STJD abre inquérito para investigar Bruno Henrique, do Flamengo

Por Redação com GE 07/05/2025 20h08
Por Redação com GE 07/05/2025 20h08
STJD abre inquérito para investigar Bruno Henrique, do Flamengo
Bruno Henrique, atacante do Flamengo - Foto: Reprodução

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) anunciou nesta quarta-feira que abriu inquérito para investigar Bruno Henrique, do Flamengo, após o atacante ter sido indiciado pela Polícia Federal no mês passado. O jogador é suspeito de forçar um cartão amarelo em jogo contra o Santos, no Campeonato Brasileiro de 2023 e beneficiar apostadores, incluindo familiares, na época.

O presidente do tribunal esportivo, Luís Otávio Veríssimo Teixeira, recebeu as provas da investigação da Polícia Federal na última segunda-feira e nomeou o auditor Maxwell Borges de Moura Vieira para fazer um relatório no prazo de 15 dias, prorrogáveis por mais 15. Como não houve pedido de suspensão preventiva, Bruno Henrique pode continuar jogando pelo Flamengo no período.

O Flamengo se ampara na presunção de inocência para não afastar Bruno Henrique e aguardar o desfecho do processo. Desde o indiciamento por parte da Polícia Federal, o atacante já disputou seis partidas, três como titular e três saindo do banco, mas não fez gols ou deu assistências.

Veja o despacho do STJD:

“Informo que, em resposta às solicitações de compartilhamento formuladas pelo Presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva e pelo Procurador Geral da Justiça Desportiva, a cópia integral do Inquérito Policial nº 2024.0082027-CGRC/DICOR/PF (PJe nº 0741636-90.2024.8.07.0001) foi oficialmente encaminhada a este Tribunal pelo Coordenador de Repressão à Corrupção da Polícia Federal, Delegado Daniel Mostardeiro Cola, nos termos de autorização judicial expressa para 'compartilhamento dos dados da presente investigação com o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, pois pertinente com as atividades desenvolvidas pelo referido órgão'.

Considerando o conteúdo compartilhado em 5 de maio de 2025 e com fulcro nas atribuições conferidas pelo art. 81 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), determino de ofício a instauração de inquérito para apurar possível infração disciplinar cometida pelo atleta Bruno Henrique Pinto, do Clube de Regatas do Flamengo (CRF), relacionada a suspeita de manipulação de resultados.

Nos termos do art. 82 do CBJD, o Auditor Processante, Dr. Maxwell Borges de Moura Vieira, disporá do prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período, para conduzir a apuração e para apresentar relatório conclusivo.

Abra-se vista à Procuradoria do STJD para acompanhar o presente feito”.

Justiça negou sigilo no processo

No início do mês, a Justiça do Distrito Federal negou um pedido de parentes do atacante Bruno Henrique para decretar sigilo na investigação. Além disso, o juiz Fernando Brandini Barbagalo autorizou a Polícia Federal a compartilhar as provas colhidas até agora com o STJD.

A Justiça do DF ainda rejeitou um pedido do atacante Bruno Henrique para que reconsiderasse uma decisão anterior, em que havia autorizado o compartilhamento das mesmas provas com a CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, instalada no Senado.

Entenda o caso

Bruno Henrique e mais nove pessoas foram indiciadas no mês passado por supostamente apostarem num cartão amarelo que o atacante do Flamengo receberia contra o Santos com o conhecimento de que ele forçaria a advertência durante a partida.

Além do atleta, foram indiciados Wander Nunes Pinto Júnior, irmão do jogador, Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander, e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima do atacante. Os três fizeram apostas.

Há, também, um segundo núcleo de apostadores formado por Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Rafaela Cristina Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Max Evangelista Amorim e Douglas Ribeiro Pina Barcelos – são amigos de Wander, segundo as investigações.

Bruno Henrique e seu irmão, Wander, foram indiciados no artigo 200 da Lei Geral do Esporte – fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado –, com pena de dois a seis anos de reclusão, e estelionato, que prevê pena de um a cinco anos de prisão. Os demais foram indiciados por estelionato.

Os investigados foram alvo de uma operação de busca e apreensão realizada em novembro do ano passado. Policiais federais estiveram em endereços ligados a Bruno Henrique, inclusive no CT do Flamengo. O atleta estava em casa e teve o telefone celular apreendido.

Nos celulares obtidos na operação, a PF encontrou mensagens de Bruno Henrique com outros investigados. Em uma delas, o irmão do jogador, Wander, pergunta quando ele tomaria o terceiro cartão amarelo, e o atacante rubro-negro responde: "Contra o Santos".

As investigações tiveram início em agosto do ano passado após operadores de apostas no Brasil relatarem movimentações suspeitas relacionadas ao cartão amarelo que Bruno Henrique tomou no jogo contra o Santos, pela 31ª rodada do Brasileirão de 2023, disputado em Brasília.

Três casas de apostas soaram alertas. Uma delas apontou que 98% de todas as apostas de cartões daquela partida foram direcionadas para Bruno Henrique. Em outra, o percentual chegou a 95%.

O atacante, que naquele campeonato havia sido advertido com cinco cartões amarelos em 22 jogos até então, entrou em campo pendurado contra o Santos. Naquela partida, Bruno Henrique foi amarelado nos acréscimos do segundo tempo após fazer uma falta em Soteldo quando o Flamengo já perdia por 2 a 1. Depois, reclamou e foi expulso pelo árbitro Rafael Klein.

O relatório da Polícia Federal deverá ser analisado agora pelo Ministério Público do Distrito Federal, que decidirá pelo oferecimento de denúncia ou não.