HGE alerta para os riscos causados por queimaduras e recomenda atenção também dentro de casa

Por Redação com Agência Alagoas 05/06/2025 19h07
Por Redação com Agência Alagoas 05/06/2025 19h07
HGE alerta para os riscos causados por queimaduras e recomenda atenção também dentro de casa
Criança de 9 anos recebe o atendimento especializado no Centro de Tratamento de Queimados do HGE - Foto: Thallysson Alves / Ascom HGE

O Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, realizou 460 atendimentos relacionados a queimaduras em 2024 e, este ano, de janeiro a maio, já foram realizadas 170 assistências. Todos os casos recebem o atendimento inicial na Área Vermelha e, em seguida, são encaminhados para o serviço necessário para a estabilização do quadro clínico. A maioria precisa de internação no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), único em Alagoas especializado no tratamento de média e alta complexidade.

O CTQ possui 16 leitos, sendo cinco infantis, quatro destinados a mulheres, seis a homens e um para precaução de contato. Ainda contém uma sala de balneoterapia, uma de curativo, uma para procedimentos cirúrgicos, um posto de enfermagem, uma farmácia satélite e um ambulatório. O setor é fechado, funciona 24 horas por dia, exige medidas de precaução para proteger os pacientes do risco de infecções e conta com uma equipe multidisciplinar especializada.

“Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, farmacêuticos, técnicos de enfermagem, além da área administrativa, se revezam para manter os nossos pacientes bem assistidos. Cada caso é analisado para o uso da melhor cobertura, curativo e medicação que ajudem no conforto e na recuperação do paciente”, explicou a coordenadora do CTQ, a cirurgiã plástica Anna Lima.

Entre os alagoanos contemplados com o serviço está uma menina de nove anos que sofreu queimaduras de segundo grau entre a barriga e as coxas. A sua tia, Dayanny dos Santos, de 33 anos, relatou que o acidente aconteceu durante a distração da menor com o celular. Era um dia de muita chuva e existiam goteiras pela casa. A avó avisou a neta para ter cuidado, mas, desatenta, a criança tropeçou no pano de chão e atingiu o fogão que estava com duas panelas com água fervendo.

“As panelas viraram em cima dela e ela saiu correndo pela casa dizendo que estava pegando fogo. A avó a colocou embaixo do chuveiro e depois levou para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento] Chã da Jaqueira. Lá foi medicada e em pouco tempo trazida para o HGE. Quando chegou por aqui, ela foi rapidamente atendida e transferida para o CTQ. Aqui ela faz os curativos, é medicada, toma banho e recebe o tratamento de excelência”, disse a tia.

As lesões se estenderam por 16,5% de área do corpo. A previsão é que a alta hospitalar aconteça em breve. Até lá, a equipe multidisciplinar continua realizando abordagens que visam agilizar o processo de cicatrização, além de fortalecer o sentimento de confiança e de tranquilidade durante o processo. A médica comenta que a melhor atitude no primeiro socorro foi levar a menor para o banho em água corrente. Isso já contribuiu para o resfriamento da pele e evitou o agravamento da queimadura.

“Jamais devem ser usadas a pasta de dente, a manteiga, o pó de café, teia de aranha ou qualquer outra alternativa caseira. Também é importante que não seja aplicada qualquer medicação antes da avaliação do médico. O melhor mesmo é expor a pele a água corrente não aquecida por alguns minutos e, logo em seguida, procurar o atendimento de urgência e emergência mais próximo, podendo acionar o Samu se houver necessidade”, orientou a médica.

Conselho

Faz parte da tradição das festas juninas o cozimento de alimentos típicos, a construção de fogueiras e o uso de fogos de artifício. Porém, todas essas práticas podem terminar em tragédia caso o manuseio não ocorra com segurança por adultos esclarecidos sobre como prevenir os acidentes.

“É preciso redobrar os cuidados e a atenção principalmente com as crianças. Há muitas coisas que parecem ser inocentes, como, por exemplo, aquelas estrelinhas, pular fogueira; acender uma churrasqueira no local onde as crianças estão correndo, ou cozinhar o quentão, a canjica, sem impedir a circulação das crianças na cozinha. Isso tudo oferece muito risco! E contra isso, a prevenção é a melhor alternativa para garantir que a festa se torne uma lembrança feliz”, pontuou a especialista do HGE.

Paciente

Iasmin Silva Costa, de 36 anos, é a mãe da paciente que está em atendimento no CTQ após sofrer extensa queimadura. Ela comentou que a sua filha gosta muito das festas juninas e solta alguns tipos de fogos de artifício sob a sua supervisão. Com o acidente, ela interpreta que a sua visão sobre o assunto mudou e apela para que outras mães não percam de vista os seus filhos.

“As crianças nos cegam. Mas, conversando, retirando também o uso celular nas festas, contribuímos para que a criança tenha mais atenção aos riscos do local onde está. Foi o celular que fez a minha filha não perceber o pano de chão, tropeçar e derrubar as panelas que estavam no fogão. Se ela tivesse prestado atenção, não teria acontecido nada disso. Então, um conselho que dou é ter mais paciência, dialogar esclarecendo os riscos, porque às vezes a gente acha que dentro de casa está protegido, mas é dentro de casa que acontecem mais os acidentes”, declarou Iasmin.