a cena como "uma carnificina", com elementos de violência extrema, incluindo mutilações e sinais de surto psicótico.

“É um local extremamente horrível de ver. Temos elementos de criança amputada, corte de cabelo… Um cenário brutal, onde um elemento em surto psicótico, de forma totalmente destemperada, tomou a própria família como refém”, relatou.

Repercussão em Palmeira dos Índios e luto na escola

Pierre Victor era estudante em Palmeira dos Índios, cidade onde morava com a mãe. A escola onde estudava, o Complexo Educacional Agostiniano (CEA), divulgou uma nota de pesar emocionada, destacando o sorriso, a curiosidade e a alegria que o menino transmitia no ambiente escolar.

“É com os corações em luto que a família CEA se despede do nosso amado aluno [...] Sua ausência deixará uma saudade imensa em nossos corredores e salas de aula.”

Polícia apura falhas na custódia da PM

A Polícia Civil e a Corregedoria da PM investigam como um oficial detido por violência doméstica conseguiu escapar da custódia e executar um plano tão violento. O celular da filha de 32 anos, com os vídeos enviados durante o sequestro, pode ser peça-chave na reconstrução dos fatos e na identificação de falhas operacionais.

Três pessoas foram resgatadas com vida: a ex-esposa, a cunhada e o filho mais novo, de apenas 2 anos. Elas estão recebendo apoio psicológico e seguem sob acompanhamento da rede de proteção social.

Liberação dos corpos:

O Instituto Médico Legal (IML) já iniciou a liberação dos corpos. O corpo do sargento Altamir Galvão foi liberado por volta das 12h. Já os corpos do major Pedro Silva e do filho dele, Pierre Victor, devem ser liberados ainda na tarde de hoje.