Brasileiros pagos para escanear a íris enfrentam dificuldades com aplicativo do projeto: 'Perdi a conta e o dinheiro'

Por G1 13/02/2025 16h04
Por G1 13/02/2025 16h04
Brasileiros pagos para escanear a íris enfrentam dificuldades com aplicativo do projeto: 'Perdi a conta e o dinheiro'
Escaneamento da Iris - Foto: Reprodução

Brasileiros que escanearam a íris em troca de dinheiro relatam dificuldades para obter suporte da World após o registro. A iniciativa coleta a íris humana para usá-la como uma "impressão digital" mais avançada e, nos últimos meses, tem se expandido pela periferia da cidade de São Paulo.

Na última terça-feira (11), a World decidiu interromper novos registros no Brasil após a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) negar um recurso de efeito suspensivo e proibir definitivamente a empresa de remunerar pessoas pela coleta dessa biometria.

A ANPD, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, afirma que os participantes frequentemente ignoram "os riscos envolvidos e a própria finalidade da coleta".

O órgão do governo também ordenou que a World apresentasse um encarregado pelo tratamento de dados pessoais no Brasil, conforme exigido pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

As queixas dos usuários se concentram no aplicativo World App, que é o passo inicial para participar do projeto e também onde a remuneração pela participação fica armazenada. Ele é o meio oficial de atendimento, mas foram ouvidas muitas reclamações sobre o funcionamento do app.

"Tentei entrar em contato pelo chat do app várias vezes e o problema não foi resolvido. Então, decidi vir aqui na loja. Aí me disseram que talvez eu tenha sido banida por alguma atividade suspeita. Mas que atividade? Não sei, e não deixei ninguém mexer no celular. Perdi a conta e o dinheiro", diz Vivian Caramaschi, de 48 anos.



A maioria dos problemas está relacionada ao dinheiro oferecido. O projeto libera 20 criptomoedas "Worldcoin" 24 horas após o escaneamento da íris, e as outras 28 moedas são distribuídas mensalmente ao longo de um ano.



O usuário pode vender as moedas e receber o valor em reais. Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, quando mais de 400 mil pessoas tiveram a íris escaneada, incluindo os entrevistados desta reportagem, o valor total disponibilizado poderia chegar a R$ 600 ou mais, pela cotação da "Worldcoin" no período.

O número de participantes parou de ser divulgado no site da empresa em meados de janeiro, antes da ordem da ANPD para cessar os pagamentos.



Comparando com o real, o valor da moeda caiu bastante desde o fim de janeiro, coincidindo com a determinação do órgão do governo sobre a remuneração e um menor movimento nos postos de verificação da íris.