Indígenas incluem etnia em registros civis no Agreste de Alagoas

Os cinco filhos de Idiane Cruz e Ismael Florêncio já possuem nomes indígenas, escolhidos de acordo com os rituais e a cultura de seu povo. A etnia Kariri-Xokó, no entanto, ainda não constava nas certidões de nascimento de todos os membros da família. Sem recursos para custear a atualização desses documentos, o casal encontrou na campanha Registre-se!, em Feira Grande, a oportunidade de tornar esse sonho possível.
A ação ocorre no Ginásio Poliesportivo Jair Carvalho de Lira, das 8h às 17h, com a garantia de atendimento gratuito, sem necessidade de agendamento. Idiane pretende mudar o sobrenome Cruz para Crudzá, que tem o mesmo significado na língua Dzubukuá do tronco Macrogê, da qual é professora voluntária na comunidade onde reside. Ismael, por sua vez, vai se chamar Kawrã.
"Eu enxergo como uma ação importante, porque tem pessoas que precisam muito tirar documento, de mudar, e, principalmente, de dar oportunidade de colocar o nosso nome indígena e o nome de nossa aldeia, porque é o sonho de todos os indígenas”, disse Idiane.
"Nós ganhamos nossos nomes indígenas dentro do nosso ritual sagrado, que é nosso primeiro batizado. Então hoje nós temos a necessidade e é obrigatório nós termos o nome no registro no cartório, e antigamente não era aceito o nome indígena. E hoje, graças a Deus, já é aceito e por isso a minha vontade e meu sonho é de mudar o meu nome de Ismael para Kawrã, da aldeia Kariri-Xokó”, ressaltou Ismael.
Um dos filhos do casal, Bawany Florêncio da Silva, de 15 anos, veio garantir a identidade para se inscrever em um clube de futebol em Alagoas e também conseguiu atualizar o registro civil de nascimento.
Para a juíza Laila Kerckhoff, auxiliar da Corregedoria Geral da Justiça de Alagoas (CGJAL), garantir o registro civil é o primeiro passo para assegurar direitos fundamentais e transformar vidas em Alagoas.
“A campanha Registre-se! tem se consolidado como um importante ponto de acolhimento para quem mais precisa. Ao desburocratizar procedimentos e oferecer registros civis de forma rápida, gratuita e sem necessidade de agendamento, ela promove o acesso à cidadania”, ressaltou.
Karapotó Plaki-ôO indígena Rauni Nunes de Oliveira Souza, da comunidade Karapotó Plaki-ô, trabalha como vigilante e não estava tendo tempo para emitir a Carteira de Identidade Nacional com agendamento no Instituto de Identificação. Para ele, a campanha foi uma oportunidade de regularizar o documento que já estava danificado.
“Vim tirar a segunda via da minha identidade e a primeira carteira de identidade do meu filho Rauney Santos Souza. Era uma necessidade minha, porque a empresa onde trabalho solicitou e eu não teria condições de pagar por esses registros agora”.
Funai e Prefeitura de Feira GrandeRomeu Tavares de Lima Neto, indigenista da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), destacou a importância da desburocratização da inclusão do nome étnico nos registros dos indígenas. “É uma superação de mais de dois séculos e meio, que o estado brasileiro faz esse reconhecimento, e fomenta os povos indígenas a incluir o seu nome étnico”, comentou.
O representante da Funai também falou sobre a relevância da Certidão de Exercício de Atividade Rural - Indígena (CEAR)."Esse documento instrui o processo para o acesso aos indígenas que estão na condição de segurados especiais, que emitem essa certidão que é encaminhada no processo de solicitação da Previdência", concluiu.
Para o prefeito do município de Feira Grande, Dário Roberto, a campanha Registre-se! tem uma função social significativa, porque garante cidadania, direitos fundamentais constituídos.
“Essas ações são importantes por terem um lado humanitário, o lado do cidadão, que precisa cada vez mais do apoio do poder público em todas as áreas. Há comunidades carentes aqui, em situação de vulnerabilidade social e, além disso, também temos os indígenas Tingüi-Botó que serão contemplados nessa campanha”, ressaltou.
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